Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
CHICO FELITTI - DA REPORTAGEM LOCAL
Amiga é coisa pra difamar?
Fofocas, intrigas e traições entre amigas fazem parte do cotidiano feminino; meninas são mais cruéis entre si ou isso é preconceito?
"Pelo menos meu ficante não pegou minha prima!", ouviu Serena*, 13, de sua melhor amiga, no mês passado.
Boa parte da escola, em Caçapava (SP), também escutou a frase, dita ao microfone do karaokê de um festival estudantil. Serena chorou na hora, mas, hoje, admite ter tido alguma culpa: minutos antes da revelação, havia dito à amiga que sua imitação de Ivete Sangalo em "Sorte Grande" (aquela da "poeeeira") havia sido péssima.
"Parece que sou um ímã de traíras!", reclama. "Se bem que toda as meninas são um pouco assim." Com essa ponderação, voltou às boas com a amiga. Casos como esse, de traições e brigas entre amigas, são corriqueiros em relatos de garotas e são sucesso na ficção.
Vide "Gossip Girl", que já vendeu mais de 4 milhões de livros ao redor do mundo e virou série de TV, mostrando a vida da "menina-fofoca" do título, que usa a internet, o celular e a sua identidade secreta para divulgar viralmente histórias de traição da turma -seu blog vira campeão de acessos.
Nos EUA, versões romantizadas da crueldade de moças contra suas semelhantes dividem vitrines de livrarias com obras de autoajuda que servem como "antídoto" para o disse-que-disse da vida real.
Títulos como "Odd Girl Out", que significa algo como "fora, garota diferente" e que ficou entre os mais vendidos do "New York Times" por três meses, ensinam como se livrar da vilania de amigas.
Baixa estima
"Enquanto os meninos batem uns nos outros, as meninas provocam outras lesões, invisíveis, como acabar com reputações", afirma Patrícia Guillon, psicóloga da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica).
Guillon analisou as agressões femininas em colégios brasileiros e aponta que é mais difícil escapar da violência relacional, que rola entre amigas.
"A violência relacional é uma punição gratuita que uma menina impõe à outra. Quem não tem comportamento igual ao do grupo vai passar de amiga a objeto de chacota", diz.
Segundo ela, são problemas de autoestima que fazem garotas se maltratarem sorrindo e, às vezes, sem consciência. Já os problemas das vítimas podem ser mais externos do que os de autoestima. Que o diga Blair*, 16, de Natal (RN).
Quando a melhor amiga dela terminou o namoro, passou a atormentá-la. "Essa "mina" cismava que eu dava em cima do moleque, mas juro que não!".
Num acesso de raiva, a colega enciumada acessou o fotolog de Blair, imprimiu três fotos em que ela aparecia fumando e bebendo e colou-as pela escola.
A coordenadora viu e chamou a mãe de Blair. "Não deu em nada, porque as fotos eram idiotas, que nem essa "mina", que devia estar de TPM."
Só que não dá para jogar a culpa de todos os atos nos hormônios, segundo o hebiatra (médico especializado em adolescentes) Maurício Lima, do Hospital das Clínicas de SP.
"Hormônios como o estrógeno e a progesterona mudam bastante o humor das meninas na puberdade, mais do que acontece com os meninos. Mas não enlouquecem ninguém." Cai aí a teoria de que a falsidade feminina vem do berçário.
Maldade
Katie*, 18 anos e dois namorados roubados por "amigas", não culpa as colegas. "Se elas fizeram cachorrada, eles foram ainda piores, porque deveriam gostar mais de mim!."
Em um dos casos, inclusive, a amiga abriu o jogo e falou sobre a paixão adúltera, chorando. O então namorado de Katie nada disse nem a atendeu quando ela ligou -para xingar. "Meninos também sabem ser mentirosos quando querem."
Foi o que constatou o sociólogo Noel Card, da Universidade do Arizona (EUA). Ele cruzou os resultados de 148 estudos sobre violência realizados com 73 mil teens dos EUA, nos últimos dez anos, e descobriu que... garotos fofocam.
Eles têm uma tendência duas vezes maior de partir para a violência física, se comparados às meninas, mas também sabem usar modos "mais sutis", como mentir para os amigos.
"Se não fosse de mau gosto comparar a um jogo, eu diria que as equipes estão empatadas. É preciso acabar com a imagem de que meninas nascem más", disse à Folha.
Se a maldade velada fosse ligada aos cromossomos XX, uma escola só de meninos não deveria ter fofoca, certo? "Fofoca aqui tem de monte! Os caras sempre inventam umas histórias uns dos outros", diz Dan*, 15, que estuda em um renomado colégio masculino.
* Todos os nomes foram trocados por personagens dos livros "Gossip Girl"
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