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sexta-feira, 22 de abril de 2011
22 de abril de 2011 | N° 16678
PAULO SANT’ANA
Inflação desgraçada
Leio que a inflação, que destrói o poder do salário, provocou a terceira alta dos juros nos últimos 90 dias.
Interessante a inflação, as pessoas sofrem intensamente seus efeitos, mas não ligam para ela, com se ela não existisse, a exemplo dos jovens, que sabem que a morte existe, mas não têm medo dela.
Todos sabem, por exemplo, dos efeitos nefastos da alta do preço dos combustíveis sobre os preços em geral, mas não se viu em nenhum parlamento brasileiro qualquer protesto pela alta em 20% dos combustíveis esses dias.
Todos sabem que os medicamentos estão custando preços insuportáveis – e que esses preços vão aumentar com a alta dos combustíveis, mas ninguém reclamou, ninguém protestou, ninguém fez passeata porque aumentou o preço da gasolina e do óleo diesel.
O governo se mostra preocupado com a alta da inflação, tanto que aumenta os juros, o que ainda mais agrava a situação do povo.
Mas, estivesse mesmo preocupado com a inflação e quisesse evitá-la, o governo não teria aumentado o preço dos combustíveis, teria cacife suficiente para não fazê-lo, sabendo-se que já somos autossuficientes em petróleo.
Mas o governo conhece o povo que tem. Numa canetada, decretou que se pagaria um quinto a mais pelos combustíveis e obteve um silêncio geral resignado da população. Em nenhuma parte, alguém protestou.
A gente lê os jornais todos os dias e não se levanta em nenhum deles alguma voz contra o aumento da gasolina.
Então, o governo aumenta, o povo não reclama. Está acostumado a apanhar como jumento dócil.
E os salários, com exceção daqueles que percebem os príncipes da República, que são reajustados pontualmente todos os anos, vão diminuindo assustadoramente o seu poder de compra.
Ninguém reclama do preço da carne por exemplo, que nos últimos meses subiu a níveis proibitivos. Um bife custava o que custava uma salsicha, hoje vale o que custa um naco de bacalhau.
Num país como este, em que há mais gado do que gente, é revoltante o preço que se cobra do povo pela carne.
Mas ninguém reclama, está tudo bem, seria o mesmo que os jovens e os saudáveis reclamassem da morte, para eles é só uma abstração.
E sobem os preços dos legumes, dos cereais, das bebidas, dos pães, dos impostos, do vestuário, do aluguel, mas ninguém reclama.
Eu chego exageradamente a pensar que todo povo merece os preços que paga.
E que os governos conhecem os povos que têm e fixam o preço que bem entendem para os povos ignaros e insensíveis.
A inflação está nos esfolando.
E, para torná-la ainda mais severa e desumana, o governo aplica selvagemente alta de 20% nos combustíveis.
Eta, naçãozinha infeliz!
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