Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
FERNANDO DE BARROS E SILVA
Trote de elite
SÃO PAULO - Vejo o gorducho que se aproxima da janela do carro com cara de bebê chorão. Tem três bolas de tênis nas mãos, o cabelo empastado, a camisa emporcalhada de tinta.
O gorducho colorido que passa humilhado por mim não é um malabarista da fome. É um calouro. Estamos numa esquina movimentada do Pacaembu, e ele deve ser um dos felizardos cujo papai pode pagar até R$ 2.490 por mês -custo do curso de artes plásticas na Faap- para sua bela formação.
Será que a faculdade oferece a seus artistas a disciplina optativa Malabarismo nas Ruas 1, indicada para os tempos de crise?
Nosso 01 não estava só. Por volta das 11h, estudantes repletos de energia e cachaça se aglomeravam, trançando entre os carros. No meio-fio, uma moça chacoalha a garrafa para verificar o que resta do que parecia ser uma boa ideia.
Não vou dizer que essa juventude está perdida. Toda juventude sempre está perdida. Mas quase ninguém pensa como o escritor Paul Nizan: "Eu já tive 20 anos, não me venham dizer que é a mais bela idade da vida". É sintomático que esses jovens ricos e felizes comemorem sua passagem à fase adulta -e o ingresso numa escola de ensino superior- com um ritual assim estúpido, regressivo, fascistóide.
Ao mesmo tempo em que despejam um sadismo pouco velado sobre suas vítimas, torturando-as como se fosse só brincadeira, os veteranos escarnecem, junto com elas, dos verdadeiros malabaristas da moenda social brasileira.
Isso quando não chegam às vias de fato: outro dia, em Campinas, estudantes abordaram um morador de rua a pontapés e rasparam seu cabelo à força. Para esses pitboys, a melhor escola seria a cadeia.
Nem é preciso ir tão longe para barbarizar. Ao exigir dos calouros que se comportem como pedintes nos semáforos, os estudantes protagonizam, sem se dar conta, uma espécie de teatro da crueldade social, no qual encenam a sua própria inconsciência, ou o completo alheamento do país em que por acaso vivem. Que pessoas são e serão essas?
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