03 de Agosto de 2024
EDITORIAL
EDITORIAL
O jornalismo em uma eleição singular?
Começa em duas semanas, de forma oficial, a campanha eleitoral para o pleito municipal de 2024. No Rio Grande do Sul, a disputa não será igual às anteriores. A busca pelo voto terá a singularidade de ocorrer em meio à reconstrução que se segue à mais devastadora catástrofe climática da história do país. Postulantes às prefeituras e às câmaras de vereadores serão cobrados pela população e pelo jornalismo do Grupo RBS, engajado com os gaúchos no esforço coletivo de retomada do desenvolvimento. Devem estar à altura das responsabilidades deste tempo em que o Estado está desafiado não só a se reerguer, mas a se tornar mais resistente.?
?A tarefa de forjar um Rio Grande do Sul adaptado ao aquecimento global e capaz de mitigar estragos causados por eventos meteorológicos extremos começa pelas ações sob a incumbência dos municípios. Será um tema inescapável. Dividirá atenções com outras pautas que permeiam as eleições municipais, como saúde, educação e transporte público. Mesmo nas cidades que não sofreram danos severos pelas enchentes que assolam o Estado desde o ano passado. Não há candidatura que possa garantir aos eleitores um futuro sem perdas materiais e risco à vida por secas, cheias ou pela fúria de tempestades.
O Grupo RBS, fiel aos princípios editoriais que norteiam a cobertura jornalística de períodos eleitorais, reitera o compromisso de colaborar para cada votante fazer a sua escolha de forma consciente e livre. Essa contribuição, na prática, se dá com um jornalismo preocupado com a relevância e a informação de qualidade. Mais do que buscar responsabilidades, é hora de dar atenção especial às propostas, ao cotejo de ideias, programas e biografias, e com insistência para que os aspirantes aos Executivos e Legislativos expliquem como viabilizar seus projetos. Os gaúchos conhecem os problemas de suas cidades. Estão à espera de soluções factíveis e, por isso, devem deixar clara a precedência do debate construtivo. Dos candidatos, esperam-se mais propostas e menos troca de insultos.?
A disseminação de desinformação, inquietação recorrente nos processos eleitorais recentes, vai requerer cuidado adicional. A rápida evolução das ferramentas de inteligência artificial, também mais acessíveis, eleva o risco de circulação de conteúdos fraudulentos, como as deepfakes. São os casos de vídeos e áudios falsos, embora convincentes. Criam uma situação, uma fala ou uma cena inexistentes, mas ultrarrealistas.
A difusão de falsidades, distorções e versões tendenciosas, com o intuito de enganar e confundir, conspurca a democracia por manipular a decisão do eleitor. Um voto contaminado pelo engodo não é um sufrágio livre. É neste momento que o jornalismo profissional, exercido com equilíbrio, rigor e técnica, se investe de ainda mais importância para a sociedade. O voto consciente é fruto da opinião individual formada a partir de dados verdadeiros e fatos constatáveis e checados.
?A poucos dias do início da campanha para um pleito de singular importância pelo momento histórico do Estado, a RBS reforça os seus deveres como grupo de comunicação. Entre eles estão a priorização de informações úteis ao eleitor, o debate em torno de temas da vida real que contribuam para o desenvolvimento dos municípios, a apuração, a checagem, a independência e a abertura de espaços para diferentes visões. É o que reafirma o jornalismo como pilar da democracia.?
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