terça-feira, 23 de setembro de 2025


23 de Setembro de 2025
GPS DA ECONOMIA -Marta Sfredo

"PEC da Bandidagem" entre o fim e alternativas

Nas ruas de grandes cidades, a PEC da Blindagem virou "PEC da Bandidagem" no domingo. Foi uma resposta rápida à aprovação de regras que só atendem aos interesses de deputados preocupados em prestar contas à Justiça: no final de semana seguinte. As marchas contra o desatino de boa parte dos parlamentares brasileiros foram embaladas com versos entranhados na cultura do país.

"Brasil, mostra a tua cara, quero ver quem paga para a gente ficar assim. Brasil, qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim", entoou a multidão ecoando o tema da novela Vale Tudo, o que mostra o passado nos esperando na volta da esquina.

"Enquanto os homens exercem seus podres poderes, motos e fuscas avançam os sinais vermelhos e perdem os verdes, somos uns boçais", repetiu Caetano Veloso, indagando se essa "estúpida retórica terá que soar, terá que se ouvir por mais zil anos".

"Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão" foi o resumo cantado por milhares em uníssono.

Senador fala em "sepultar", mas surgem "alternativas"

Será que agora deu para entender o tamanho da rejeição que provoca a aprovação de leis que garantem impunidade? Desde sexta-feira, deputados que aprovaram a PEC da Blindagem na Câmara foram às redes sociais pedir desculpas a seus eleitores. Para merecer o perdão, o que farão? Retirar o voto? Não é mais possível.

O que pode ser feito é fechar a porteira para a bandidagem no Senado. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Otto Alencar (PSD- BA), já prometeu pautar o assunto na próxima reunião do colegiado, marcada para amanhã.

- Para sepultar de vez esse assunto - prometeu.

Mas já começaram a surgir "alternativas". Fechar a pista livre para a impunidade em um país que luta para conter o avanço do crime organizado tem urgência. Antes, havia temas mais importantes para discutir. Mas a troca do dever de representar a população pela disposição de barrar investigações foi tão dilacerante, que, agora, antes de mais nada, é preciso recolocar os parlamentares no seu devido lugar. _

O dia foi agitado, mas o avanço de 0,33% no dólar, para R$ 5,336, e a baixa de 0,5% na bolsa são resultado mais de realização de lucros do que de sanções e denúncias. Os bancos, sim, perderam valor por nova aplicação da Magnitsky.

Acampamento gera 2t de reciclagem

Encerrado no domingo, o Acampamento Farroupilha deste ano terá contribuição positiva ao ambiente: cerca de 2 toneladas de latas recolhidas entre 1º e 21 de setembro serão recicladas.

A empresa que vai ajudar a transformar sucata em novas latas é a Novelis, que prevê 60 dias para finalizar a reciclagem, dado o alto volume.

A companhia tem centro de coleta em Gravataí, onde o material recolhido e separado por profissionais da unidade de triagem Anitas é preparado para ser enviado à fábrica de Pindamonhangaba (SP). No ano passado, o Brasil reciclou 97,3% das latas vendidas, ou 33,9 bilhões de unidades. _

Sem buffett na byd

Uma das grandes investidoras nos papéis da fabricante chinesa de veículos elétricos BYD, a Berkshire Hathaway, de Warren Buf- fett, vendeu todos os seus ativos. E não deu explicações. No período em que manteve a aposta, a cotação se multiplicou por 30. Ontem, depois que a saída se tornou pública, as ações da BYD caíram 3,4% nas negociações internacionais, para 109,70 dólares de Hong Kong, mesmo com recuo muito mais suave, de 0,3%, nos principais índices.

Crise cambial faz Argentina buscar socorro dos EUA

A Argentina tenta evitar que a crise cambial se agrave até as eleições parlamentares de outubro. Ontem, o governo anunciou a interrupção da cobrança de impostos sobre exportações agrícolas - as chamadas retenciones - até 31 de outubro. A expectativa é de que, sem a cobrança, dólares voltem à Argentina, contribuindo para aliviar a cotação que havia chegado a 1,5 mil pesos.

Mas a maior expectativa é com a ajuda de Donald Trump. Caso seja bem-sucedida, a iniciativa pode afastar o risco de default (calote) no pagamento de parcelas da dívida pública argentina. Na sexta-feira, em Córdoba, o presidente Javier Milei confirmou negociações, quando o Banco Central (BCRA) precisa intervir no câmbio para não deixar o dólar disparar mais. A finalidade, disse Milei, é cobrir os próximos vencimentos da dívida do país em 2026.

O acerto pode ser anunciado em reunião bilateral entre Trump e Milei nesta semana, já que o presidente argentino está nos EUA para participar da assembleia geral da ONU.

Ontem, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que o governo está "pronto para fazer o necessário" para apoiar a Argentina. No que o mercado local chamou de "efeito Bessent", o dólar recuou, ontem, para 1.430. O risco-país, que também havia atingido 1,5 mil pontos, desceu ontem para o nível de mil. _

Provas de camelôs do tarifaço

Desde o dia zero do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos contra o Brasil, a dupla de "exilados" formada pelo deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pelo apresentador Paulo Figueiredo reivindicou digitais na decisão que prejudica o Brasil.

Desde 9 de julho, escreveram notas e deram entrevistas explicitando a tentativa de condicionar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pode basear todo o caso nas provas produzidas pelos suspeitos. A coluna relembra um trecho só para refrescar a memória: "Empresas brasileiras que desejarem acessar o maior mercado consumidor do planeta estarão sujeitas ao que se pode chamar de ?Tarifa-Moraes?".

O tarifaço já reduziu as exportações do Brasil - e do Rio Grande do Sul - aos EUA e provocou perda de empregos, mas não foi capaz de alterar o resultado do julgamento que era esperado ainda antes da punição econômica baseada em um tema político.

E depois de passar mais de dois meses reivindicando a inspiração da maior alíquota sobre importações cobrada no planeta - equivalente só à da Índia -, agora os camelôs do tarifaço fazem de conta que estão surpresos por serem responsabilizados. Dizem que a denúncia é "fajuta" (o famoso argumento irretorquível, por ser impossível de responder) e representa "perseguição política". _

GPS DA ECONOMIA

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