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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
25 de fevereiro de 2009
N° 15890 - PAULO SANT’ANA
Bombástico: melhor não fôssemos autossuficientes
Chegamos ao ponto absurdo em que a autossuficiência do petróleo é desfavorável ao povo brasileiro.
Explico: com o barril de petróleo tendo baixado de US$ 147, em julho do ano passado, para os atuais US$ 39, chego à conclusão de que, fôssemos importar hoje o petróleo por esse preço aviltado, essa verdadeira barbada, pagaríamos muito menos pelos combustíveis do que estamos pagando.
Essa constatação que faço é bombástica: seria mais favorável ao povo brasileiro e à economia brasileira que importássemos petróleo do que utilizássemos o petróleo prospectado pela Petrobras.
É um fato estupefaciente: melhor seria que a Petrobras importasse o petróleo estrangeiro a esse preço acessível de US$ 39 por barril, guardasse as nossas reservas, preservasse-as para o futuro, que pagaríamos bem mais barato do que este preço extorsivo que pagamos atualmente pelo diesel e pela gasolina.
Faríamos então como fazem os EUA: possuem reservas de petróleo em seu solo, mas aproveitam-se do preço irrisório do petróleo internacional, importam-no – e conseguem, acredite quem quiser, vender a gasolina e o diesel para o povo norte-americano em preço mais barato que o vendido no Brasil, em dólares!
Em dólares!
Então o que se nota aqui no Brasil é que o povo é escorchado em preços pelos combustíveis, a economia brasileira é prejudicada pelos altos preços cobrados pela Petrobras pelos combustíveis, e a Petrobras enriquece à custa do sacrifício nacional.
A revelação que esta coluna está fazendo é espetacular: nos termos em que está estabelecido o mercado internacional do petróleo, com o preço baixíssimo do barril, seria mais vantajoso para o povo e economia brasileiros que não fôssemos autossuficientes em petróleo e comprássemos o produto do estrangeiro.
Sem dúvida alguma pagaríamos muito menos do que estamos pagando pela gasolina e pelo diesel.
Nunca pensei que o monopólio da Petrobras fosse assim, por questão de mercado é verdade, tão desvantajoso para os interesses nacionais, menos é claro para a Petrobras, que está enchendo seus cofres com este lucro extraordinário.
Ou então que, aproveitando este preço atraente do petróleo, a Petrobras deixasse de produzir o mineral enquanto fosse vantajoso importá-lo, poupando as nossas reservas para o futuro.
O que não pode é continuarmos pagando preço extorsivo pela gasolina e pelo diesel, maior do que o de todos os nossos vizinhos sul-americanos, maior do que se paga em dólares nos postos de combustíveis dos EUA, quando o preço internacional do petróleo baixou a nível risível.
Nunca pensei nem jamais imaginara que a proclamada e festejada autossuficiência brasileira em petróleo fosse assim se virar tão violentamente contra nós.
Bom é viver na Venezuela, também autossuficiente em petróleo, mas que remete essa vantagem e esse orgulho para os bolsos dos venezuelanos e para o aquecimento de sua economia, cobrando 10 vezes menos (vejam bem, 10 vezes menos) pela gasolina e pelo diesel do que é cobrado no Brasil.
É de doer.
E a constatação desta coluna mostra o mais impressionante cochilo dos economistas e do jornalismo brasileiro nos últimos tempos.
E hoje o Grêmio inicia, no Olímpico, contra o Universidad do Chile, a sua caminhada na Libertadores, na tentativa difícil, árdua, quase impossível de sagrar-se, com os recursos humanos e financeiros que possui, três vezes campeão da América.
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