
Ruim evitaria o pior, mas Câmara entrega ambos
Na semana em que abandonou os eleitores para cuidar dos próprios interesses, a Câmara dos Deputados tentou justificar a aprovação de uma medida ruim - a PEC da Blindagem - com a versão de que o objetivo seria evitar uma pior - a anistia aos vândalos do 8 de Janeiro. Com uma produtividade raras vezes vistas nessa casa legislativa, entregou 100% da primeira iniciativa - falta o Senado - e encaminhou a segunda.
O detalhe é que a aprovação da urgência para votar a anistia ocorreu em situação rara: "um" projeto será apreciado sem passar pelas comissões, mas o texto não é conhecido. E não é porque está sendo mantido em sigilo: simplesmente não existe.
A essa altura, não custa reforçar: deputados são servidores públicos. São pagos com dinheiro dos impostos para trabalhar para a população. Não são seres intocáveis. Não podem ficar fora do alcance da lei de forma preventiva - com blindagem - ou retroativa - com anistia. Sim, porque há parlamentares implicados no 8 de Janeiro.
Brasil tem maior custo entre 97 paíeses
Em um país endividado onde falta dinheiro para prestar bom serviço na saúde pública, um levantamento da Inter-Parliamentary Union mostra que o Brasil tem a Câmara dos Deputados mais cara entre 97 países pesquisados.
O orçamento anual, segundo a entidade, é de US$ 3,2 bilhões, 43% maior do que o dos Estados Unidos, que gasta US$ 1,85 bilhão. Os valores são em dólares, calculados pela paridade do poder de compra (PPP), que não só converte, leva em conta a capacidade efetiva da moeda em cada país.
A moral histórica é que pagadores de impostos no Brasil remuneram seus representantes para que tomem decisões contrárias a seus interesses. Essa não é uma opinião da coluna: pesquisa da Atlas Intel mostrou que 70% dos brasileiros são contra a PEC da blindagem. O mesmo instituto apontou que uma anistia "ampla, geral e irrestrita" é rejeitada por 57,3%. _
Depois de sucessivos recordes nominais, o Ibovespa parou para pensar no futuro ontem, com levíssima oscilação para baixo de 0,1%, mantendo o patamar de 145 mil pontos. O dólar teve pequena alta 0,33%, para R$ 5,319.
Aluguel na Capital subiu mais de 100% em dois bairros
Em dois bairros da zona sul de Porto Alegre, os aluguéis de imóveis mais do que dobraram entre janeiro e agosto. No bairro Espírito Santo, está 195% mais caro, enquanto no Tristeza subiu 112% no período.
Santa Maria Goretti, Bela Vista e Santa Tereza completam a lista de bairros com as maiores altas no aluguel em Porto Alegre até agosto (veja tabela ao lado). O levantamento da Loft considera preços de imóveis para locação disponíveis nas principais plataformas digitais do país e bairros com ao menos 20 anúncios ativos.
No bairro Vila Nova, os preços caíram 23%, para R$ 1.893, quase a mesma queda do Passo das Pedras, de 22%, para R$ 1.684. Só outros dois bairros registraram baixa, caso de Jardim do Salso e Praia de Belas, limitada a 5%. _
Variação nos bairros com mais anúncios
As 15 maiores altas %
Espírito Santo 195
Tristeza 112
Sta. Maria Goretti 88
Bela Vista 82
Santa Tereza 68
Cristal 54
Moinhos de Vento 52
Jd. Lindoia 52
Mario Quintana 48
Independência 45
Cavalhada 44
São Geraldo 42
Camaquã 42
Santana 40
Floresta 39
As únicas baixas %
Vila Nova 23
Passo das Pedras 22
Jardim do Salso 5
Praia de Belas 5
Fonte: Loft, com base em anúncios nas principais plataformas digitais
Mesmo com recado duro do BC, expectativa de corte de juro vive
Foi duro o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) que definiu a manutenção do juro em 15% ao ano. Mesmo assim, uma pequena parte do mercado financeiro segue apostando em corte em dezembro. O principal argumento é a desaceleração da economia. Os economistas Leonardo Costa, do ASA, e Cristiano Oliveira, do Banco Pine, estão entre os que avaliam que o Copom ainda pode cortar o juro neste ano. Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, avalia que, ao acrescentar um "conforme esperado" na menção ao esfriamento da atividade "tem papel importante de frear o otimismo com os recentes resultados mostrando perda de fôlego". _
IFI vê deterioração da situação fiscal
Em relatório sobre a situação fiscal brasileira, a Instituição Fiscal Independente (IFI), avalia que o Brasil não está em "crise aguda" como a da Argentina, mas passa por "deterioração lenta e progressiva". Para sustentar o diagnóstico, aponta "engessamento sem precedentes" do orçamento, com déficits primários seguidos desde 2014 e crescimento rápido da relação entre a dívida pública e o PIB.
Os motivos ainda passam pela redução da capacidade de investimentos em inovação tecnológica e infraestrutura e pelo que a entidade avalia como "perda de consistência do arcabouço fiscal como disciplinador das finanças públicas", já apontada em relatórios anteriores.
A IFI, chamada de "xerife das contas públicas" - não no sentido punitivo, mas de vigilância - publica relatórios a cada dois meses, pouco antes do balanço bimestral de receitas e despesas do governo.
Como o Comitê de Política Monetária voltou a deixar claro na quarta-feira, a frágil situação fiscal do Brasil é um dos fatores que impede a antecipação do corte do juro básico. Para a IFI, o orçamento de 2026 é pouco realista: prevê 2,4% de alta no PIB, enquanto a entidade estima 1,7%.
Conhecido no RS na CPI do INSS
Um depoimento previsto para ontem na CPI do INSS provocou polêmica. O advogado Nelson Williams, que deveria depor na condição de suspeito de envolvimento na fraude que lesou aposentados, deveria assinar um termo em que se comprometia a dizer a verdade.
- Não - disse depois da pergunta formal, habitualmente respondida com um "sim".
Chamado de "advogado-ostentação" por compartilhar sua vida luxuosa nas redes sociais, Williams teve habeas corpus concedido pelo ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), garantindo o direito de permanecer em silêncio. Em janeiro de 2022, foi homenageado na Assembleia Legislativa gaúcha com a Medalha da 55ª Legislatura.
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