segunda-feira, 1 de setembro de 2025



01 de Setembro de 2025
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

A crítica e o humor de Verissimo na coluna Informe Especial

Em sua gigantesca obra como cronista e escritor, o mestre Luis Fernando Verissimo foi titular do Informe Especial, de Zero Hora, coluna que tenho a honra de assinar atualmente, junto com o colega Vitor Netto, desde junho de 2024.

Na edição de 19 de abril de 1969, sua estreia foi anunciada na capa do jornal: o "jovem e talentoso" assinaria a coluna, depois de dar mostras de seu "poder de criação e inteligente humor", dizia a texto.

Bem diferente do modelo atual, que mescla informação com opinião, o Informe Especial de Verissimo consistia em uma coluna na qual o autor deliciava os leitores com crônicas recheadas de ironia sobre política, futebol (sobre o Inter, claro) e cotidiano. No primeiro texto, intitulado Entrando em campo, apresentava-se como alguém que ocuparia o espaço em substituição a "um astro". Falava do antecessor na coluna, Sérgio Jockymann, e prometia suar a camiseta. Também admitia, vejam só, logo, ele, "tremor" diante do "desafio ali de cima". Ora, Verissimo, o que sobra para nós, seus sucessores na página que abre o jornal?

Senão no estilo, ao menos nos temas a coluna guardava, às vezes, certa semelhança com a atual: gaúcho, mas cidadão do mundo (em especial, a paixão por sua Paris), Verissimo volta e meia abordava temas da política internacional. No primeiro Informe Especial falava da queda de Alexander Dubcek na então Tchecoslováquia, após o fracasso da tentativa de liberalização conhecida como Primavera de Praga.

Em coluna de 30 de janeiro de 1970, por exemplo, Verissimo falava sobre um "grupo de excedentes da Filosofia da UFRGS" que havia solicitado ajuda na luta pela oportunidade de estudar. Na mesma edição, anunciava que iria tirar férias e se autodenominava "irresponsável" pela página. E conta: "Partimos hoje rumo ao Rio. De fuca, que a BR-116 nos seja propícia".

De volta das férias, relatou suas aventuras no Rio de Janeiro. Na edição de 4 de março de 1970, comentou sobre o espetáculo de Jô Soares a que assistiu e levou aos leitores suas impressões sobre o desfile das escolas de samba no domingo de Carnaval. Na coluna, discordou do resultado da disputa: "E posso afirmar que houve injustiça. Salgueiro foi a melhor disparada, seguida pelos Unidos de São Carlos. Portela ganhou pelo tamanho e prestígio."

Durante sua trajetória no Informe Especial, também fez críticas ao Inter, seu time do coração. Na edição de 5 de março de 1970, perguntou aos colorados como o time havia se portado em sua ausência - e, de pronto, respondeu: "Uma careta."

Duas de suas marcas eram as seções "Por trás da notícia", em que trazia bastidores das informações, principalmente sobre política nacional e internacional, e À boca pequena, que sempre começava com O que se cochincha.

Vá em paz, Verissimo, ás das letras.

Obrigado por ter sido luz nos momentos de sombra e pela oportunidade de convivermos contigo. Por aqui, prometemos cuidar bem da coluna Informe Especial - sem a pretensão de te igualarmos, mas honrando o teu legado. Já fazes falta ao Rio Grande - e ao mundo. 

INFORME ESPECIAL

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