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quinta-feira, 4 de junho de 2009
04 de junho de 2009
N° 15990 - RICARDO SILVESTRIN
Rimbaud, índio velho!
Estava lendo Uma Temporada no Inferno, do poeta francês Rimbaud, e me saltou um bah! nos olhos e nos ouvidos. Pensei que fosse uma adaptação do tradutor, o excelente poeta Paulo Hecker Filho. Olhei para o original em francês e lá estava: “Bah! faisons toutes les grimaces imaginables”. Em português: “Bah! Façamos todas as caretas imagináveis”.
Consultei minha amiga, a tradutora Rosane Pereira. Ela me esclareceu que existe o bah! em francês. É uma expressão coloquial. Equivale mais ou menos ao argh, ou irque, ou seja, não é um bah! positivo como o nosso. É negativo. Embora o nosso também possa ser usado em situações de censura – bah!, que horror! –, empregamos mais para surpresas boas: bah!, estava muito legal!.
Paulo Hecker poderia ter optado por algo explicitamente negativo na tradução, mas preferiu o bah!, que, afinal, também pode ser usado nesse contexto. E o tradutor é gaúcho. Além do mais, ter um bah! no Rimbaud é uma vitória para os nosso pagos que o Hecker não dever ter querido jogar fora.
Uma Temporada no Inferno é um texto que mistura prosa e poesia. Num só jorro: frases, pensamentos, imagens, versos. Foi escrito de abril a agosto de 1873. Fala de muitas coisas ao mesmo tempo: a origem do povo francês e as implicações disso na alma do poeta, religião, o sofrimento das mulheres, destino, afirmação e negação da vida, arte.
Num dos capítulos, Alquimia do Verbo, Rimbaud expõe suas famosas cores das vogais: A negro, E branco, I vermelho, O azul, U verde – “me vangloriava de ter inventado um verbo poético acessível, um dia, a todos os sentidos”.
Traduzir o som na imagem e vice-versa, sugerir mais do que dizer, criar atmosferas, estados de espírito com as palavras. Tudo isso é o que fica dessa geração de poetas franceses, que tem também Verlaine, Mallarmé, Baudelaire.
Colocam a arte e o pensamento num espaço novo. Nem tudo é razão, nem tudo é emoção. Há o vago, terreno do sonho, das associações de sentido, solo em que mais tarde Freud iria fincar sua bandeira e dizer, se pudesse: mas bah!, isso é o tal do inconsciente!
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