
Congresso abraça perfil de república bananeira
O Brasil não deve ser levado a sério. Tem roteirista que capricha nas reviravoltas. E não é para amadores. Os clichês sobre o país de um quase inalcançável futuro ganharam novas cores com o projeto que permite ao Congresso Nacional demitir diretores do Banco Central (BC). Sim, os (quase, porque houve uma eleição no meio) mesmos parlamentares que aprovaram a autonomia do BC há quatro anos agora querem cassá-la.
Antes de prosseguir, é bom dar os "créditos": um projeto apresentado em 2021 por deputados do PSB (Lídice da Mata, Camilo Capiberibe e Bira do Pindaré) foi resgatado pelo centrão. E pode ser ejetado do fundo de alguma gaveta para o topo da fila: o deputado Claudio Cajado (PP-BA) apresentou pedido de urgência na votação com apoio dos líderes de MDB, PP, União Brasil, PL, PSB e Republicanos. "Coisa de republiqueta", definiu na quarta-feira o ex-presidente do BC Armínio Fraga.
- A ideia de aprovar uma lei, sobretudo em ritmo de emergência, numa situação muito polêmica e pouco transparente, como a do Master, faz as suspeitas aumentarem - disse Armínio.
BC rejeita venda do Master
A "situação do Master" é a seguinte: o banco ameaçado de quebra tinha oferta de compra pelo BRB, o banco estadual do Distrito Federal. Consciente de que o projeto era uma forma de pressão, o BC rejeitou a transação na noite de quarta-feira. Com sua experiência no BC, Armínio explicita o caso:
- É tanto ruído, tanto interesse, tanta coisa, que fico desconfiado. Não sei o tamanho real do prejuízo, não sei as condições reais que o BRB tem (tinha) para comprar esse buraco que parece ser gigante.
Em tese, o BRB estaria comprando só os ativos do Master. E a "parte podre"? Poderá ser resgatada, ao menos em parte, como quase tudo no país, pelo bolso do pagador de impostos. Seria acionado o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que garante aplicações de até R$ 250 mil por cliente.
O Centro de Liderança Pública (CLP) fez nota técnica alertando que "a mudança degrada a qualidade institucional ao tornar a diretoria do BC refém de maiorias circunstanciais e de interesses de curto prazo, (...) abre espaço para pressão política sobre decisões eminentemente técnicas, como supervisão bancária e regulação do sistema financeiro". E adverte que "amplifica a percepção de retaliação e reduz a confiança".
Com a venda rejeitada pelo BC, o futuro do Master é incerto. Sem o objeto de pressão disponível, talvez o projeto volte para alguma gaveta. Mas é melhor fazer uma limpeza nos móveis para evitar que outra vocação para república bananeira pegue carona em outra proposta semimofada. _
Novo sinal de desaceleração nos EUA fez a bolsa ter alta de 0,8%, para 140.993 pontos. A ação que destoou foi a do BRB, que despencou 9%. O dólar não replicou o otimismo do Ibovespa e só oscilou 0,1% para baixo, a R$ 5,447.
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Da crise a líder
Foi uma crise que deu origem à HS Consórcios, uma das 27 empresas que integram o Grupo Herval. Nos anos 1990, a rede de lojas do conglomerado tinha um convênio com uma empresa do interior de São Paulo para oferecer a alternativa de compra de móveis e eletrodomésticos. Até que essa empresa quebrou.
Para manter a relação de confiança com os clientes, a Herval assumiu os contratos. E descobriu um bom negócio: só no mês passado, vendeu 11 mil cotas, um total de R$ 2,6 bilhões.
O consórcio que no passado era alternativa ao financiamento para aquisição de casas e carros virou uma opção de investimento, relata o gerente-geral da HS Consórcios, Leandro Osório. Nascida no RS, está hoje em quase todo o Brasil - fora a Região Norte. Ocupa há cinco anos a liderança nacional do segmento em volume de cotas ativas.
A opção do consórcio como investimento, diz Osório, começou há duas décadas, mas se intensificou na pandemia. Parte dos clientes aumenta o patrimônio pagando parcelas menores e, quando sua carta de crédito é contemplada, pode vendê-la com lucro. Outra usa para planejar a aposentadoria, comprando imóveis depois alugados para proporcionar renda complementar. _
Novas sanções e futuro do Pix à espera do "rebuttal"
Depois da audiência pública na quarta-feira no Representante de Comércio dos EUA (USTR na sigla em inglês), eventuais novas sanções contra o Brasil por parte dos EUA e até o futuro do Pix - uma das "queixas" - dependem do "rebuttal".
Como? O termo técnico do processo significa refutação, réplica. Na prática, será a resposta americana aos argumentos apresentados por representantes do setor privado brasileiro, que deve ser exposta até a próxima quarta-feira.
O mais conhecido "advogado" do Brasil no USTR foi Roberto Azevêdo, ex-secretário-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), que conhece como poucos os meandros das regras do comércio internacional. Foi contratado como consultor pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
- Há espaço para chegarmos a um entendimento que abaixe as tarifas em determinado momento. Tudo vai depender de como essas conversas vão evoluir, das barganhas que possam aparecer - disse Azevêdo depois da audiência. _
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