terça-feira, 1 de novembro de 2011



01 de novembro de 2011 | N° 16873
CLÁUDIO MORENO


Homens e mulheres (11)

24 – O sexo mais frágil – Quando a guerra contra a Fenícia estava no auge, foi aprovada uma lei de austeridade e economia que proibia a mulher romana de possuir mais de 30 gramas de ouro, usar tecidos caros ou multicoloridos e atrelar mais de um cavalo a suas carruagens.

Mesmo as damas mais poderosas acataram esta restrição ao seu luxo habitual, pois entenderam que estariam assim contribuindo para o esforço de guerra; vinte anos depois, porém, passado o perigo, dois tribunos propuseram que a lei fosse revogada, já que cessara sua razão de existir – e a confusão começou.

O tema parecia ser de pouca importância, mas teve o condão de inflamar os ânimos como fogo em palha seca. O Capitólio se dividiu rapidamente em duas facções irredutíveis, os que defendiam a lei e os que a ela se opunham, e os debates estavam começando a esquentar quando, para espanto de todos, as mulheres encheram a cidade com seus gritos de protesto.

As romanas, que só saíam de casa para participar de festas religiosas, desafiavam agora a autoridade dos maridos e ocupavam todas as ruas que levavam ao fórum, exigindo que os homens lhes devolvessem o prazer de se enfeitar novamente. Dia a dia o contingente feminino aumentava, reforçado por recém-chegadas das cidades vizinhas, e as manifestantes, cada vez mais ousadas, começaram a interpelar os cônsules, os pretores e os magistrados que passavam por ali.

Catão, o cônsul mais severo que Roma conheceu, esbravejava na tribuna, horrorizado, alertando os homens para o perigo que corriam. O quadro que pintava era terrível: por não terem mantido a autoridade em sua própria casa, os maridos iam conhecer o despotismo das mulheres. Não tinham encontrado coragem para enfrentá-las individualmente?

Pois agora iam sofrer o ataque de sua força coletiva. “Se abandonarmos o rigor das leis de nossos antepassados, que sabiamente limitavam os poderes femininos, estamos perdidos. Vocês acham que vão ficar por aqui? Se afrouxarmos agora, o que não haverão de tentar no futuro? No momento em que elas se tornarem nossas iguais, neste exato momento nós nos tornaremos seus escravos”.

25 – Questão de ponto de vista – Perguntava o jornalista à mulher de Debussy: “Madame, uns elogiam seu marido pela delicadeza das harmonias, outros pela transparência da orquestração, outros ainda pela sutileza das transições. E para a senhora, qual é a principal qualidade que ele tem?” – “Ah, ele é tão fofinho!”.

Lembrete: dia 16/11, na Casa de Ideias, começo um curso de quatro encontros intitulado “Todas as mulheres são Helena de Troia”. Mais detalhes no fone 3018-7740.

cmoreno@terra.com.br

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