sexta-feira, 11 de dezembro de 2009


ELIANE CANTANHÊDE

Dia de cão

BRASÍLIA - Ontem foi um dia de cão em Brasília, começando pela economia, passando pela política, resvalando no Judiciário e atingindo até o bom senso na área mais falada no mundo neste momento: o meio ambiente.

Não bastasse o resultado do PIB do 3º trimestre, menor que os 2% previstos pelo governo, o que já é um tranco de bom tamanho, houve uma sucessão de decisões, anúncios e gastos que não animam ninguém, muito menos são um bom presente às vésperas do Natal do brasileiro.

Na Câmara dos Deputados, fica-se sabendo que foram necessários três minutos para aprovar um aumento médio de 15% dos funcionários, aumentando a folha de pagamento na bagatela de uns R$ 400 milhões ao ano.

Na crise do panetone, o governador José Roberto Arruda se desfilia do DEM na véspera de ser expulso e por puro cálculo político. Em vez de mea culpa, trata-se de uma nítida tentativa de evitar a expulsão e de manter-se vivo no governo agora e na política depois.

No Supremo, por seis a três, os ministros decidem manter a censura ao jornal "O Estado de S. Paulo", impedido de publicar reportagens sobre a operação Boi Barrica, da PF, que pega de jeito os Sarney.

A Corte alega erros técnicos para a decisão. Com certeza tem lá suas razões, mas o difícil é explicar para a opinião pública, seca por transparência e liberdade. "Censura" é uma palavrinha difícil de engolir.

Em meio a tudo isso, lá vem a competente repórter Marta Salomon descobrir o projeto do governo para suspender a cobrança das multas aos desmatadores que passarem a fazer o que tinham de ter feito sempre: cumprir a lei. Além de esdrúxula, a decisão é sobretudo inoportuna. Copenhague corre para um lado, o Brasil, para o outro. Ou o discurso é um, e a prática, outra.

Quanto ao palavrão falado em bom e alto som pelo presidente da República? Sem comentários.

elianec@uol.com.br

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