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sábado, 10 de julho de 2010
10 de julho de 2010 | N° 16392
NILSON SOUZA
Onde está a manteiga?
Dia desses, deparei com um curioso texto sobre as diferenças entre os cérebros masculino e feminino.
Um artigo intitulado “Por que os homens não passam roupa” explica que as diferenças comportamentais entre homens e mulheres devem-se menos ao condicionamento social, como a psicologia defendeu durante muito tempo, e muito mais a distinções biológicas identificadas por modernas pesquisas científicas e pelo mapeamento computadorizado do cérebro humano.
A tese inclui um histórico da formação de áreas diferenciadas na chamada massa cinzenta: o homem pré-histórico saía da caverna para buscar o alimento da família, por isso especializou-se em enxergar longe, em concentrar-se na caça (até para não ser caçado) e em encontrar o caminho de volta.
Já a mulher desenvolveu habilidades para proteger a casa, para fazer várias coisas ao mesmo tempo e para se comunicar bem com as outras mulheres da tribo. Daí, por exemplo e simplificadamente, a razão pela qual os homens são melhores para se localizar no trânsito e as mulheres são muito melhores no uso das palavras, especialmente da linguagem oral.
Antes que me joguem pedras, esclareço que a tese não é minha e que, logicamente, admite todas as exceções possíveis. Tem homem que passa roupa, sim. Tem mulher que pilota avião e chega ao seu destino sem dificuldades. A pesquisa, obviamente, se refere às características predominantes nos dois gêneros.
Mas o que mais me impressionou na matéria é a parte que explica por que os homens não encontram as coisas dentro de casa. Essa me bateu forte: abro a porta da geladeira e não acho o pote de manteiga.
Peço ajuda para minha mulher, ela vem e pega o pote na minha frente. Diz a pesquisa que nossos ancestrais masculinos desenvolveram a visão de longa distância para localizar e identificar a caça, mas aprenderam a concentrar-se unicamente nela. Já as damas das cavernas apuraram a visão periférica e hoje suas descendentes são capazes de enxergar uma multiplicidade de coisas ao mesmo tempo, além de distingui-las com muito mais facilidade e exatidão do que os olhares masculinos.
Claro que sempre vai haver dúvidas de um e outro lado. Se um homem tentar explicar para a mulher que não pode ajudá-la em casa porque seu cérebro não está programado para as repetitivas tarefas domésticas, corre o risco de levar o ferro de passar na moleira. Também será inútil para uma mulher justificar que se perdeu no trânsito porque o cérebro paleolítico de suas ancestrais só aprendeu a conhecer o interior da caverna.
Mas, embora sejamos de Marte e elas de Vênus, com diálogo e tolerância a gente se entende aqui na Terra.
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