Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
01 de julho de 2010 | N° 16383
L. F. VERISSIMO
História corrigida
A cidade de Durban está tentando apagar todos os vestígios do passado do mapa, literalmente. Nomes de ruas e praças que antes homenageavam reis e generais ingleses ou personalidades coloniais hoje homenageiam heróis locais.
O Victoria Embankment tem o nome de um rei negro, o próprio aeroporto da cidade se chama King Shaka, em honra do rei zulu que derrotou os ingleses e seus canhões com lanças curtas e uma estratégia de ataque que até hoje é estudada nas escolas de guerra, e a Marine Parade, o calçadão à beira-mar em que antigamente passeavam os senhores brancos, como em tantas outras “promenades des anglais” do mundo, hoje se chama Tambo.
As placas de rua mantêm o nome antigo riscado com o novo nome em baixo, para orientar as pessoas e para não haver dúvida de que a história da cidade está sendo corrigida.
Por isso eu pensei que Port Elizabeth, onde estou escrevendo isto e onde amanhã jogam Brasil e Holanda, ainda se chamava Elizabeth porque a ideia da revisão histórica ainda não tinha chegado por aqui, pois o nome seria obviamente uma homenagem à rainha inglesa. Não é. Foi dado por um dos colonizadores ingleses da região em memória da sua mulher, a quem ele também dedicou um monumento em forma de pirâmide.
O mesmo guia de onde tirei isto diz que na cidade há uma estátua equestre sem cavaleiro, que homenageia os mais de 300 mil cavalos trazidos pelos ingleses para a guerra contra os bôers e que morreram no confronto. Em Port Elizabeth também está a mais antiga cancha de críquete da África do Sul, e a passarela à beira-mar dos ingleses se chama “The Boardwalk”, como se aqui fosse uma Brighton meridional.
Os holandeses estão fazendo treinos fechados para o jogo de amanhã. Dizem que estão treinando pênaltis. Aquele jogo de Marselha em 1998 traumatizou muita gente. Os holandeses querem corrigir aquela história.
Lembro do Carlos Heitor Cony abandonando seu lugar na tribuna da imprensa para não ver decisão nos pênaltis. Eu fiquei firme. Suando frio, mas firme.
E um lembrete final para o Julio César. Segundo as estatísticas daquele inglês que eu citei aqui no outro dia, goleiros vestidos de verde defendem mais pênaltis. Verde, Julio César!
Passado o primeiro semestre damos início ao segundo. Que seja produtivo e profícuo para todos nós.
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