
16 de Setembro de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo
Por que Leite quer limitar uso do caixa único
Ao contrário do novo aumento dos recursos destinados a emendas parlamentares, o orçamento de 2026 foi entregue ontem para a Assembleia Legislativa com uma medida que seria apoiada por 11 a cada 10 especialistas em contas públicas. Mas ser fiscalmente correta não significa que não provocará polêmica.
A intenção do governador Eduardo Leite em seu último orçamento entregue - em setembro de 2026, provavelmente estará em campanha - é fechar a porta para uma manobra que já foi usada para aliviar o aperto das finanças gaúchas, o caixa único. Conforme o próprio Leite, o mecanismo atual é um "butiá" - o equivalente gaúcho da jabuticaba -, ou seja, algo que só existe aqui.
O Sistema Integrado de Administração de Caixa (Siac) foi criado em 1991. Seria uma espécie de "poupança coletiva", concentrando todos órgãos públicos. Chegou a ter saldo negativo de quase R$ 10 bilhões (R$ 9,95 bilhões) em 2019. Agora, tem positivo de R$ 14,8 bilhões:
- Não poderá ter menos aplicações do que o saldo a que as contas têm direito. Se houver saldo disponível no curto horizonte, governos populistas podem usar esses recursos e deixar a conta ser paga pelo governo seguinte.
Discussão
A coluna quis saber se outros candidatos ao governo do Estado não podem se opor a essa limitação. O governador ponderou:
- Estou fazendo isso imediatamente, ou seja, o último ano do governo estará também sob limitações. A gente só consegue fazer isso agora porque só zeramos a dívida no ano passado. Agora é o momento de fazer essa discussão. E insisto, é para fazer com que o RS se adeque ao que outros fazem. Nenhum Estado faz. Temos de deixar isso como uma disciplina, porque o maior risco do Siac é justamente estimular a indisciplina.
Sobre a duplicação no pagamento de emendas, o governador insiste que o valor está longe dos R$ 40 bilhões distribuídos dessa forma no orçamento federal. No entanto, reforça a percepção de "toma lá, dá cá" ao afirmar que a mudança é justa porque os deputados "ajudaram a fazer as reformas que equilibraram as contas do Estado". _
Mesmo com expectativa de corte de juro nos EUA amanhã, não há esperança de redução na reunião do Copom na mesma data. A atenção estará focada no comunicado, na expressão "bastante prolongada" e na menção de nova alta.
Dólar volta a junho de 2024 e bolsa tem recorde
Mesmo com a ameaça do secretário de Estado americano, Marco Rubio, de uma "resposta" dos Estados Unidos "na próxima semana ou algo assim", a moeda americana teve queda ontem de 0,61% para R$ 5,321, menor valor desde 6 de junho de 2024.
O principal índice da bolsa de valores brasileira (B3), o Ibovespa, renovou seu recorde a 143,5 mil pontos, resultado de alta de 0,8%. A perspectiva de corte de juro nos EUA amanhã contribui para o dólar perder valor em todo o mundo. Quando o juro está muito alto no Brasil e mais baixo no mercado americano, há incentivo para aplicações por aqui, o que tem potencial de fortalecer o real.
Não há perspectiva de nova medida tarifária por conta de política. Estão no radar cassações de vistos e aplicação da Lei Magnitsky à esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Viviane Barci. _
ADP reforça unidade da Capital
Depois de investir R$ 4,5 milhões em 2023 para ampliar sua estrutura em Porto Alegre, a multinacional ADP Brazil Labs faz novo aporte de R$ 3 milhões. A estrutura de cinco andares da Avenida Soledade recebe novas áreas que somam 375m2 para acomodar novos postos de trabalho.
A unidade na Capital é um dos sete centros de inovação da ADP no mundo. Com 75 anos de atuação global e presença em cerca de 140 países, a empresa oferece soluções de tecnologia e infraestrutura para recursos humanos.
Com a reforma, a ADP passa a ter estúdio para gravação de podcasts, produção de conteúdos e fotos, além de novas salas de reuniões, espaços colaborativos e áreas comuns para integração dos funcionários.
Foram abertas 41 vagas de emprego, para estagiários, desenvolvedores e gestão. O domínio de inglês é exigência. _
Fabricante de motosserra está preocupada com ambiente; e nós?
No dia em que recebeu quase uma centena de jornalistas em Waiblingen, simpática cidade do Estado de Baden-Württenberg, perto de Stuttgart, a Stihl preparou uma surpresa: fez um spoiler de uma edição "de colecionador" de seu principal produto, a motosserra. O motivo é a comemoração dos cem anos da empresa em 2026. E para surpresa só de quem conhece pouco essa quase centenária empresa familiar, incluiu no programa uma palestra sobre manutenção de florestas.
Sim, a fabricante de motosserras está preocupada com a preservação ambiental. E não é porque, afinal, se acabarem as florestas, perderia mercado. A Stihl experimentou a ameaça da mudança no clima. No ano passado, pouco depois que o Rio Grande do Sul foi atingido pelo dilúvio, ao menos uma das quatro unidades produtivas da empresa quase foi inundada pelo habitualmente pacífico Rio Rems. Funcionários foram liberados para voltar as suas casas.
Baden-Württeberg é um Estado industrial - foi berço de marcas como Mercedes-Benz e Porsche - e agrícola, com grande produção vinícola. A cada naco de lavoura, tem bosques e florestas, para surpresa de quem costuma dizer que os europeus só cobram responsabilidade ambiental de outros países porque já destruíram suas matas. O país tem cerca de 33% do território ocupado por florestas. Mas secas, calor e insetos têm abalado a saúde da cobertura vegetal.
Stefan Flückiger, diretor-geral da Inno Forst, tem uma atividade pouco conhecida no Brasil: gerenciar florestas privadas. Diz que não faz teses, baseia-se em fatos. E um dos mais bem documentados é o aumento exponencial da concentração de dióxido de carbono. E é pessimista:
- Não estamos no caminho da redução, mas de mais emissões.
A Stihl começou, anos atrás, a produzir equipamentos a bateria. Hoje, tem fábricas desses componentes em Waiblingen e em Virginia Beach, nos Estados Unidos, e em breve começa a produção na Romênia. As células ainda vêm da Ásia, mas uma das características da empresa é verticalizar a produção: fabrica quase todos os insumos "em casa", assim como desenvolve algumas máquinas usadas na produção e testagem.
Pragmático, Flückiger diz que, diante da emergência de manter cobertura vegetal capaz de ajudar a mitigar a mudança no clima, cuidar das florestas que ainda vivem não deve ser meta de ecologistas e ambientalistas, mas de todo ser humano:
- Manter florestas vivas não é impulso romântico: tem um objetivo egoísta. Não fazemos pela natureza, mas por nós. Precisamos disso para manter a humanidade viva. _
A colunista viajou para Waiblingen a convite da Stihl
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