Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
IMAGENS EXÓTICAS
Ah, o exótico! Desde os meus tempos de antropologia que eu adoro o exotismo. Foi por isso, aliás, que estudei antropologia.
É verdade que exoticamente os antropólogos costumam passar boa parte do tempo 'desconstruindo' a categoria exótico. Enfim... Neste Carnaval, em busca de um destino totalmente exótico, não muito distante, fomos a Ciudad del Este.
Quer dizer, fomos para Foz do Iguaçu ver as cataratas e, claro, demos um pulinho ao Paraguai para comprar tudo aquilo que não fosse absolutamente de primeira necessidade. O mundo está cada vez mais exótico. Dou um exemplo: nada mais estranho do que um shopping center.
Minha avó, que jamais foi lacaniana por ter morrido sem saber da existência da psicanálise, dizia que tudo sempre pode ser pior. Pior do que shopping é cinema de shopping. Pior do que cinema de shopping é pipoca de cinema de shopping. Pior do que tudo isso, em geral, é filme de shopping com pipoca e cheiro de gordura.
Mais exótico do que tudo isso, só uma cidade-shopping: Ciudad del Este. Na famosa Casa China, algo me chamou incrivelmente a atenção: as microssaias das vendedoras. Pareceram-me menores do que tapa-sexo de destaque de escola de samba no Rio de Janeiro. Um francês tarado e certamente colonialista queria saber o preço de tais produtos – as moças – que não paravam de atrair o seu interesse de consumidor.
A mulher dele deu-lhe dois beliscões, chamou-o de machista e, depois, exótica como certos franceses dos livros de Michel Houellebecq ou de Alain Robbe-Grillet, disse que ia se informar do preço para ele. Olhei para o francês com ar de reprovação. Ele me respondeu com um muxoxo que significava algo como 'não sou eu quem as expõe assim ao apetite dos clientes'.
Eu vi as cataratas de cima para baixo (de helicóptero), de baixo para cima e quase de dentro (num barco inflável). Fiz como todo mundo. Não me furtei a emoção alguma. Cumpri meu papel de turista com dignidade.
Fui até ao baile de Carnaval no térreo do hotel. No primeiro andar, havia uma festa de noivado árabe, com as mulheres vestidas a caráter. Dei a minha espiada. Por fim, realizei o meu sonho, um dos grandes sonhos da minha vida: fazer turismo de hidroelétrica.
O turismo desenvolveu-se extraordinariamente nas últimas décadas. Há todo tipo de turismo. Eu já fiz, por exemplo, turismo de cabra. É um passeio em que se vê cabras de todos os tamanhos e pelos possíveis. O turismo é uma indústria. Nessa indústria, o turismo de indústria, de fábrica, de usina, tem cada vez mais expressão. É um turismo que atrai muito quem jamais trabalhou numa fábrica. Como eu.
Agora já posso dizer com orgulho: eu vi as cataratas do Iguaçu, eu vi as microssaias pretas das meninas da Casa China, no Paraguai, eu vi a cara bonachona dos quatis brasileiros e argentinos, eu vi os três países – Argentina, Brasil e Paraguai – na Tríplice Fronteira.
Eu vi tudo isso e, como qualquer turista, achei deslumbrante. Eu vi o rio Iguaçu desaguar no Paraná. Eu fiz tudo isso. Mas o que eu fiz de mais estonteante foi turismo de hidroelétrica.
Guardarei para sempre as imagens de Itaipu Binacional em minhas retinas encantadas. Parece que a China terá uma hidroelétrica de mesmo tamanho, em Três Gargantas. Irei até lá. Acredito no potencial e nas meganecessidades da China. Duvido, porém, que meninas chinesas possam usar microssaias menores do que as da Casa China do Paraguai. Isso não!
juremir@correiodopovo.com.br
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