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sexta-feira, 8 de abril de 2011
Jaime Cimenti
Bastidores de grandes jornais e caminhos do crime
O Espantalho tem sido apontado como o melhor trabalho do consagrado escritor norte-americano Michael Connely nos últimos 13 anos. Connelly decidiu ser escritor ao se apaixonar pelas obras de Raymond Chandler quando foi universitário. Autor de O Poeta, Connelly já lançou no Brasil, pela Coleção Suma Policial, Echo Park; O Mirante e O Veredicto de Chumbo.
O Espantalho foi apontado pelo The New York Times como um dos melhores títulos de ficção policial em 2010.
O protagonista do romance, o jornalista Jack McEvoy, tem muito a ver com a própria trajetória de Connelly, que foi repórter policial por mais de dez anos e utilizou sua grande experiência em coberturas de crimes para criar seus famosos personagens e best-sellers.
O personagem McEvoy já figurou em outras obras do autor e sua volta deu-se quando Connelly assistiu à última temporada do seriado The Wire, no qual a trama secundária explora o que acontece nos bastidores de grandes jornais atualmente.
McEvoy é aconselhado a se demitir do jornal onde trabalha. Mas ele quer sair em grande estilo, depois de treinar sua substituta Ângela Cook, recém-formada, e de apresentar uma reportagem bombástica. A história do jovem traficante Alonzo Winslow, de 16 anos, preso por estupro e assassinato de uma ex-cliente, parece ser a oportunidade perfeita.
O jornalista quer mostrar como o descaso da sociedade com os jovens pode causar criminalidade e, ao mesmo tempo, quer comprovar, junto com a mãe do adolescente criminoso, que ele não é o autor do assassinato e sim o temível matador Espantalho, vilão conhecido por sua crueldade e pela absoluta falta de limites.
Espantalho sabe que o repórter está em seu encalço e Jack McEvoy pode muito bem se tornar sua próxima vítima.
A partir do caso de Alonzo Winslow, Connelly estuda os vários e tortuosos caminhos que conduzem ao crime e produz, sem exagero, um super thriller, mostrando que está em sua melhor forma, como disse a crítica especializada. Realmente, Connelly lida como poucos com o mundo do crime e dos tribunais.
Criador de personagens como o célebre detetive Harry Bosch, do advogado porta de cadeia Mickey Haller e de Terry McCaleb, ex-agente do FBI, neste romance enfocou bem os meandros do mercado jornalístico. Suma de Letras, 384 páginas, tradução de Cássio de Arantes Leite, R$ 44,90, www.objetiva.com.br.
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