O abismo
Entre tantos outros ensinamentos, a pandemia mostra que reduzir as desigualdades nunca foi tão necessário, no Brasil e no mundo. O debate esbarra em um preconceito antigo, moldado no sequestro do tema por correntes ideológicas. Diminuir as barreiras sociais entre camadas da população não é bandeira de esquerda, de direita ou de centro.
É uma imposição humana e econômica que se justifica por qualquer viés de avaliação. Basta olhar para as economias e para as democracias mais desenvolvidas, nas quais inexiste esse vergonhoso abismo entre os mais ricos e os mais pobres. Incluir pessoas no mercado de consumo, dar a elas oportunidades e dignidade é a mais efetiva ferramenta de desenvolvimento econômico e humano, dimensões que só fazem sentido se caminharem juntas.
A receita é fácil, mas não é simples. Começa pelo investimento em educação e passa pela reforma do Estado. Investir em educação não é apenas alocar verbas. É ter clareza do porquê e do como, com definições de novos modelos pedagógicos, alinhados com as necessidades de um novo mundo. Reformar o Estado significa descentralizar recursos, decisões, cortar e mudar estruturas ineficientes. Mas seria necessário contrariar poderosos interesses de curto prazo.
A desigualdade dificulta o estabelecimento de políticas públicas. As políticas públicas dificultam o combate à desigualdade. Interromper esse looping é um dos nossos grandes desafios.
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