Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 28 de fevereiro de 2009
UM OUTRO FINAL PARA OS CONTOS DE FADAS
Claudia Sanzone
Sempre achei que os contos de fadas terminam com um desfecho desconfortante: “... e foram felizes para sempre.” Fico pensando na pobre da criança que se ilude com a idéia despreocupada de que o término da cada historinha determina o início de uma eternidade sem adversidades e sofrimentos. Um dia ela cresce e vai se dando conta de que a vida real não é exatamente assim.
Lá no mundo da fantasia, até pode ser que os personagens vivam essa tal felicidade que começa e se eterniza no fim de cada narrativa. Um mundo mágico, então. Mas os personagens são de carne e osso. Enquanto estão em cena, falam como nós, pensam e sofrem como qualquer mortal. Se nós não conseguimos ser felizes para sempre, eles também não poderiam, ora!
O que não faz sentido é tentar combinar uma ficção possível com um depois que não tem nada a ver. Dá a impressão de que o autor já achou que fez mais do que sua obrigação e resolve acabar o conto assim, de má vontade, como se estivesse apressado para fazer alguma outra coisa. Aí solta um “e foram felizes para sempre” e pronto, missão cumprida.
Francamente, que falta de respeito com os leitores pueris!
O “Era uma vez...” é outro motivo de inconformação minha. Parece que há uma preocupação tão grande com o desenrolar, com o miolo da história, que certos contistas infantis não se esforçam para trabalhar com um pouquinho mais de apreço o início de seus contos.
Concordo que era uma vez não deixa de ser uma frase de efeito e que tenha até a função de pedir a atenção do pequeno ouvinte ou do leitor mirim, só que de uma forma mais delicada. Tudo bem. Dou a braço a torcer e absolvo o era uma vez, então.
Mas com o foram felizes para sempre eu não me conformo, não tem jeito. Deve haver uma maneira de se tratar com mais respeito as imaginaçõezinhas que foram tão fiéis, tão minuciosamente atentas a cada passagem da história contada.
Apesar da pouca idade, qualquer criança sabe que a vida não se resume a um episódio. A consciência de que um fato sucede outro e de que o mundo é formado por um cordão interminável de histórias que se emendam já existe na mente dos pequenos.
Não é justo deixar a criatividade infantil à deriva, com a pobreza desse chavão tão batido. Seria muito mais digno se a finalização seguisse um modelo, digamos, mais “viniciano” – que tão bem soube traduzir a transitoriedade do amor: “... e foram felizes provisoriamente, porque o amor só é eterno enquanto dura, posto que é chama”.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário