sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009


Jaime Cimenti

Gravatas

Já li em vários convites pedidos para os convidados não usarem gravata, inclusive em casamentos e formaturas. Em muitos locais, inclusive de trabalho, a gravata caiu em desuso.

Mas, no mundo inteiro, milhões e milhões utilizam o ornamento vindo da Croácia. Lá por 1635 d.C., 6 mil croatas (muitos mercenários) foram a Paris para apoiar Luis XIII e Richelieu. Foram de gravata.

Muitos ficaram por lá e a moda pegou de Paris para o mundo, porque Paris sempre foi chegada em ditar moda. Pronto, a forca de seda está aí até hoje, dando aquele ar de seriedade e elegância para todos, inclusive para os vigários e deselegantes. Dizem que o homem é a gravata que usa, que dar um bom nó de gravata é o primeiro passo sério na vida de um homem e há quem freudianamente atribua conotações fálicas à gravata.

Dizem que a gravata é uma forma de expressar a individualidade, via tipo de tecido, cor, preço etc. Outros dizem que a gravata deixa todo mundo igual. Há quem não se preocupe com gravatas. Faça a sua opção e seja feliz, com ou sem gravata.

Estou democrático, plural e sem gravata, hoje, escrevendo este texto desengravatado. Nada contra texto engravatado. É que hoje está calor e, ainda bem, não preciso enfrentar nenhum pedido de empréstimo bancário, reunião de negócios ou festa de aniversário de oitenta anos. Sim, tenho um monte de gravatas.

Ultimamente tenho gostado mais das vermelhas. Não por causa da política. Por causa do ar de pecado e da energia vermelha, que é uma cor, todo mundo sabe, campeã mundial. Só acho que gravata-borboleta não é para todos os momentos.

Borboleta, acho, é para caras mais velhos, meio gordinhos e barbudinhos, tipo Jô Soares. Magros, altos, sem barba, usando gravata-borboleta ficam, tipo assim, meio infantilóides. Cuidado! A mulherada gosta de gravatas.

Deve ser pelo prazer enorme que elas têm quando seus dedinhos jeitosos tiram as gravatas dos caras e aí elas podem acariciar mais facilmente os pescoços dos amados.

Ah, para se ter uma ideia do tamanho da gravata, olha só, no google tem 1.650.000 citações sobre ela. Sobre aquele famoso religioso que dizem que seria um roubino vindo de Gravataí e que andou passando a mão numas gravatas finas não vou falar. Não seria elegante e engravatado falar de tal assunto.

Tô fora! Deixo para os percucientes e argutos psicanalistas de plantão a densa tarefa de dissertar sobre gravata, poder, masculinidade, cleptomania e outras implicações pós-modernas que envolvem o secular objeto de moda, consumo e desejo.

Para finalizar, se der uma gravata como presente, escolha uma sóbria, mais fácil do cara usar com prazer ou repassar, também com prazer, no próximo aniversário. (Jaime Cimenti)

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