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quinta-feira, 14 de abril de 2011
14 de abril de 2011 | N° 16670
PAULO SANT’ANA
Demos passagem às motos
Fui submetido a uma cirurgia, na segunda-feira, que me extraiu um gânglio e 12 nódulos na cabeça.
Graças a Deus, esse gânglio, ao contrário do outro que extraí há 20 dias, era benigno.
Agora é tratar, talvez com radioterapia.
Estou pronto para voltar ao trabalho normalmente nos próximos dias.
Pra frente, guerreiro!
O leitor Jossiano Leal (jossiano@gmail.com) tem razão: nós antipatizamos muito com as motos no trânsito.
Vou, então, tentar melhorar a imagem das motos perante os gaúchos.
As motos são muito renegadas por nós, mas elas surgiram de repente no trânsito para solucionar dificuldades para seus ocupantes, como estacionamento, falta de transporte coletivo, preço dos combustíveis etc.
Uma moto consome, em média, um terço a um quarto do combustível de um automóvel. Ocupa cerca de um quinto a um sexto do espaço, e leva a quantidade de passageiros média de um carro: entre um e dois.
Países da Ásia são conhecidos pelo uso massificado de motos, jeito de driblar a falta de espaço e o excesso de gente daquelas terras. Na Europa, é cada vez mais comum o uso de motos também, em especial de scooters, que, por terem câmbio automático, espaço embaixo do banco e ainda deixarem as pernas livres, são muito utilizadas até por executivos e mulheres em geral.
E por que aqui não se cogita o uso das motos como meio de ajuda para o trânsito cada vez mais pesado?
Há até um preconceito contra os motociclistas. As pessoas os olham com cara estranha, muitos deles querem ser amigos no trânsito, mas são considerados marginais.
Será que inconscientemente, nós, os motoristas, não temos inveja da mobilidade das motos, por termos medo de dirigir uma delas?
Essa massa de motoristas que suponho possa ter inveja das motos, entre os quais me incluo, sabe que se estivéssemos no comando de uma moto não poderíamos cometer os erros que cometemos no trânsito. Nosso risco de vida, então, aumentaria em quíntuplo.
A moto ensina quem a pilota a ter cautela. Afinal, não há muita coisa protegendo-o, além do capacete e da roupa. Os motociclistas são, eles próprios, seus para-choques e o chão o seu airbag.
E daí entra outro adjetivo para quem não gosta de moto: preguiçoso. Tem-se preguiça de ser mais cauteloso no trânsito, de respeitar os outros, ser mais coletivo e menos individual, mesmo em um veículo quase que individual. É cômodo estar em um carro, com o ar ligado, falando no celular, retocando a maquiagem, tirando meleca do nariz, olhando pro GPS, curtindo um som...
É uma questão de cultura incorporarmos a moto a nosso convívio no trânsito com simpatia.
Tenho notado nos últimos tempos em Porto Alegre muita audácia debochada e agressiva de motociclistas em nosso trânsito.
Mas os motoristas de carros têm tido pior comportamento, saindo doentiamente de suas faixas e fazendo manobras arriscadas para passar à frente dos outros.
Vou criticar sempre os maus motoristas e os maus motociclistas.
Mas desisto de ter preconceito com as motos.
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