"Onde é que nós erramos?", questiona Lula
Para representantes de cerca de 30 países na ONU, o presidente Lula fez uma autocrítica sobre o papel dos líderes mundiais diante da crise da democracia. Ao relembrar o seu período na Presidência, ele ponderou que, na sua opinião, os erros cometidos por políticos nos últimos tempos contribuíram para o crescimento da extrema direita no mundo.
A fala ocorreu durante a segunda edição da reunião Em Defesa da Democracia, Combatendo Extremismos, e Lula fez um apelo aos presentes para que repensem o seu papel para o fortalecimento da democracia no mundo:
- Quando for dormir à noite, encoste a cabeça no travesseiro e se pergunte: o que você fez durante o dia para fortalecer a democracia? Com quantas pessoas você falou de democracia? Com quantas pessoas você falou da necessidade da organização popular? Com quantas pessoas você chamou para se organizar? - questionou o presidente.
O representante do governo brasileiro também fez um balanço sobre sua trajetória política e lembrou que o seu partido, o Partido dos Trabalhadores (PT), foi fundado no contexto dos movimentos sociais e sindicais, e refletiu sobre o contato com a população de base.
- Com quantas pessoas nós falamos de democracia? Com quantas pessoas nós falamos de organização popular? A verdade é que não falamos. E se não falamos, não organizamos. E se não organizamos, a democracia perde - enfatizou.
Papel das lideranças
Ao analisar o papel dos partidos e das lideranças, Lula chamou atenção para o que considerou erros da esquerda e dos democratas.
- O que me importa hoje é a gente responder para nós mesmos onde é que os democratas erraram. Onde é que foi o momento que a esquerda errou? Por que nós permitimos que a extrema direita cresça com a força que está crescendo? Onde é que nós erramos? O que é que eu fiz como presidente da República? - questionou.
O evento ocorreu à margem da Assembleia Geral da ONU e foi articulado por Lula e pelos presidentes Gabriel Boric, do Chile; Pedro Sánchez, da Espanha; Gustavo Petro, da Colômbia; e Yamandú Orsi, do Uruguai, para discutir a defesa da democracia e o combate ao extremismo. A primeira edição ocorreu em julho, em Santiago, no Chile. Antes mesmo da reunião anterior, os líderes já haviam divulgado um artigo conjunto em defesa do tema.
Os Estados Unidos não foram convidados para o evento.
Zelensky agradece apoio do Brasil na guerra
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, criticou ontem as instituições internacionais e pediu mais armas para defender o seu país em discurso na ONU. Zelensky também se reuniu com o presidente Lula.
Na saída, Zelensky elogiou a postura do brasileiro:
- É bom que haja sinais do Brasil e de sua equipe de que apoiam, em primeiro lugar, o cessar-fogo e a paz para o povo ucraniano. E Lula disse que fará o possível para trazer a paz para mais perto da Ucrânia. Sou grato a ele por sua posição clara - alegou.
Mais tarde, o brasileiro disse que tratará sobre o tema em seu futuro encontro com Donald Trump. _
Ministro se irrita com preços e vai para o confronto
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, não escondeu sua irritação ao verificar que os preços cobrados por hotéis de Belém durante a COP-30 seguem muito acima do padrão internacional.
Há casos em que o limite proposto pela organização do evento, de US$ 600 a diária por leito, está sendo respeitado. Mas há situações consideradas abusivas pelo ministro, que anunciou a adoção de medidas judiciais contra os empresários.
A reportagem apurou que uma das situações que geraram mais incômodo foi uma estrutura de alto padrão que está sendo construída - e que conta com recursos públicos, via financiamento do Fundo Geral de Turismo (Fungetur) -, com preços muito acima do que Costa considera razoável.
Pouco antes de falar aos jornalistas, o ministro disse à comitiva local de autoridades que o abuso de valores é inaceitável, ainda mais envolvendo empreendimentos que tiveram financiamento público.
Apesar da alta nos preços, não há, segundo o ministro, falta de leitos para o evento. Estariam disponíveis, ao todo, em torno de 53 mil acomodações. A COP30 registrou até agora em torno de 49 mil inscritos.
Colaborou Matheus Schuch
Empresários vão aos EUA
Uma iniciativa privada que reúne 40 líderes brasileiros de setores como agronegócio, peças automotivas, turismo, transporte aéreo e indústria de transformação realizará uma missão de negócios nos EUA. Um dos destaques é que a viagem, que contará com a participação de um gaúcho, neutralizará as emissões de carbono.
Chamada de The One Mission, a ação ocorrerá entre 30 de setembro e 1º de outubro, em Miami. O objetivo é restabelecer relações econômicas em setores não diretamente impactados pelas tarifas americanas. Do RS, participará Gelson Jr., fundador do Parabank.
No aspecto sustentável, a iniciativa prevê que todas as emissões da missão serão compensadas por meio de créditos de carbono certificados e registrados internacionalmente, provenientes de projetos verificados e reconhecidos. _
Professor gaúcho fala da enchente na Alemanha
O professor de Relações Internacionais da ESPM-SP, o gaúcho Roberto Uebel, apresentou, na terça-feira, um trabalho sobre deslocamentos climáticos durante a enchente de 2024 no congresso 7th IDOS International Migration and Displacement Workshop, em Bonn, na Alemanha.
Intitulado Deslocamento Climático e Coesão Social: Confiança Institucional e Respostas Comunitárias às Inundações do Rio Grande do Sul em 2024, a pesquisa estudou as mudanças induzidas pelo clima e a como o fato está remodelando os padrões migratórios globais.
A pesquisa também apontou os principais fatores que levaram a uma erosão da confiança da sociedade nas instituições governamentais, como a demora na declaração de estado de emergência, a coordenação inadequada de autoridades e a insuficiência de infraestruturas de emergência.
O artigo destacou a atuação das redes de resposta lideradas pela comunidade, como iniciativas de base, organizações religiosas, grupos formados nas redes sociais e ações da iniciativa privada. _
Lula reafirmou na ONU que a COP30 será a "COP da verdade", alertando que, "se não (for), a humanidade vai perder a crença nessas reuniões". O brasileiro declarou que pretende fazer com que os participantes ouçam cientistas sobre as mudanças climáticas. Além disso, disse ter convidado Donald Trump e que reforçará o convite a todos os líderes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário