Avanço no acordo UE-Mercosul
Em meio à escalada das tensões globais geradas pela postura protecionista do presidente dos EUA, Donald Trump, soam esperançosas as informações dos últimos dias que mostram o avanço nos trâmites da União Europeia (UE) para selar definitivamente o acordo comercial com o Mercosul. Os termos do tratado foram apresentados formalmente na quarta-feira pela Comissão Europeia, braço executivo da UE, para a aprovação pelo parlamento do bloco e pelos seus Estados-membros. As notícias dão conta da ampliação do apoio para um desfecho positivo. A França, principal oponente da parceria, começa a ceder.
Com uma dose de otimismo, é possível crer que a celebração final do acordo possa ocorrer em dezembro, em Brasília, em encontro dos países do Mercosul. Mas, ainda que demore um pouco mais, parece estar chegando ao fim a saga de tratativas que, entre avanços e impasses, se arrastam por mais de duas décadas e meia. A relevância do tratado é econômica e política. Vai potencializar o comércio entre os dois blocos que, juntos, têm uma população de 731 milhões de pessoas e um PIB somado de US$ 22,3 trilhões. O impulso virá da eliminação de tarifas de cerca de 90% da pauta de transações. A cooperação que se fortalecerá, também em outras áreas além dos negócios, demonstra ainda que no Ocidente se mantém a aposta nas vantagens da integração e do multilateralismo fustigado por Trump.
O próximo passo para a consolidação da maior zona de livre comércio do mundo ganhou uma nova estratégia para facilitar a aprovação. O acordo foi fatiado. A parte comercial depende apenas da aprovação do Parlamento Europeu por maioria simples. A visão dos eurodeputados é agora mais favorável ao tratado. Os temas políticos, que incluem tópicos como democracia e multilateralismo, passam pelos congressos dos 27 países que integram a UE. Mesmo os franceses, contrários ao acordo, sinalizam uma alteração de postura devido a salvaguardas para seus produtos agrícolas. Em uma rede social, o ministro do Comércio da França, Laurent Saint-Martin, disse que o acordo estava em uma "boa direção".
O avanço é consequência direta da guerra tarifária empreendida por Trump. No Velho Continente, é grande a contrariedade com o acordo comercial acertado em julho com os EUA, que prevê tarifas de 15% para produtos europeus no mercado norte-americano. A ordem, agora, é buscar novos tratados em condições mais justas, caso das tratativas endereçadas com o bloco sul-americano. Vale o mesmo para o Mercosul. Em especial para o Brasil, que hoje enfrenta tarifas de 50% impostas pelos EUA por razões políticas. Notadamente ainda para o Rio Grande do Sul, um dos Estados mais afetados pelas barreiras comerciais erguidas por Trump. A conjuntura torna obrigatória a busca por novos mercados e pela ampliação dos espaços existentes.
Aberturas comerciais, ademais, tendem a acelerar a busca por eficiência, para elevar a competitividade. Será um incentivo a mais para o país enfrentar os seus gargalos. Ao fim, o acordo UE-Mercosul é de "ganha-ganha", com consumidores dos dois lados do Atlântico com maior acesso a uma gama mais vasta de produtos e serviços a custos menores e novas oportunidades para empresas. _

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