sábado, 7 de janeiro de 2012



07 de janeiro de 2012 | N° 16939
PAULO SANT’ANA


Ministros sorrateiros

O melhor médico clínico é aquele que, ao mesmo tempo, tanto prescreve remédios novos quanto manda suspender remédios que o paciente está tomando, mesmo aqueles que tenham sido prescritos por ele mesmo antes.

Naquela minha proposta para médicos que possam talvez curar minha tontura, que já dura três anos, não ficou clara uma coisa: quando eu escrevi que pagaria em dobro pela cura, quis dizer que também pelo avanço, pela melhora.

Porque Alzheimer, por exemplo, não tem cura, assim como outras doenças. Não seria justo que, assim, os médicos que tratam desse males incuráveis ficassem sem receber honorários.

Onde se lê “cura”, leia-se também atingimento de uma meta desejada pelo paciente quando procura o médico.

O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, foi pilhado destinando para Pernambuco, seu Estado natal, a parte do leão nas verbas disponíveis para prevenção ou saneamento das tragédias naturais.

Em sua defesa, o ministro disse que não há de Pernambuco, onde nasceu, não receber verbas só porque ele é de lá e é o ministro.

Mas tem de entender, o senhor ministro, que ninguém entende como é que ele destina 90% das verbas então disponíveis para seu Estado, enquanto os outros Estados ficaram a ver navios.

Por sinal, essa prática desleal e sorrateira já tinha sido realizada em quase todo o governo Lula pelo então ministro Geddel Vieira Lima, que passou anos privilegiando a Bahia, seu Estado natal, com as verbas do seu ministério.

A culpa não é do ministro, foi do Lula e é da presidenta Dilma. A eles cabia fiscalizar os atos privilegiantes dos seus ministros.

Permitir que ministros privilegiem seus Estados na distribuição de verbas é clara demonstração de incompetência presidencial.

Da forma que se dá essa trampa, fica institucionalizado que os ministros passaram a ser meros representantes de seus Estados em suas pastas, o que é um absurdo contra o qual devem levantar-se os partidos de oposição e os brasileiros em geral.

Se a moda pega, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, gaúcho, vai tratar da agricultura somente do Rio Grande do Sul, com o que haveria de eticamente receber a mesma crítica desta coluna, embora não caiba no caráter do Mendinho essa prática.

O que fazem esses outros ministros é uma vergonha descarada.

Por um Estado não pode um ministro só trabalhar. Só é lícito à presidenta trabalhar por um único país, o Brasil.

Ou, então, vai para as cucuias a federação.

Mas o Geddel ficou em sua pasta durante todo o tempo, e o Bezerra, pelo jeito, também vai continuar com seus malfeitos.

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