Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 6 de julho de 2010
06 de julho de 2010 | N° 16388
LUÍS AUGUSTO FISCHER
Escrever e fazer sucesso
O que leva um livro ao sucesso? Quem escreve muitas vezes se coloca a pergunta. Não existe resposta única para ela, naturalmente. Há manuais para best-sellers nos mercados maduros, dotados de leitores às centenas de milhares. Mas também é certo que certas características ajudam a fazer de determinado livro um estouro de vendas. Olhando a coisa de um ângulo crítico, dá pra enumerar algumas:
(1) Filosoficamente, ir ao encontro do gosto já estabelecido, repetindo um padrão conhecido de linguagem, repisando um campo temático já frequentado, praticando a mesma estrutura – o interesse é a adesão do leitor, não a problematização do mundo. Dar mais do mesmo.
(2) Na linguagem e nas demais dimensões estéticas, tratar o leitor com a cortesia reservada a um cliente, dando a ele não menos, mas também não mais do que ele espera, portanto sem querer que ele pense muito ou precise sair de seus hábitos mentais confortáveis – o que se quer é a venda, não a reflexão.
(3) Dar conselhos, resolver dúvidas, desmanchar conflitos, quer dizer, escrever autoajuda; em caso de livro de ficção, deixar os conflitos entre os personagens estacionados apenas no plano afetivo, amoroso, sem passar para os terrenos pantanosos da ideologia, da filosofia, da sutileza psicológica, da vida social.
(4) Na ponta oposta a isso, sempre vale lembrar que enredos apelativos têm atrativo junto ao leitor trivial: algum sangue, certo suspense, amores contrariados à toa, cartas reveladoras, heranças súbitas, reviravoltas para mostrar a maestria do escritor, peripécias que deem a impressão de ação, alguns aspectos de erudição de almanaque ou de google etc., como se faz desde o velho Romantismo de mercado e mesmo antes, nas novelas picarescas (para não falar na narrativa de pura diversão, como muitas das histórias contadas por Sherazade).
(5) Entrar numa onda de mercado nítido, volumoso, capaz de provocar efeito de arrastão na venda de produtos associados: fazer biografia fajutada de personagem de série televisiva de sucesso, ou suposto manual de conduta referido à mesma série; escrever um sub-Harry Potter quando o original está em alta; mergulhar no mundo das celebridades etc.
Dois exemplos de livros sobre o tema, a sério: um livro famoso no mercado norte-americano se chama The First Five Pages – A Writer’s Guide to Staying Out of the Rejection Pile (As primeiras cinco páginas – Um guia para não cair na pilha dos originais rejeitados), de Noah Lukeman (ed. Simon & Schuster). Na Argentina se publicou uma série Cómo se Escribe, por exemplo El diario íntimo, pelo ótimo escritor Alan Pauls (ed. El Ateneo).
Mas também tem brincadeira sobre o assunto, como o engraçadíssimo Apuntes Definitivos sobre Literatura, assinado por um coletivo chamado No quiero ser tu beto (Santiago Arcos Editor), livro que inclui até mesmo uma Credencial do Bom Escritor, a ser usada assim que o candidato aplicar os conselhos apatifados contidos no livro.
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