sexta-feira, 19 de setembro de 2025


19 de Setembro de 2025
MARCOS MATOS

Cante mal e dance pior

Não existe receita para ser feliz, mas uma coisa é certa: deixar de fazer algo que você gosta - por não ser tão bom naquilo - é um grande erro.

O peso que a gente carrega da vergonha de ser avaliado pelos outros é imenso. Quantas vezes você deixou de postar algo que te gerava sorrisos por tentar imaginar o que os outros pensariam daquilo?

Alinhar a expectativa de terceiros as nossas ações tem tudo para ser um fracasso. Ora, se cada pessoa é uma pessoa, nada mais natural que ser diferente e tomar os caminhos que bem desejar.

Eu amo cantar. Frequentemente coloco karaokê na televisão da sala e, mesmo sem microfone, me agarro no controle da televisão e apresento um show particular para a minha cachorrinha Raposa (que, aliás, nunca demonstrou tanto interesse pelo espetáculo). Já reparei que faço isso em dias que chego em casa muito cansado ou tristonho por alguma coisa.

A música, de preferências as com letras em português e que não são tão literais, me abastece de boas energias. Eu me conecto na força de cada palavra numa tentativa de ir decifrando ou ressignificando as canções.

Mas eu canto muito mal. Essa é uma das minhas maiores frustrações e é por isso que já pensei dezenas de vezes em ir para algum curso de canto e tentar aprender alguma técnica que transforme meu canto em algo bem agradável para quem estiver na sala.

Passos desengonçados

Na dança, eu invento passos desengonçados e sem harmonia alguma. Meu samba é um pé pra lá e pra cá. Só tive sorte nas paqueras da juventude em balada lotada, que não tinha como mexer muito os braços e quem estava longe não ficava assustado. Mas, se tivesse que escolher entre beijar alguém ou dançar, ficaria na pista.

Existe muita habilidade que pode ser desenvolvida. Cozinhar é um exemplo disso. Eu não comecei cozinhando bem, mas hoje em dia quem vai na minha casa costuma pedir a receita. E fui aprendendo a gostar de ir pro fogão.

Também aprendi a melhorar na elaboração de drinques clássicos e tenho uma alta aptidão em dar nós. Mas os drinques e os nós só são coisas que sei fazer, não são o que me traz felicidade.

Há algo errado em saber fazer bem o que não me desperta nenhuma emoção e não ser o melhor naquilo que me alegra? É claro que não tem nada anormal nisso.

Não precisamos cobrar a perfeição do que nos traz boas sensações. Até porque essa sensação pode estar no fato de fazer isso do teu jeitinho.

Cante mal e dance pior ainda. Mas continue cantando e dançando. _

O conteúdo desta coluna reflete a opinião do autor

MARCOS MATOS

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