07 de Agosto de 2024
MÁRIO CORSO
Intersexo e transgênero
A Olimpíada da França está marcada pela polêmica. Após o mal-entendido sobre a Santa Ceia, agora o alvo é Imane Khelif, lutadora de boxe argelina. A acusaram de ser transgênero, uma mentira. Depois ela seria intersexo, alguém que nasce com genitália ambígua, quando não se sabe, ao nascer, qual é o sexo. Transgênero é quem não se reconhece com o corpo que nasceu.
Imane nasceu e foi criada como menina. Os boatos sobre ser intersexo começaram quando a Associação Internacional de Boxe (IBA) a desclassificou do mundial de boxe de 2023. Conforme eles: "tendo vantagens competitivas sobre outras competidoras femininas". Mas não foram claros quanto à razão.
Intersexo é uma palavra guarda-chuva. A genitália ambígua pode ter várias origens. Por exemplo, entre tantas possibilidades, nos extremos podemos ter um menino que depois se revela geneticamente XX, ou o contrário, uma menina depois revelada XY.
Nada nos permite concluir quanto a Imane, os fatos e os boatos se misturam. Além disso, o Comitê Olímpico Internacional (COI) e a IBA não se entendem. O COI, e não só ele, dizem que a IBA não é farinha de se fazer hóstia. A acusam de manipular resultados.
A polêmica tem fundo político. Mas não é só isso, é difícil decidir sobre o tema, tanto no caso transgênero como no caso de intersexo. O COI é obcecado quanto a questão do uso de doping para obter vantagens físicas. Como eles fariam para classificar atletas, entre ser homem ou mulher, nos casos trans e intersexo, com o mesmo rigor que têm quanto ao doping?
A diferença entre os sexos não se resume apenas a quais hormônios estão ativos, mas quais estavam quando o corpo se constituiu. Os músculos de homens e mulheres são diferentes no volume e na distribuição dos tipos de fibras. O aporte de oxigênio para as células é diferente. As vantagens tendem para o corpo de genética masculina.
Enfim, é um tema complexo, daqueles em que somos felizes por não ser da nossa alçada. Na Grécia antiga só homens participavam das Olimpíadas. Na época moderna, as mulheres entraram depois da Primeira Guerra. A Olimpíada de Berlim foi marcada por derrotar o racismo. Talvez esse seja o desafio do momento.
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