Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
08 de junho de 2009
N° 15994 - LUIZ ANTONIO DE ASSIS BRASIL
Paranoia
Com repugnância e horror inteiramo-nos das violências sexuais praticadas dentro de casa contra menores. Não se trata de algo novo, pois aqui e ali tínhamos conhecimento desses crimes que, na maior parte dos casos, ficavam impunes. Seus autores, sob a invocação do pátrio poder, sentiam-se previamente perdoados ou, até, absolvidos. O corpo da criança era uma pertença e, como tal, passível de receber pancada ou outras e piores agressões.
A sociedade reagiu, e em bom momento providenciou-se legislação e jurisprudência categóricas. Ambas cumprem seus papéis, mandando para a cadeia os infratores – desde que cadeias existam, é claro. Tudo isso, infelizmente, faz parte de nossa vida – assim como o tráfico de drogas, a delinquência juvenil, a corrupção, a violência no trânsito – e devem ser urgente objeto de constante educação.
O que não precisa fazer parte de nossa vida, entretanto, é a paranoia – nitidamente importada – que ameaça invadir a sociedade brasileira. Como cultura dependente do modelo norte-americano, tudo que acontece lá acaba por acontecer aqui: os verbos da língua portuguesa abusar e molestar tiveram seu sentido alterado, assumindo uma canhestra adaptação semântica dos verbos to abuse e to molest.
Em lares pobres ou ricos instaura-se artificialmente uma desconfiança perversa, capaz de infectar e destruir a vida familiar. Em ações de divórcio, cônjuges estão a invocar a todo instante “abusos” contra os filhos por parte de seus parceiros.
Pais – e também avós – manifestam sua ternura através de palavras e demonstrações de afeição física, como o abraço carinhoso, a mão no ombro. Convenhamos: avós não desencaminham suas netas; pais não violam suas filhas.
Avós ensinam; pais protegem. Tudo isso faz parte do mecanismo secular de aproximação entre os seres humanos. No saudável modo brasileiro de entender a vida, externar o afeto é parte de nossa cultura. Afinal, somos cordiais [do latim cor, cordis = coração], como bem definiu Sérgio Buarque de Holanda, isto é, agimos com o coração.
Assim como coibimos o delito e educamos, devemos proteger o afeto entre familiares, este sim construtivo e gerador do bem e fator de segurança psíquica para os seres em formação. Uma coisa é o delito; outra coisa é a paranoia. Pensemos nisso, antes que não sejamos presos em flagrante por oferecermos um doce a uma criança.
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