quarta-feira, 7 de julho de 2010



07 de julho de 2010 | N° 16389
L. F. VERISSIMO


Três ou quatro minutos

Durante três ou quatro minutos na noite de ontem (tarde no Brasil), o Uruguai esteve à beira de um feito histórico para ser cantado por gerações. Empatar o jogo e ganhar na prorrogação ou nos pênaltis, quando tudo parecia perdido, de repente se tornou um delírio viável.

Não aconteceu. Mas foram três ou quatro minutos para gravar na alma dos orientales.

O jogo parecia que ia repetir Holanda e Brasil, só que ao contrário. Vinte minutos de domínio da Holanda iguais aos do Brasil naquele jogo, depois reação do Uruguai e jogo equilibrado. Mas a semelhança terminou com o fim do primeiro tempo.

No segundo só deu Holanda – salvo nos três ou quatro minutos em que a possibilidade de um milagre rondou o estádio. Mais uma vez, Robben, Sneijder e Van Persie foram irresistíveis.

Hoje se decide quem vai enfrentar os de laranja na final, a terceira na vida deles. Deve ser um jogaço. Qualquer seleção que se fizer da Copa terá que incluir uma maioria dos jogadores que estarão em campo ou no banco esta noite (tarde no Brasil). Da Alemanha, Friedrich, Khedira, Özil, Schweinsteiger, Müller e Podolski; da Espanha, Piqué, Sergio Ramos, Iniesta, Xavi e David Villa. Lembrando aqueles tempos em que era fácil formar uma Seleção Brasileira, pelo menos no papel: era só fazer um combinado Botafogo-Santos.

Com alguns retoques (o Enyeama, da Nigéria, no gol, Lúcio, Forlán, além de, claro, Robben, Sneijder e Van Persie), o combinado Alemanha-Espanha representaria o que melhor se viu de futebol nesta Copa. Na qual, para mim, Schweinsteiger foi o grande nome.

A Alemanha, esquecidas a derrota para a Sérvia e a dificuldade para ganhar de Gana (faz tanto tempo...), goleou a Inglaterra e a Argentina jogando atrás. Nos seus contra-ataques, dava-se o milagre da multiplicação dos atacantes, um fenômeno até agora não bem explicado, mas que certamente tinha a ver com os poderes paranormais do Schweinsteiger.

A Espanha joga como o Barcelona, e nos dois casos quem determina o estilo é o Xavi. Tramas rápidas, posse obsessiva da bola, estocadas que, mesmo quando não são mortais (a Espanha fez poucos gols até agora), mantêm o touro acuado. Se a Espanha fosse uma organização criminosa, Xavi seria o capo, Iniesta, o que escolheria as vítimas, e Villa, o executor.

Logo mais, portanto, um jogaço. E no domingo, outro, seja qual for o resultado de hoje.

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