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segunda-feira, 5 de julho de 2010
05 de julho de 2010 | N° 16387
PAULO SANT’ANA
Felipão e Dunga
O Globo diz que o sonho de Ricardo Teixeira é ter Luiz Felipe como treinador da Copa de 2014 no Brasil.
Ricardo Teixeira quer vencer essa Copa porque isso lhe abrirá as portas para ser presidente da Fifa.
Luiz Felipe está acertado verbalmente com o Palmeiras. Verbalmente? Mas por que não acertou com contrato assinado? Não será porque há a possibilidade de vir a treinar a Seleção?
Enquanto isso, Dunga chegou a Porto Alegre dizendo que na volta de Ricardo Teixeira da África, que se dará depois da finalíssima, ele definirá com o presidente da CBF o seu futuro na Seleção.
Futuro na Seleção? Será porque há a chance de Dunga continuar no comando da Seleção? Dunga dá a entender que gostaria de continuar.
Mais quatro anos de maus bofes e cárcere privado?
Ontem, no entanto, a CBF dispensou toda a comissão técnica da Seleção.
Ponhamo-nos no lugar de Ricardo Teixeira, ficando só com estes dois nomes, Dunga e Luiz Felipe, sem cogitar os outros: Leonardo, Mano Menezes, Luxemburgo etc.
Copa do Mundo no Brasil, Ricardo Teixeira iria escolher Dunga, derrotado e turrão com a imprensa, com os olhos do mundo voltado para o Brasil?
Ou disputaria a Copa do Mundo com o Luiz Felipe vitorioso, sem atritos com a imprensa e sem arrogância?
Evidentemente que Luiz Felipe teria a preferência de Ricardo Teixeira.
Mas seria um Luiz Felipe para quatro anos inteiros ou para mais tarde, depois de treinar o Palmeiras?
Essas são as interrogações para esta questão, a escolha do novo treinador brasileiro, assunto que dominará o noticiário nos próximos dias.
E não se entende por que, em questão tão importante, um só homem escolhe o treinador da Seleção.
Tinha de haver um plebiscito.
Interessante, depois da derrota acachapante da Agentina para a Alemanha, começaram a surgir opiniões de que a Holanda não foi assim tão melhor que o Brasil ao desclassificar-nos.
Diz-se que a Holanda nos venceu em duas bolas paradas e não teve maior brilhantismo no restante do jogo.
Mas se a Holanda não foi brilhante, mais ainda se agrava a condição brasileira: perdemos para uma seleção não brilhante? Então é porque o nosso time era mesmo despreparado.
Interessante como se decidem as coisas no futebol: foi só um detalhe, só por aquela bola erguida na área brasileira em que se atrapalharam o goleiro Julio César e o Felipe Melo.
Não tivesse acontecido aquele lance e com quase toda certeza o Brasil estaria jogando contra o Uruguai na próxima terça-feira.
O futebol é um esporte de resultado muitas vezes imponderável: em um só lance, pode-se decidir tudo, embora ele não reflita o que acontece em toda a partida.
Essa imponderabilidade do futebol é que anima os mais fracos contra os mais fortes.
Ouvi um raciocínio de um jogador paraguaio antes do jogo contra a Espanha: “Nós perderíamos nove de 10 jogos contra a Espanha e venceríamos apenas um. Pode ser que hoje seja esse jogo e vençamos”.
Não foi assim, a Espanha, que venceria nove entre 10 jogos contra o Paraguai, viu que aquele jogo era um dos nove.
Mas sempre há no futebol a esperança do time menor. No basquete, no vôlei, no tênis, em todos os esportes, não é assim, o time menor não tem nenhuma chance.
É um consolo para nós na derrota contra a Holanda.
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