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domingo, 8 de fevereiro de 2009
EMÍLIO ODEBRECHT
Sobre o pré-sal
O PAÍS QUE descobre um recurso natural valioso em seu território deve, é claro, alegrar-se. Mas convém que o povo desta nação trace estratégias para que tal sentimento perdure por mais tempo do que as jazidas que o geraram.
Digo isso tendo em mente as boas novas que nos foram trazidas no ano passado pela Petrobras, quando da descoberta de petróleo na chamada camada pré-sal na plataforma submarina do Brasil. Trata-se de imensa riqueza.
O que faremos a partir dela é uma questão que se impõe, mas disso tratarei em outro artigo.
Antes, vale observar que a exploração deste óleo será tarefa desafiadora. Tomando como exemplo o campo de Tupi, a crosta de sal, sob a qual o petróleo se encontra, tem perto de 2.000 metros de espessura.
Da superfície do sal até a superfície do mar são mais 5.000 metros (3.000 metros de areia e rocha e mais 2.000 metros de lâmina d'água). Será possível retirá-lo a 7 km de profundidade? Sim. Mas é neste ponto que escolhas fundamentais devem ser feitas por nosso país. Ouso dizer que tão relevante quanto a riqueza que será gerada pelo pré-sal é a infraestrutura que podemos construir no Brasil para explorá-la.
Serão necessários sondas de perfuração sofisticadas, novas e maiores plataformas de produção e, sobretudo, trabalhadores altamente especializados. Tudo isso leva tempo e exige dinheiro para ser conseguido, mas é factível.
Se optarmos por construir, nós mesmos, tal capital físico, humano e financeiro, com a utilização da poupança dos brasileiros, ao final do processo nossa economia terá dado um salto em porte e em qualidade. Teremos subido de patamar, de forma definitiva, no ranking de riqueza tangível e intangível das nações.
Foi o que fez a Noruega, tão citada desde que o assunto pré-sal veio à baila. Aquele país, quando foram descobertos os campos do mar do Norte, optou por erguer um parque industrial próprio para a extração e o refino do óleo.
Hoje, ninguém afirma que a Noruega é uma nação "rica em petróleo"; todos dizem que se trata de uma nação rica, ponto. Não há necessidade de complementos.
Sigamos tal exemplo. Debater o que faremos com o dinheiro gerado pelo óleo do pré-sal é indispensável, mas antes podemos e temos que fazer da tarefa de criar as condições necessárias à sua exploração econômica uma oportunidade para promover o nosso desenvolvimento.
Mostremo-nos à altura do que a natureza nos presenteou, articulando uma aliança entre governo, iniciativa privada e sociedade para que a promessa de riqueza se torne realidade e já.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve nesta coluna três domingos por mês.
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