03 DE MAIO DE 2021
OPINIÃO DA RBS
A CURA PARA O DESEMPREGO
À tragédia materializada em mais de 400 mil mortes pela covid-19 no país segue-se o drama do desemprego. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou na sexta-feira que a desocupação no Brasil no trimestre finalizado em fevereiro chegou a 14,4%, a mais alta taxa para o mês desde o início da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. São 14,4 milhões de pessoas que procuram trabalho e não encontram, além de outros 6 milhões de desalentados, também o maior número desde o começo do levantamento. É um contingente que desistiu de buscar oportunidade frente à inexistência de perspectiva de sucesso na tentativa de conseguir uma ocupação.
É uma segunda catástrofe que se abate sobre o país e requer uma série de iniciativas em diversas frentes para que seja uma tendência revertida no médio prazo. São providências que devem vir, especialmente, das searas econômica e da saúde. Técnicos do IBGE advertem: os números do desemprego de março devem ser ainda mais trágicos, por ter sido o mês com o maior volume de medidas que buscaram conter os contágios pela covid-19, levando uma grande quantidade de negócios a ter de fechar as portas temporariamente.
Espera-se que ao menos alguns programas, lançados especialmente pelo governo federal, possam minimizar o sofrimento de parte desses brasileiros. Muitos têm dificuldade para garantir condições mínimas de dignidade a suas famílias, o que tem se traduzido no aumento da fome. Mesmo em menor valor e beneficiando uma quantidade inferior de pessoas em relação à primeira rodada do programa, no ano passado, o auxílio emergencial é paliativo indispensável, neste momento, para evitar um crescimento ainda maior da miséria.
Mesmo com certa demora, o Planalto também reeditou na semana passada o programa que permite a redução temporária da jornada de trabalho e de salários, essencial para evitar mais demissões, como mostraram os resultados exitosos do ano passado. Agora, é preciso celeridade na busca por um acordo entre governo e Congresso para a volta do Pronampe, programa de crédito subsidiado para amparar pequenas e médias empresas impactadas pela pandemia. Ambas são iniciativas decisivas para que o desemprego não avance ainda mais.
A cura para o desemprego e o fortalecimento do mercado de trabalho, no entanto, só virão com a aceleração e o avanço da vacinação contra a covid-19 no país. É o que proporcionará uma reabertura mais segura das atividades econômicas e aumentará o grau de confiança de empresários, consumidores e investidores. A pesquisa do IBGE, mais ampla em relação ao Caged, que capta apenas vagas com carteira assinada, mostra de forma mais nítida as dificuldades dos que obtêm sua renda na informalidade. Mas, mesmo com a reversão da curva da desocupação, ainda vai demorar para o país ter taxas baixas de desemprego, como se observava há uma década, por exemplo.
É preciso preparar o terreno, de qualquer forma, para chegar lá. Ao lado de medidas de caráter de urgência, portanto, é preciso avançar em pautas estruturantes que modernizem o Brasil e melhorem o ambiente de negócios, como é o caso das reformas tributária e administrativa, sem esquecer de socorrer a educação para recuperar os prejuízos à aprendizagem causados pelo fechamento das escolas.
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