01 DE MAIO DE 2021
+ ECONOMIA
Leilão bilionário tem boas e más notícias para a Corsan
A grande vencedora do leilão da Cedae, estatal de água e saneamento do Estado do Rio, que somou R$ 22,7 bilhões em outorgas, foi a Aegea, parceira da Corsan na parceria público-privada que vai atender a nove municípios da Região Metropolitana. A empresa ficou com dois dos quatro blocos ofertados e vai desembolsar R$ 15,4 bilhões. Um dos conjuntos não teve oferta. A Aegea, única interessada, retirou a proposta depois de levar os dois anteriores.
O leilão traz boas e más notícias para o governo do Rio Grande do Sul, que pretende privatizar a Corsan em outubro. A Equatorial Energia, nova dona da CEEE-D, disputou com muito apetite o bloco 4 com a Aegea. Mesmo não sendo a "joia da coroa" do leilão, foi o que teve ágio mais elevado: 187,75%.
No entanto, a falta de interessados no bloco menos atrativo confirma um dos pontos de alerta dos críticos da privatização: as empresas têm interesse no que pode trazer retorno rápido e alto, mas áreas menos interessantes correm o risco de ficar desatendidas sem o poder público. As explicações para o bloco 3 ter ficado "vazio" vão da atuação da milícia na zona oeste do Rio, onde fica Rio das Pedras, ao fato de lá saneamento já estar concessionado.
A modelagem da Cedae procurou unir "filé e osso", segmentos mais suculentos e menos apetitosos. É bom lembrar que o plano do Piratini não é fazer um leilão nos moldes em que a Cedae foi fatiada. A intenção é fazer capitalização com diluição do controle estatal e manutenção de uma fatia pública de 30%. Mas o fato de a Corsan não ter a concessão da Capital nem grandes cidades do Estado pode reduzir a sede de investidores.
O que chamou a atenção de Flávio Presser, ex-presidente da Corsan, foi o valor da arrecadação comparado ao dos investimentos (R$ 27 bilhões), muito semelhantes.
- São recursos que vão para o Estado e municípios, não para o sistema. Poderiam subsidiar tarifas para a baixa renda. Com o atraso do saneamento, não cabe desviar recursos para resolver problemas fiscais. Isso vale para a Corsan. Ficou claro que existem poucas empresas nessa disputa, o que pode transformar um monopólio natural em oligopólio privado.
Os resultados
Bloco 1: zona sul do Rio e 18 municípios
Vencedor: Aegea Saneamento
Valor: R$ 8,2 bilhões
Ágio: 103,13%
Bloco 2: Barra da Tijuca e Jacarepaguá, no Rio, e duas cidades
Vencedor: Iguá Saneamento
Valor: R$ 7,286 bilhões
Ágio: 129,68%
Bloco 3: zona oeste do Rio (exceto Barra e Jacarepaguá), três cidades da Baixada Fluminense e três do Sul do Estado
Não houve interessado
Bloco 4: centro e zona norte do Rio, mais oito cidades da Baixada Fluminense
Vencedor: Aegea
Valor: R$ 7,203 bilhões
Ágio: 187,75%
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