quinta-feira, 4 de junho de 2009



A VIDA É DURA

Não é mole, não. Vida de estrela é duríssima. Como se dizia antigamente, é o preço da fama.

Dei uma olhada nos jornais para conferir a agenda das celebridades na última semana. É pau puro. Pé na estrada. Quase boleia de caminhão. Afinal, todo político e todo artista devem ir aonde o povo está. Ou não tem voto. Nem devoção.

É dando que se recebe aplausos. A ministra Dilma Rousseff, designada herdeira do trono por Sua Majestade Luiz da Silva, foi à inauguração da festa junina de Caruaru. Eta festa porreta! Mesmo debilitada pelo câncer, como ela mesma admitiu, Dilma dançou forró.

Não existe repouso para quem sonha com o poder. Mais do que isso: assistiu aos shows de Elba Ramalho e Fagner. É quase um atestado de cura. Na linguagem global, o quadro parece auspicioso.

O pessoal dos camarotes vai a lugares que fazem sonhar. O gaúcho Luis Fernando Veríssimo foi ao Festival da Mantiqueira. É literatura. Mas não é ficção. Enquanto isso, em Bangu 8, o ex-banqueiro Salvatore Cacciola sonha em ir a algum lugar, mas não deixam. Anda sem sorte.

Os seus pedidos de habeas corpus não caem mais na mão do ministro do STF Marco Aurélio Mello. Na última vez em que isso aconteceu, Cacciola trocou 37 dias de prisão no Brasil por um exílio dourado na Itália.

Chegou lá dizendo que quem tem boca vai a Roma. Mas volta. O problema é que Cacciola não se contentou com as belezas italianas, da Roma antiga ao renascimento florentino, e foi dar uma volta no mundo dos velhos e, principalmente, dos novos ricos, em Mônaco. Acabou atrás das grades do principado.

Hoje, se pudesse, iria a Caruaru. Dançaria forró. E ouviria Fagner. Tudo pela liberdade. É um mundo estranho. No Rio Grande do Sul, a viagem acabou. O secretário da Transparência pode perder o cargo. A oposição alega que a sua gestão e a sua secretaria são obscuras. A estrutura prometida pela governadora Yeda Crusius não saiu do papel.

A Secretaria da Transparência é opaca. Há quem ainda defenda a instalação de uma CPI para dar clareza aos escândalos que assolam o Piratini. O deputado Eliseu Padilha, porém, fez uma advertência que talvez liquide para sempre essas fantasias luminosas: com uma CPI poderia haver excesso de transparência. Quando há luz de mais, fica impossível enxergar alguma coisa. Se todos os gatos são pardos, melhor ficar no escuro. Que viagem!

Outro que não para de viajar é Sua Majestade Luiz da Silva. Vai mais longe. Faz a volta do mundo. Sem esquecer Caruaru e a Mantiqueira. E ri. Ri e sorri. Como ri esse Luiz da Silva! A vida é dura.

Mas é bela. Enquanto seus escudeiros tentam emplacar um terceiro mandato para ele, Luiz da Silva diz que não quer. Não é bobo. Prefere ficar quatro anos de repouso, viajando e fazendo palestras bem pagas.

Depois, voltará. Como um Getúlio, sem qualquer tentação de suicídio, ele voltará nos braços do povo. Tudo lhe cai bem. Inclusive ouvir Fagner e dançar forró. Luiz da Silva sabe como poucos que quem tem boca e jogo de cintura viaja muito e sempre volta para Brasília.

juremir@correiodopovo.com.br

A verdade é que se tem que acreditar e ele acreditou: tanto que está lá e poderá voltar, acredito até. Um ótimo dia, para você minha amiga em especial.

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