terça-feira, 9 de junho de 2009



09 de junho de 2009
N° 15995 - LIBERATO VIEIRA DA CUNHA

Não perca o seu latim

O professor Marco Antônio Bomfoco, doutor em Letras, me dá uma exceleArquivonte notícia em artigo publicado em Zero Hora. Nos Estados Unidos, mais de 130 mil estudantes prestam a cada ano o Exame Nacional de Latim. Em Nova York, algumas escolas têm dois professores da matéria em tempo integral. Na verdade, nos países anglo-saxões essa língua antiga nunca saiu dos currículos.

A moda está pegando também no Brasil. Esses tempos, convidei uma sobrinha minha para almoçar e Maria Eduarda me disse:

– Tio, não posso. Tenho de preparar a prova de Latim.

Isso, na prática, significa que, nesta nossa Porto Alegre, colégios estão reintroduzindo entre suas disciplinas o idioma de César, Cícero e Virgílio. O nosso não existiria sem ele. Mais: toda uma civilização e uma cultura passariam a quilômetros de nós sem o latim.

Quando eu estava no I Clássico, que era um curso para adolescentes com queda para as ciências humanas, estudava cinco línguas: português, francês, inglês, espanhol e latim. Mais do que isso: queimava pestanas com filosofia.

E não era só: lembro de um ano inteiro em que um professor nos presenteou com cada detalhe das tragédias gregas. Eu sabia tudo a respeito de Édipo, Electra ou Clitemnestra. Isso não me tornou um homem melhor, mas me converteu numa pessoa que sabia mais ou menos tudo sobre algo chamado humanismo.

No vestibular de Direito, ninguém passava sem saber de cor e salteado as cinco declinações. E já no primeiro ano do curso havia uma cadeira que atendia por Direito Romano, com a qual você não se dava bem se não soubesse um mínimo da gíria do Imperador Adriano.

Já quase adivinho leitores me perguntando por que moças e rapazes de hoje devem dominar o idioma de um império morto e enterrado a partir do século V.

A resposta é simples.

O latim já foi um meio de comunicação universal próprio das pessoas que pretendessem reunir uma síntese de civilização.

E, como se isso não bastasse, era a língua da lógica, da claridade e da cultura.

Uma excelene terça-feira e por favor minha amiga: não fiques indignada por situações tão triviais e que podem ser facilmente modificadas, porque representam meros números

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