segunda-feira, 29 de setembro de 2025


29 de Setembro de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Respostas capitais - Glauber Mota

Engenheiro com mestrado em matemática, CEO da Revolut no Brasil, com passagens pelo Itaú e pelo BTG Pactual

"Queremos ser banco", diz CEO no Brasil de candidata a "maior fintech do mundo"

Concorrente da brasileira Nubank pelo título de "maior fintech do mundo", a britânica Revolut quer, mesmo, ser um banco. Quando chegou ao Brasil, em 2023, escolheu um CEO com vasta experiência no sistema financeiro nacional: Glauber Mota.

Nesta semana, participa da Semana Caldeira, da qual a RBS é media partner. Também vai estar em nome da Harvard Angels, formado por ex-alunos no Brasil, com objetivo de promover oportunidades para as startups do ecossistema local.

A Revolut disputa ser a "maior fintech" do mundo?

Essa percepção é mais externa do que interna. A Revolut é direcionada por produtos, menos pela competição. Queremos o melhor produto para o máximo de pessoas possível. Para isso, não precisa tomar a participação do competidor. Nunca participei de reunião em que o tema foi esse. Precisamos ter um negócio escalável e aproveitar boas práticas ao redor do mundo. E o Brasil é um mercado especial até por ter outro competidor muito grande que, de certa forma, abriu portas para nós.

A Revolut tem pouco tempo no Brasil, mas longa trajetória no Exterior, não?

Sim, começou em 2015 em Londres. Eu era cliente da Revolut já em 2017, quando morei na Suíça. E quando fui para o Brasil trabalhar com bancos digitais, a Revolut foi uma referência. É ótimo desenvolver no Brasil, um mercado que é o mais quente do mundo para as grandes fintechs. Tenho o desafio e o privilégio de estar nesse ambiente.

Como foi a evolução de cliente a líder do negócio?

Eu trabalhava no BTG, morava na Suíça. E como tudo é muito caro lá, fazia compras na Itália e tinha de trocar francos suíços por euros. Então, no dia a dia, usava a Revolut, por mais que eu fosse banqueiro, tivesse um private banking (risos). Voltei ao Brasil, e o BTG quis lançar o banco de varejo digital. Participei desde o começo e, para aprender, fui fazer benchmarking em empresas, entre as quais a Revolut. Dois anos depois, a Revolut decidiu vir para o Brasil e me convidou.

Em quantos países e com quantas moedas opera?

Hoje, estamos em cerca de 40 países, em diferentes estágios. A Revolut já é banco em cerca de 30 países. É nosso objetivo em todos os países. E sobre moedas, são todas. Temos cerca de 30 pockets (os "potinhos" que agora surgem em bancos nacionais). Mas pode usar em qualquer país porque faz conversão instantânea. Na prática, pode ser usada em qualquer lugar do mundo.

A Revolut vê o Brasil como "o mercado mais quente"?

Há fatores que colocam o Brasil no mapa de maneira prioritária e relevante. Um é o tamanho, é um país de 200 milhões de habitantes com mercado provado para o mundo digital. A competição varia de 20 milhões a 120 milhões de clientes. Se a gente captar qualquer volume nesse meio, já vai ser maior do que muitos países da Europa. E o brasileiro ainda usa mais de seis aplicativos, em média, para questões financeiras. E temos capacidade de fazer tudo num lugar só. Por último, o Brasil é referência de infraestrutura de pagamentos instantâneos.

Pelo Pix?

Sim, não é só um pagamento rápido, é plataforma de oportunidades. Viajo pelo mundo, estava na Arábia Saudita semana passada, agora estou em Londres, vou para os Estados Unidos na próxima semana. E falo de Brasil e de Pix, porque são referência. O Brasil é mais moderno que a grande maioria em tecnologia e infraestrutura de pagamentos.

Houve turbulência com o fato de fintechs serem usadas pelo crime organizado?

Causa preocupação no sentido de saber que tem gente mal intencionada. Mas não teve qualquer repercussão relacionada a nós. A Revolut optou por não contratar infraestrutura de terceiros, que foram atacadas. E por mais que seja conhecida como fintech, porque é mais descolada, nós somos banco, na verdade. Somos regulados em todas as instituições nos mais altos padrões de segurança e compliance. E seremos banco em algum momento no futuro. Não queremos nos posicionar como uma alternativa não bancária. Somos banco e vamos ser banco. Onde não é, vai ser.

Um executivo global disse que a Revolut pretende ser um Pix do mundo. Como assim?

Já fazemos uma proxy do Pix para nossos clientes, nos conectados aos pagamentos instantâneos em cada país em que estamos. Podemos ser essa infraestrutura que conecta o mundo, porque não tem ninguém tão global quanto nós. Grandes bancos, em vários países, são, na verdade, várias entidades separadas. É como se fossem dois bancos separados que usam a mesma marca. Somos uma empresa só, de fato. Por isso, estamos bem posicionados para fazer esse proxy de Pix global.

Quais serão os próximos passos da Revolut no Brasil?

Vamos concluir os lançamentos para pessoa física neste ano, com um cartão de crédito premium. Em 2026, vamos nos focar em produtos para empresas.

GPS DA ECONOMIA

Nenhum comentário: