PERIGOSO OU NATURAL?
O que dizem especialistas sobre a "nova" ilha do Guaíba. Banco de areia já existia, mas aumentou depois da cheia de maio. Profissionais divergem sobre necessidade de intervenção na área
Vinicius Coimbra
A expansão de um banco de areia no Guaíba, em Porto Alegre, motiva posicionamentos contraditórios de estudiosos e autoridades. Parte deles define o local como problemático para embarcações no futuro e um risco em caso de uma nova enchente, o que justificaria uma intervenção. Outros defendem que a formação da ilha é um processo natural, que não significa risco.
Segundo Elírio Toldo Jr, pesquisador do Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica (Ceco) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a ilha já existia antes de maio.
- É um processo lento e natural que seguirá para o interior do Guaíba - pontua.
Ele ressalta que o crescimento do banco de areia não significa prejuízo ao canal por onde passam os navios. Para ele, a ilha também não preocupa em caso de cheias.
Francisco Milanez, diretor-técnico e científico da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, afirma ser contrário à ideia de que o crescimento do banco de areia deva ser freado:
- É uma manifestação do arquipélago, uma formação arenosa estável, resultado da hidrodinâmica dos rios.
Desassoreamento
Já o posicionamento do Consórcio Metropolitano Granpal é de preocupação quanto ao aparecimento do banco de areia.
A entidade, que reúne 17 municípios, defende política de desassoreamento na região.
- A dragagem é urgente. Em épocas de seca, há sérios riscos de a operação do Catamarã ser interrompida - diz Marcelo Maranata, presidente do consórcio e prefeito de Guaíba.
Conforme Marcelo Dutra, doutor em ciência e professor de Ecologia na Universidade Federal do Rio Grande (Furg), o crescimento da nova ilha deve motivar iniciativas para o longo prazo:
- Vamos observar alterações drásticas se esse material não for retirado ou se novas entradas não forem evitadas. Estamos perdendo a capacidade de navegação.
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