
26 de Setembro de 2025
POLÍTICA E PODER - Rosane de Oliveira
Anuário da Educação explica a tragédia brasileira
Os dados do Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025 divulgados ontem explicam em parte a tragédia brasileira na educação - mesmo que alguns indicadores tenham melhorado. Não é aceitável que em pleno século 21 o Brasil ainda tenha escolas sem água potável, sem banheiro e sem coleta de lixo (20%).
A falta de esgoto tratado em mais da metade das escolas não chega a ser novidade porque essa é a realidade da população em geral, mas atesta o quão distantes estamos do cumprimento da promessa de candidatos de norte a sul do país de transformar a educação em prioridade.
Produção do Todos pela Educação, em parceria com a Editora Moderna e a Fundação Santillana, o relatório está na 12ª edição e ajuda a entender por que há tantas crianças no Brasil que não aprendem ou abandonam a escola.
As desigualdades regionais ficam evidentes quando se compara a situação das escolas públicas de diferentes Estados. A falta de água potável, por exemplo, afeta três em cada 10 escolas públicas no Acre e em Roraima. A falta de energia elétrica atinge um terço das instituições públicas no Amazonas. E a falta de banheiro é realidade em mais de 25% das escolas públicas em Roraima.
Para além dos problemas de infraestrutura, são estarrecedores os dados sobre remuneração dos professores. Por mais que o piso nacional do magistério seja lei desde 2008, quase um terço dos municípios não pagava o mínimo em 2023 (os dados de 2024 ainda não estão disponíveis). Não por acaso, os que mais pagam são os que têm melhores resultados nas avaliações dos alunos, caso do Ceará, com 98,1%, e do Piauí, com 93,8%.
A Região Sudeste, a mais rica do Brasil, não remunera seus professores de acordo com a receita, o que é duplamente inexplicável. Na média, só 55,8% dos municípios da região pagam o piso. Em São Paulo, maior PIB do país, só 70% dos municípios respeitam a lei.
A situação não é muito diferente na Região Sul, com média de 65,4%, sendo Santa Catarina com 70%, Paraná com 65,9% e Rio Grande do Sul com 62%. _
A secretária do Meio Ambiente, Marjorie Kauffmann, voltou da Semana do Clima, em Nova York, confiante de que foram abertos caminhos para novos financiamentos destinados aos produtores gaúchos e à resiliência climática.
Gabriel na vitrine
Uma cena chamou atenção de quem esteve no lançamento do SUS Gaúcho, programa que vai ampliar em R$ 1 bilhão as verbas para a saúde.
Foi o protagonismo do vice-governador Gabriel Souza, que pouco antes participara de um painel na 24ª TranspoSul - feira de transporte e logística - no Centro de Eventos da Fiergs.
Como tinha viagem marcada, o governador Eduardo Leite discursou e saiu no meio da cerimônia, deixando para o vice e para a secretária da Saúde, Arita Bergmann, a assinatura do documento que formaliza o programa.
Hoje, Gabriel estará na Bolsa de Valores B3, em São Paulo, para acompanhar o leilão da parceria público-privada (PPP) dos aeroportos de Passo Fundo e Santo Ângelo.
A cada vez maior exposição do vice, que nunca foi decorativo, faz parte da estratégia de Leite de torná-lo mais conhecido, já que será o candidato da situação em 2026. O argumento principal da campanha será de que nenhum dos pretendentes conhece melhor os problemas do Estado e a engrenagem da máquina pública.
Gabriel também se envolveu diretamente na elaboração da proposta do orçamento de 2026, já que deverá ser ele o governador por nove dos 12 meses do ano, com a provável renúncia de Leite para concorrer.
Na TranspoSul, Gabriel ficou ao lado do secretário Ernani Polo, o vice dos sonhos do MDB. A chapa tem apoio de segmentos importantes do empresariado. Mas Polo é do PP, que está dividido em três fatias: um grupo quer a aliança com Gabriel, outro defende a coligação com Luciano Zucco e o terceiro deseja a candidatura própria.
Pedágio sim, mas com tarifa menor
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade ontem, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas (Setcergs), Delmar Albarello, fez duras críticas à falta de investimentos em rodovias. Disse que o setor que representa prefere pagar pedágio a ter estradas sucateadas ou de pista simples.
Em relação ao Bloco 2 das rodovias estaduais, concorda com a concessão privada, mas defende tarifa menor, mesmo que isso seja feito com recursos do Fundo Rio Grande, o Funrigs. _
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