sexta-feira, 26 de setembro de 2025


26 de Setembro de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Como se prepara uma reunião com Trump

A indefinição que ainda cerca uma eventual reunião entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, não é inusitada. Embora este deva ser ainda mais delicado do que a média, encontros entre chefes de Estado têm liturgia preparada com muita antecedência.

Costuma ser definido antes até o resultado da conversa. Sim, um acordo costuma ser alinhavado antes que os presidentes sentem frente à frente. No Brasil, uma famosa frase do presidente que nunca assumiu o cargo, Tancredo Neves, resume a mãe de todas as regras:

- Primeiro, a gente decide. Depois, faz a reunião.

Esse é um dos motivos pelos quais Lula evitou confirmar, na primeira vez em que abordou o assunto, que será realizado na próxima semana.

Regras estritas valem para encontros usuais. Quando envolvem o mandatário mais imprevisível do planeta, os cuidados precisam ser redobrados. As cenas de humilhação transmitidas para todo o planeta dos presidentes da Ucrânia, Volodimir Zelensky, e da África do Sul, Cyril Ramaphosa, acentuam o cuidado.

Telefonema ou teleconferência também têm riscos

Evitar o risco de repetição de cenas semelhantes está na lista de prioridades da diplomacia brasileira, o que explica a preferência do Itamaraty por telefonema ou teleconferência. No entanto, caso haja intenção de expor o presidente brasileiro, uma edição de som ou imagens pode ter o mesmo efeito depreciativo.

Por isso, Lula passou a admitir reunião presencial, que só será confirmada se houver compromisso da Casa Branca com clima respeitoso. Há uma dificuldade adicional: preparar um encontro como esse é tarefa do Departamento de Estado, chefiado por Marco Rubio, apontado como um dos auxiliares de Trump mais avessos à aproximação. Na entrevista em que se esforçou para manter o canal aberto, Lula já mandou o recado:

- Não há por que ter brincadeira numa relação entre dois homens de 80 anos de idade. Eu vou tratá-lo com o respeito que merece o presidente dos EUA e ele certamente vai me tratar com o respeito que merece o presidente da República Federativa do Brasil. _

O dólar subiu ontem 0,69%, para R$ 5,363 e a bolsa caiu 0,8%, para 145,3 mil pontos. No radar do mercado, a revisão no PIB dos EUA do segundo trimestre de alta de 3,3% para 3,8%, e avanço da popularidade de Lula em pesquisa.

Gaúcho luta para "limpar" transporte

O gaúcho Helio Matias, vice- presidente de Logística da Ambipar, está empenhado em dar sustentabilidade ao transporte rodoviário, que domina 60% da movimentação de cargas no Brasil. O grupo em que atua é líder em soluções ambientais no país, opera em 41 países e tem 20 mil funcionários. E é missão de Matias promover a descarbonização em sua área, o que reconhece ser um enorme desafio.

No Estado para participar da Transposul, o executivo disse à coluna que tem plano de abrir um escritório no RS em 2026. Outra conexão de Matias com o Estado é sua determinação em viabilizar o uso do BeVant, biocombustível alternativo desenvolvido pela gaúcha B8.

- Temos a audácia de, até 2040, fazer com que toda a nossa frota seja movida a combustíveis não fósseis, seja biodiesel, BeVant ou outros. Somos a primeira empresa de transporte no Brasil a ter caminhões movidos 100% a biodiesel, que reduzem em até 77% a emissão de CO2. O problema é que o vetor da economia vai para um lado, e o da sustentabilidade, para outro - constata.

Segundo Matias, embora o custo das alternativas sustentáveis ainda seja alto, é possível limitar o repasse do excedente a cerca de 10%. Relata a evolução do segmento, que teve quatro fases de prioridades: prazo, gestão de qualidade, segurança e, agora, sustentabilidade.

Matias desenvolveu uma "carreta sustentável", com células fotovoltaicas (para gerar energia solar), sistema de baterias, bomba e mangote (espécie de mangueira curta), para transporte por tanque. Permite economizar com geração de energia limpa, promete:

- Projeto inédito que levamos ao mercado, inclusive do RS. _

Luz amarela do TCU na meta fiscal

O Tribunal de Contas da União (TCU) pode obrigar o governo Lula a fazer mais cortes no orçamento deste ano. Os ministros decidiram que a sistemática inclusão da margem de tolerância da meta de resultado primário para definir cortes é "incompatível com o regime jurídico-fiscal vigente". O relator, Benjamin Zymler, avalia que a prática contraria os "objetivos de prevenir riscos fiscais e garantir a transparência e a previsibilidade da gestão fiscal".

Cabe recurso, mas se o governo não conseguir mudar o entendimento, precisará congelar mais R$ 30,2 bilhões em despesas. _

Reforma in poa

A Semana Fazendária RS vai reunir em Porto Alegre, de 29 de setembro a 10 de outubro, cerca de 1,3 mil pessoas. Um dos objetivos é preparar a adesão à reforma tributária, com participação do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) e do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda (Comsefaz). É a primeira vez que a capital gaúcha recebe o evento.

Novo Embarcadero e praça suspensa em esquina icônica

Foi lançado ontem o Square Garden, projeto da Melnick na área do antigo Ginásio da Brigada, na esquina da Avenida Ipiranga com a Rua Silva Só, em Porto Alegre. O projeto prevê três torres residenciais e área de quase 5 mil m² com cerca de 30 operações gastronômicas e de lazer, ainda não definidas.

Terá praça suspensa no quarto andar e parceria com o Cais Embarcadero, que dará nome ao food mall (Square Garden Embarcadero).

- O food mall irá fomentar operações comerciais, gerar circulação de pessoas, proporcionar entretenimento e oferecer bons restaurantes. Pensamos em gerar transformação para a cidade - diz o CEO do grupo, Leandro Melnick.

O empreendimento será dividido em três fases, com entrega final no segundo semestre de 2029. A Melnick lançou ainda outros dois prédios, um de alto padrão e outro no segmento econômico.

Os três somam valor geral de vendas de R$ 1,38 bilhão. 

GPS DA ECONOMIA

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