
Nada é certo para reunião entre Lula e Trump
Quando surpreendeu meio mundo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que se reuniria com o colega brasileiro nesta semana. Até agora, porém, nada é certo. Voltou à discussão uma conversa a distância, depois de ser cogitada reunião no resort de Trump Mar- a-Lago, na Flórida. E o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que quer a levar a esposa, Rosângela, a Janja, o que reforçou a hipótese presencial.
Caso avance, ocorrerá sob o eco das declarações do secretário de Comércio (equivalente a ministro), Howard Lutnick, que disse ser necessário "consertar" o Brasil. Muitos têm esse desejo, mas enquanto cidadãos que querem contribuir com seu país. Seria bom, mas não sob encomenda de Lutnick ou seu chefe na Casa Branca.
- Temos países para consertar, entre eles Suíça, Brasil e Índia (...) estamos em desvantagem com eles - afirmou Lutnik depois de quase três meses de debate sobre o tarifaço justificado por um inexistente déficit americano.
Somados o comércio de bens e serviços, o superávit dos EUA em 2024 foi de US$ 29,9 bilhões.
Expectativas moderadas
Lutnick é apontado como um dos integrantes do governo Trump que defendem a negociação, enquanto seu colega do Departamento de Estado (equivalente ao Ministério das Relações Exteriores no Brasil), Marco Rubio, resiste. A perspectiva de Lutnick seria liberar de tarifas alguns produtos que já fazem falta nos EUA, como café.
Tudo pode acontecer, inclusive nada, ao menos nesta semana. Existe uma terceira possibilidade: de que os dois presidentes se reúnam em território neutro, ou seja, em um terceiro país. No final do mês, a presença de ambos está prevista na cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) em Kuala Lumpur, na Malásia.
Nem o mais otimista dos integrantes do governo brasileiro, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, prevê um desfecho que elimine a tarifa de 50% de forma geral. Alckmin deposita suas expectativas em mais exceções.
- Vamos trabalhar para reduzirmos essa alíquota e, de outro lado, excluir o máximo de produtos que a gente puder do tarifaço - disse sobre os objetivos da reunião. _
Com apetite para risco diante da ameaça de shutdown nos EUA, ontem o dólar teve baixa de 0,31%, enquanto a bolsa subiu 0,6%, para 146,4 mil, novo recorde nominal. Geração de empregos formais abaixo do esperado contribuiu.
Gramado une vinícola e rede de restaurantes
Gramado terá novo restaurante de culinária italiana a partir de novembro. O Soleil Casa Perini é resultado de investimento de R$ 4 milhões e parceria entre vinícola Casa Perini e grupo gastronômico dono de marcas conhecidas na serra gaúcha, como MLBK, Di Pietro e Catherine.
A operação ficará na Avenida Borges de Medeiros, na esquina que faz a inflexão da via para o centrinho. O restaurante de 600 m2 vai ocupar a parte térrea do prédio, que também tem apartamentos residenciais e lojas. Deve gerar cerca de 50 empregos diretos, para atender até 220 clientes.
No cardápio, haverá opções de lasanhas, massas e pinsas romanas. Segundo o sócio do grupo gastronômico, Josiano Schmitt, os pratos devem custar entre R$ 60 e R$ 200, a depender do tamanho e dos ingredientes. A cozinha será panorâmica. Na carta de vinhos, haverá opções da Casa Perini e de outros 11 países dos quais a empresa importa. O projeto do Soleil Casa Perini inclui um painel com troncos retirados de rios depois da enchente de 2024 na entrada do local. O Soleil do nome não é referência aleatória:
- De um lado do restaurante, temos o sol nascente, e de outro lado, o poente. Somos banhados todo o dia. O cliente não vem mais só para comer, vem para viver um momento autêntico - diz Schmitt.
O restaurante vai funcionar todos os dias, das 11h30min às 23h30min. _
Agências rebaixam nota de crédito da Braskem
Depois do sinal de que deve reestruturar sua dívida, a Braskem teve suas notas de crédito reduzidas por agências de avaliação de risco. A informação foi dada ontem pela própria companhia. Como tem ações na bolsa, a Braskem tem obrigação de relatar essas alterações.
A Fitch Ratings revisou sua nota para CCC+, enquanto a S&P Global Ratings rebaixou para CCC-, ambas com perspectiva negativa, ou seja, com risco de novas reduções. O nível CCC significa "capacidade muito limitada de honrar compromissos". Está a apenas dois degraus do D, de "default" (calote). Quando ocorre reestruturação, os credores tendem a receber valor abaixo do devido e em prazo maior.
Na sexta-feira, a companhia informou ter contratado consultoria para "diagnóstico de alternativas (...) para otimizar a sua estrutura de capital". A controladora, Novonor (ex- Odebrecht), tem 38,3% do capital total e está em recuperação judicial. A sócia, com participação muito semelhante (36,1%), é a Petrobras. Se a estatal decidisse aumentar sua participação na empresa, poderia provocar uma estatização, como já foi cogitado em 2023. _
Entrevista - Arthur Venturella - CEO e fundador da Pura
"Ainda se vê restauração como custo, não investimento"
Como surgiu a Pura?
Sou engenheiro de minas. Estagiei na Companhia Riograndense de Mineração (CRM) em 2016, que tem a maior mina de carvão do Brasil, em Candiota. Foi duro ver o impacto tanto ambiental quanto social. Os piores indicadores de desenvolvimento humano são de cidades carboníferas. Passei a questionar a indústria da mineração e deparei com uma realidade não tão agradável, de que a degradação é inerente à mineração, mas existem formas de mitigar e compensar a partir da restauração. Mas, naquela época e infelizmente até hoje, não é o que impera. Ainda se vê restauração como custo, não como investimento.
Como se interessou por regeneração?
Na época, comecei a pesquisar sobre técnicas de recuperação de áreas degradadas, quando conheci agrofloresta e agroecologia. Tranquei a faculdade e viajei pelo Brasil, referência no assunto. Fui convidado por uma fundação holandesa para ir ao Sudeste Asiático desenvolver um projeto de base comunitária com agrofloresta em Lombok, uma ilha da Indonésia. Depois, fui para outros projetos na ilha de Borneo, em Kuala Lumpur, capital da Malásia, e em Bali.
Onde entra a Pura?
Comecei a deparar com projetos que se propõem auxiliar comunidades, mas que, em sua grande maioria, criam certa dependência. Isso está na origem da Pura, que tens fins lucrativos, mas o propósito é geração de impacto socioambiental. Iniciamos em 2023, depois começamos a trabalhar também com fundações e institutos de grandes empresas. O principal enfoque é o fortalecimento de territórios com duas ações: restauração de ecossistemas, utilizando sistemas agroflorestais como uma das principais técnicas, além de água potável, saneamento e higiene.
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