Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
ELIANE CANTANHÊDE
A Paula somos nós
BRASÍLIA - Não houve roubo nem estupro. Logo, até ordem em contrário, só há uma explicação plausível para a selvageria de três homens contra a advogada brasileira Paula Oliveira, de 26 anos, que perdeu bebês gêmeos depois de espancada e cortada com estilete por três skinheads na Suíça: xenofobia.
Os skinheads não nasceram com a crise internacional, e a covardia contra Paula não foi a primeira nem será a última. Apesar disso, o episódio só reforça a sensação, ou o temor, de que as dificuldades econômicas e o crescente desemprego exacerbem o protecionismo e a xenofobia nos países ricos.
A agressão a Paula ocorre quando a Suíça aprova referendo ratificando que estrangeiros da União Europeia podem morar, trabalhar e circular livremente por suas fronteiras. O "sim" teve 60%. Ou seja: 40% são contra a livre circulação -e os próprios imigrantes.
No Rio, em São Paulo, em Recife e em qualquer metrópole brasileira, o risco do turista estrangeiro é ser assaltado por pivetes com um trezoitão na orelha. Vive acontecendo. De vez em quando morre um, dois ou três. A violência é crônica.
Em pequenas, médias e grandes cidades europeias, os riscos de violência contra turistas, estudantes ou imigrantes de nacionalidades consideradas "menos nobres" por xenófobos são outros:
vexames em aeroportos, dias sem tomar banho até serem despachados de volta, perder os dentes a socos policiais e, agora, voltar com siglas de partidos de direita ou grupos nazistas marcadas a sangue no corpo. É uma violência aguda. Até quando?
"Globalização" remete a livre mercado e a portas abertas, mas o que se vê são os mercados e as portas dos ricos batendo na cara dos outros. Não de todos, só de uns, seletivamente. Se a Paula fosse de Washington, Chicago, São Francisco ou Boston, seria vítima desse absurdo?
Não. Então... se a história foi como foi, a Paula somos todos e cada um de nós.
elianec@uol.com.br
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