segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009


FERNANDO DE BARROS E SILVA

SOS tucana

SÃO PAULO - Sempre que confrontada com sua gestão chocante, a governadora Yeda Crusius costuma responder que promove um verdadeiro choque de gestão no Rio Grande do Sul. Acumulam-se os descalabros à sua volta, mas ela, alheia a tudo, apenas repete que está pondo ordem na casa.

Há alguma semelhança formal entre o autismo da tucana gaúcha e o cinismo do governo Lula. Quando postos diante do mensalão, dos aloprados, do dólar na cueca ou da capitulação ao jeito PMDB de politicar, o PT responde: 84% de popularidade -vai encarar?

Diferentemente de Lula, que foi blindado pelas máquinas governamental e partidária quando, em 2005, a descoberta da roubança o ameaçou, Yeda parece, além de perdida, politicamente isolada.

Serra e Aécio, as estrelas do partido, têm problemas demais (sobretudo entre si) para se preocupar com o cadáver de um ex-secretário da tucana que, demitido sob suspeita no ano passado, apareceu na última semana boiando no lago Paranoá.

A essa morte ainda não esclarecida vêm se somar as denúncias de que gravações em vídeo reforçariam as evidências de corrupção no primeiro escalão do governo Yeda, agregando detalhes a escândalos já conhecidos e revelando outros.

Desconte-se o fato, nada desprezível, de que o PSOL não apresentou provas do que disse. E lembre-se de que Luciana Genro, a amiga de Protógenes, é filha de Tarso, muito interessado na sucessão gaúcha.

Nascido como uma costela ética do PT, o PSOL tornou-se o grilo falante da esquerda ressentida. A jiboia do lulismo já o engoliu.

Nada disso, porém, deve servir de alívio à frágil Yeda Crusius. Ela corre o risco de se tornar o emblema maior do desastre político-administrativo do PSDB, tendo como concorrentes a ruinosa Alagoas do governador Téo Vilela e o ex-governador da Paraíba Cássio Cunha Lima, recém-cassado pelo TSE. Isso para não lembrar de Ivo Cassol (RO), o ex-tucano "hors-concours".

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