quinta-feira, 18 de setembro de 2025


Congresso ignora eleitor e foca no próprio interesse

O parlamento no Brasil insiste em desgastar sua própria imagem. Está na pauta uma proposta que permite isentar de Imposto de Renda os brasileiros que recebem até R$ 5 mil mensais, desde que a perda dessa arrecadação seja compensada pela tributação de quem hoje consegue se esconder da Receita Federal. Mas essa não é a prioridade: preferiram colocar em votação um projeto que exige aval do Congresso antes da abertura de processos contra parlamentares e até presidentes de partidos. Estão cuidando apenas de seus próprios interesses.

E isso ocorre no país que ainda digere o espanto de um assassinato quase à luz do dia com indícios de ser ajuste de contas de uma facção criminosa contra um delegado que a expôs. E que acabou de saber que os tentáculos do crime organizado já permeiam o mercado financeiro. Agora, imagine-se o incentivo de eleger um narcoparlamentar que vai precisar da autorização dos pares para ser processado. A prioridade deveria ser conter esse avanço antes que o país vire uma narcorepública.

Cereja podre em bolo amargo

Esse comportamento parlamentar enfraquece a democracia. Qual é a tendência do eleitor que não se vê representado e, ainda por cima, percebe que as necessidades dos representantes vêm sempre na frente? Ficar mais suscetível ao argumento que o Legislativo, símbolo do equilíbrio entre os poderes e dos pesos e contrapesos, não é assim tão essencial. Não por acaso, no mesmo dia volta a discussão sobre um projeto de anistia, mesmo depois que pesquisa apontou 54% de rejeição entre os brasileiros.

E a cereja podre desse bolo amargo é a transformação em líder da maioria o brasileiro que, do Exterior, incentiva medidas contra empresas e empregos, com perdas já registradas. E é capaz até de defender que aviões e caças sejam usados contra seus compatriotas. Nesse papel, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), que abandonou a representação dos eleitores para focar nas necessidades da família, não precisaria registrar presença. Assim, receberia salário para seguir nos EUA, atuando contra os interesses do Brasil. _

Uns mais iguais do que outros: pela PEC da Blindagem, prisões em flagrante precisam ter autos enviados em 24 horas ao Supremo e à Câmara ou ao Senado, que vai decidir se mantém ou não o parlamentar preso, por maioria absoluta.

Uma gigante gaúcha já usa biometano

Iniciativas como a da primeira planta de produção de biometano em aterro sanitário no Estado não surgem só com base em expectativas. Uma gigante, a Tramontina, lidera a adoção desse combustível renovável entre as grandes empresas gaúchas. Ajuda a formar no RS um mercado já estabelecido em outras regiões do Brasil.

Essa nova matriz energética foi reforçada pelo aporte de R$ 100 milhões da distribuidora Ultragaz e, agora, com a entrada em operação do projeto do grupo Solví com a Arpoador Energia.

O maior objetivo da Tramontina é reduzir as emissões de carbono em 31 toneladas ao mês com a substituição do gás natural por biometano em duas de suas unidades no Estado.

O fornecimento e a adaptação da infraestrutura foram feitos pela Ultragaz, que por sua vez usa o biometano produzido na unidade de Minas do Leão. O transporte até as fábricas é feito por caminhões movidos pelo biocombustível.

- A adoção do biometano é uma forma concreta de enfrentar a mudança climática sem abrir mão da competitividade. É possível reduzir a pegada de carbono, manter a eficiência operacional e incentivar outras empresas a seguir pelo mesmo caminho - afirma o diretor corporativo da Tramontina, Giovane Capitani.

Na visão da Tramontina, a redução das emissões de carbono nas cadeias produtivas, antes um conceito de longo prazo, agora é tratada como exigência prática para a competitividade. _

Marcopolo volta ao mercado europeu

Cerca de 15 anos depois de fechar fábrica em Coimbra (Portugal), a Marcopolo vai retornar ao mercado europeu. A empresa vai exportar a partir do Brasil - em boa parte, de Caxias do Sul. Enviará carrocerias de ônibus e montará sobre chassis europeus.

- Havia pouco volume e muita concorrência. No pós-covid, muitos não suportaram e fecharam ou mudaram de foco. Vimos uma oportunidade de voltar - disse à coluna o diretor de operações internacionais e comerciais de mercado externo, José Luiz Moraes Goes. _

Acordo assinado

Dois meses depois do anúncio, o acordo de livre-comércio entre Mercosul e Associação Europeia de Livre-Comércio (Efta, formada por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein) foi assinado ontem no Rio de Janeiro. Cria mercado com cerca de 300 milhões de pessoas e PIB de US$ 4,3 trilhões. Para valer, precisa ser aprovado pelos países envolvidos. Mas pode vigorar de forma bilateral se um país de cada bloco concluir os trâmites.

Dólar abaixo de R$ 5,30 e bolsa com novo recorde

O mercado vive um período de euforia pré-corte de juro. Lá nos Estados Unidos, claro. O reforço na expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) reduza hoje sua taxa básica em 0,25 ponto percentual levou o dólar a menos de R$ 5,30 pela primeira vez em 15 meses. A cotação oscilou nos últimos minutos e fechou em R$ 5,298, com baixa de 0,43%.

O Ibovespa subiu menos de 0,5%, mas alcançou 144 mil pontos pela primeira vez na história. Tem havido uma chuva de recordes na bolsa de valores no Brasil. Antes era dia sim, dia não, agora é dia sim, outro também. Isso significa que o mercado financeiro nacional vive seu momento de maior euforia? Não exatamente.

Assim como o dólar precisa ser corrigido pela inflação, o principal índice da B3 também precisa ser atualizado para uma comparação mais precisa.

Sim, os recordes existem. Mas são nominais. Embora seja representado por pontos, que parecem não ser afetados pelo tempo, o Ibovespa é formado pelos preços das ações que o compõem. Se esses valores fossem atualizados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a máxima real seria de 192 mil pontos, nível alcançado em 2008. Os recordes nominais estão na faixa dos 140 mil pontos.

O ano não é coincidência: foi o marcado pela explosão da bolha imobiliária nos Estados Unidos, precedida pela chamada "exuberância irracional", em que quase todos os mercados tocaram suas máximas históricas. Há uma boa notícia embutida nessa constatação: existe espaço para subir mais sem que isso indique algum desequilíbrio. 

GPS DA ECONOMIA 

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