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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
16 de fevereiro de 2009
N° 15881 - LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
Um instante de beleza
É raro você encontrar um momento de beleza absoluta. Foi o que me aconteceu quando tirava o cursinho para o vestibular. Ali se preparavam para as provas temíveis os candidatos ao Direito e à Filosofia. Eu era aspirante à primeira faculdade, mas isto não importa.
Importa é que chegava cedo ao local das aulas, que ficava no Edifício Krahe, à época o centro do centro de Porto Alegre, e numa daquelas manhãs topei com a própria beleza personificada. Era uma garota de uma lindeza estonteante.
Mas se fosse só isso já era tudo. Eu poderia sair dali e contar para as pessoas: achei hoje a menina mais formosa de Porto Alegre. Usaria o substantivo menina e empregaria o adjetivo formosa só para significar que ela era especial.
Só para dizer que ela era jovem e que nenhum outro qualificativo descreveria a perfeição de seu corpo, escondida num vestido de alças, e a delicadeza de seus traços, que dispensava qualquer sombra de maquilagem.
Ainda estou no prelúdio. Se não bastassem sua juventude e formosura, ela era de uma simpatia irradiante. Era o seu primeiro dia no cursinho e ela não conhecia ninguém ali. No entanto em cinco minutos tornou-se o centro das atenções, em particular quando participou que na véspera praticara esqui aquático na orla sul do Guaíba.
O Guaíba era um rio límpido que tinha aqui em Porto Alegre. Suas águas – desculpem a palavra antiga – eram cristalinas.
Eu imaginei instantaneamente aquela deusa deslizando sobre as águas cristalinas e dourando-se ao sol de janeiro. Eu imaginei seu corpo exposto em oferenda à luz da tarde e pensei que nada poderia ser mais glorioso.
Mas não lhe falei uma palavra. Meus colegas não lhe falaram uma palavra. Creio que todos nós estávamos gratos por tê-la conosco, por ela dividir conosco sua beleza absoluta, que nos fazia tímidos.
Aí soou a campainha e todos fomos para a aula. Era uma aula de latim e ninguém – ou pelo menos eu – entendeu naquela manhã qualquer remota frase de Cícero, Virgílio ou Ovídio.
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