Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 7 de janeiro de 2012
07 de janeiro de 2012 | N° 16939
ANTONIO AUGUSTO FAGUNDES
Ano-Novo Gaúcho
No último sábado, dia 31, comecei examinar o ciclo natalino no Rio Grande do Sul e cheguei até a Jardineira. Na Jardineira, que saía com o Terno de Reis “de porta em porta, de rua em rua”, o papel das dançarinas era feito por rapazes travestidos. Por quê? Porque eles iam por muitos lugares dentro da noite, a bebida corria solta em todas as visitas, e nenhum pai responsável iria permitir que a filha saísse com aqueles pândegos noite afora...
Assim, a solução era travestir os rapazes menores, os mais delgados, os quais usavam roupas das mães, das irmãs ou das namoradas e máscaras femininas. Na Jardineira da professora Lilian Argentina, que podia dispor de moças verdadeiras, a solução foi muito feliz: moças fazendo papel de rapazes que faziam papel de moças, com máscara e tudo! Cada par dança com um arco enfeitado de flores. Acho que se dessem uns seis pares para a professora Lilian Argentina, ela botaria a Jardineira em cena outra vez.
Na mesma ocasião e com o mesmo cuidado e com os mesmos belos resultados, ela reconstituiu o Terno de Bichos de Tramandaí, que é o mesmo Boi Bumbá, basicamente, de Santa Catarina. Com o seu João Negruni, famoso rabequista do folclore de Osório e outros informantes da região, pesquisei muito por lá com a querida Sônia Chemale, o professor Leonido Krey e o grande fotógrafo Léo Guerreiro, ou seja, a equipe do Instituto de Folclore da SEC, que eu então dirigia. Nessa pesquisa levantei todo o canto do Boi e todo o canto do Cavalo-Marinho, fragmentos do auto maior.
Ainda hoje, o ponto alto do ciclo natalino é o Terno de Reis. Há sensíveis diferenças entre os Ternos de Reis do eixo norte (de Porto Alegre a Torres) e os Ternos de Reis do eixo sul (de Porto Alegre a Camaquã). Basicamente o “tipe” só aparece no eixo norte, aquela voz aguda que dá uma nota alta e prolongada de dois em dois versos.
Do eixo norte também são a rabeca e o triângulo, este quase sempre um estribo de meia picaria percutido por uma chaira. No eixo sul aparece o tambor folclórico, parente do bombo leguero castelhano. A rigor, porém, em qualquer dos dois eixos, não há um terno igual ao outro, cada um tem suas características próprias ditadas pela liderança do Mestre.
Todos nós pesquisamos o Terno de Reis desde Enio de Freitas de Castro e Luiz Heitor de Azevedo, em 1946. Mas o grande campeão é Paixão Côrtes, o mais incansável, o que foi mais longe – honra lhe seja feita. Merece em destaque especial no ciclo natalino gaúcho o Terno de Atiradores dos alemães, os Cantori Della Stella dos italianos, o terno dos poloneses de Dom Feliciano com o diabo e tudo e o Terno dos Ucranianos aqui de Niterói, em Canoas.
Feliz 2012, gaúchos e gaúchas de todas as querências!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário