domingo, 15 de fevereiro de 2009


DANUZA LEÃO

O PT vaidoso, quem diria

A ministra Dilma anda tão feliz que não para de rir; no lugar de mãe do PAC, ela merece ser Miss PT

CHEGAR de férias é sempre um choque; já no táxi, quando você vê no jornal fotos de Sarney e Michel Temer, teme pela sua sanidade mental. Mas será que é isso mesmo? De novo? Não, não pode ser. Enquanto na França a cada dia o presidente Sarkozy fala na TV sobre mudanças -um dia na educação, no outro na saúde, no seguinte nas aposentadorias-, aqui são só escândalos, e até um castelo -e que castelo!- apareceu.

Lula está com um humor de cão, e Dilma anda tão feliz que não para de rir, coisa de quem arranjou um namorado; no lugar de mãe do PAC, merece ser Miss PT (e deveria divulgar o nome do médico que a operou, tão bom foi o resultado).

Mas fiquei mesmo horrorizada foi com o preço das coisas no Brasil, sobretudo o dos restaurantes. Os de Paris, por incrível que pareça, sempre foram mais baratos do que os daqui, e agora, vocês vão saber por que, estão ainda mais baratos. Não estou falando dos estreladíssimos, porque não costumo frequentá-los nem cá nem lá, mas dos normais.

Na França inteira, a coisa mais rara que pode acontecer é comer mal; o francês gosta de comer bem, e se o lugar não for bom, logo fecha. Pois agora, período das liquidações e mais a crise, alguns restaurantes inventaram uma belíssima novidade: entrar também em liquidação, baixando seus preços.

A notícia logo saiu nos jornais, contando inclusive que nesses restaurantes, que andavam um pouco vazios devido à crise, agora não há mais lugar para uma mosca. Outros viram que era uma boa ideia e também a seguiram, resultado: baixa de preços geral. Em restaurantes mais do que razoáveis, menus com entrada, prato principal e um copo de vinho são oferecidos a 11 (R$ 33).

Isso me lembra dos tempos do corralito, na Argentina, quando os cafés e restaurantes, que viviam cheios, se esvaziaram. Os donos dos lugares mais famosos fizeram uma reunião e decidiram baixar todos os preços.

Resultado: a noite voltou a se animar, e nenhum negociante foi à falência. Em Paris existem, perto da Sorbonne, umas sanduicherias que vendem seus sanduíches entre 2 e 5, dependendo do tipo. Pois agora inventaram uns mais modestos, com cenoura ralada, ovos cozidos, alface e aquela maionese com mostarda que não tem melhor no mundo.

Preço? 1. É, 1. Com essas "liquidações" nos restaurantes e esses sanduíches baratos, a divulgação que conseguiram nos jornais e na televisão -que custaria uma fortuna- foi enorme, além de terem conquistado a simpatia geral.

E todo mundo está saindo mais, os comerciantes vendendo mais, e a vida, consequentemente, melhor.
Já no Rio a mentalidade é outra -e errada.

Os restaurantes vão aumentando os preços aos pouquinhos, para não chamar a atenção, o tempo passa, e um dia você se dá conta de que está pagando o dobro, ou até mais, pelo mesmo prato que comia dois anos antes. Não volta mais lá, vai procurar um mais barato ou passa a sair menos de casa. O restaurante se esvazia, passa a faturar menos e acaba fechando.

Qual será o primeiro dono de restaurante a levantar a bandeira da liquidação? Seria uma prova de inteligência e criatividade, exatamente do que se precisa para enfrentar uma crise.

danuza.leao@uol.com.br

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