quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009



12 de fevereiro de 2009
N° 15877 - L.F. VERISSIMO


Dez coisas que eu sei

1. A preguiça é a mãe de todos os males que não requerem muito esforço.

2. O preço da liberdade é a eterna vigilância, mais a taxa de embarque.

3. Só Deus é onipresente e onipotente, não importa o que digam do juro bancário.

4. O chato desses planos macroeconômicos e dessas políticas a longo prazo é que a gente tem que viver no detalhe.

5. Se todos os banqueiros do mundo fossem colocados lado a lado na linha do Equador – sabe que poderia ser uma solução?

6. A morte é a última coisa que eu quero que me aconteça.

7. Tudo passa. Até esta angústia com a transitoriedade de tudo.

8. Deveriam ter aproveitado a reforma ortográfica para substituir o chapeuzinho por algo mais moderno.

9. Pessimista mesmo não é o cara que não vê luz no fim do túnel, é o que nem tem certeza de que isto seja um túnel.

10. Existe um ser superior que dirige os nossos destinos, só não se sabe como ele conseguiu passar no teste psicotécnico.

Tempo antigo
(Da série “Os menores contos eróticos de todos os tempos”)

Começou a despi-la com o olhar. Primeiro o chapéu, depois o véu, a estola, as luvas, o vestido, a anágua, a outra anágua, a terceira anágua, a armação... Estava começando a desatar o espartilho quando ela comentou, brejeira, do outro lado do salão:

– Maurice, você está lacrimejando.

“Danação”, pensou o Conde, “preciso aprender a controlar a secreção precoce”.

Finalmente
(Da série “Poesia numa hora dessas?!”)

Quando a Terra terminar

numa grande explosão solar

e o que era pedra, pau e aço

virar pedaço

e até os mares

forem pelos ares

sei que então, só então,

voando em formação

com moedas, botões, dedais

e os restos de catedrais

vai aparecer aquele meu chaveiro

com a foto da Marilyn Monroe

de corpo inteiro.

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