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quinta-feira, 21 de abril de 2011
21 de abril de 2011 | N° 16677
CLAUDIA TAJES
Sexo mortal
Na semana passada, em São José do Rio Preto, uma esposa decidiu assassinar o marido de forma bem pouco convencional. Que fique claro: assassinar o marido, seja de que jeito for, é uma ideia que não deveria passar por cabeça alguma, embora, volta e meia, a crônica policial nos mostre o contrário. A mulher de São José do Rio Preto provavelmente elaborou o plano mortal noite após noite, enquanto o marido dormia ao seu lado.
Então, em busca do crime perfeito, jamais imaginado em qualquer livro ou filme, ela agiu: passou veneno nas próprias partes íntimas e convidou o marido para uma sessão de sexo oral.
Para tudo. É bem verdade que, a cada dia, somos surpreendidos por todo tipo de fatos tristes, inacreditáveis, estranhos, bizarros. Chacinas, mortes de crianças, abusos, crack, o atropelador de ciclistas em liberdade e se fazendo de coitado na televisão. Parei de ler as notícias da editoria de Polícia há vários anos, agora fico sabendo apenas daquelas que acabam nas páginas da Geral, Brasil ou Mundo. É a tática do avestruz, fugir escondendo a cabeça. Às vezes, só assim.
Já da esposa de São José do Rio Preto, dessa não há como fugir. O que terá aprontado o marido para receber a sentença de morte? Foi pego em flagrante de traição? Batia na mulher? Ou será que apenas fazia coisas típicas de marido que, com o passar do tempo, se tornam irritantes (embolar o tapetinho do banheiro, espalhar copos pela casa, deixar os sapatos na sala)? Mais dúvidas.
Se o desejo da mulher era matar o companheiro, existia clima para sexo entre o casal? Ou eles estavam brigados e o sexo, na teoria, serviria para reconciliá-los? Talvez concentrado no trabalho e no futebol, o marido não percebeu que a casa estava caindo?
Deu tudo errado, como era de se esperar. Animado, o marido aceitou o convite, mas sentiu um cheiro estranho e saiu da cama direto para o 4º Distrito Policial de São José do Rio Preto, para registrar queixa por tentativa de homicídio. Matreiro, o delegado já disse que só aceitará a denúncia após investigar cuidadosamente os fatos. Outras questões: em circunstâncias assim, como se investigam cuidadosamente os fatos? O velho princípio do lavou, tá novo vai atrapalhar as diligências?
Os melhores escritores repetem que a ficção não pode ser inverossímil, mas a vida pode. E como é. Agora é acompanhar o desenrolar da história para ver se o caso vai terminar em jurisprudência ou em uma simples consulta ao médico de senhoras.
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