quinta-feira, 6 de março de 2025



06 de Março de 2025
ARTIGOS

Todo Carnaval tem seu fim

Em janeiro de 2024, naquela lista de resoluções de ano novo, você prometeu separar o lixo em casa. Porque é inacreditável que somente 9% do plástico seja reciclado no planeta, segundo o Center for Climate Integrity, e, no Brasil, apenas 1,3%. Mas aí veio a loucura do início do ano e a gente sabe como é: chegou a Páscoa e nada tinha mudado. 

Então você ficou sabendo que o cultivo de cacau é uma das principais causas por trás do índice de desmatamento na Costa do Marfim, principal produtor do mundo - dados do Banco Mundial mostram que o país perdeu 80% de sua cobertura florestal nos últimos 50 anos. E descobriu que a produção de cacau no Brasil está associada a trabalho análogo à escravidão e exploração de mão de obra infantil, denunciada já em 2019 pelo Ministério Público do Trabalho. Compras já feitas, a decisão de repensar ficou para o próximo ano. 

Chegou o frio e, mais uma vez, você não se lembrou das roupas esquecidas em um canto inacessível do armário e comprou várias para a nova estação. Soube que no planeta há roupa suficiente para vestir as próximas seis gerações e prometeu fazer diferente. No ano que vem. Às vésperas do verão, a surpresa veio pelo preço das frutas e hortaliças. E o absurdo do preço do café? Pois é, a produção agrícola é muito afetada pelas mudanças climáticas, o que impacta diretamente os preços dos alimentos. 

A forma insustentável de produção aumenta a crise que, por sua vez, afeta a produtividade, reforçando a espiral negativa. A FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura - tem uma lista de atitudes que todos podemos fazer para fazer frente a esse desafio: reduzir o desperdício de alimentos e o consumo excessivo de água e energia, entre outros. E logo agora que chegamos nas festas de final de ano? Mas no próximo vai dar certo.

Já estamos em 2025 e o Carnaval acabou - ele sempre acaba, como diz a música do Camelo - e o ano vai realmente começar. E não, não dá para brincar de ser feliz. Para ser feliz é preciso agir na direção certa. 

Gabriela Ferreira - Consultora em inovação e professora da PUCRS

RS pode ser o líder da nova economia prateada

Temos a maior participação da população com 60 anos ou mais na sua composição. Com 21% nesta faixa etária, somos um a cada cinco habitantes dentro do que chamamos de economia prateada. O Brasil segue o mesmo caminho e já tem 17% da sua população neste grupo.

Em 2024 os primeiros geração X "sessentaram" e isso coloca três gerações dentro deste grupo etário. A geração silenciosa, ou como chamo, os teen boomers, crianças ao final da Segunda Guerra que assistiram à chegada dos baby boomers e agora os primeiros anos da geração X. O livro Shopper60+ trata disso e mostra os 60 anos como um marcador de importantes e naturais mudanças nos sentidos e na cognição. É neste pilar que o aging in market, conceito vital para preparar marcas, produtos e serviços a um país onde teremos um em cada quatro habitantes com 60 anos ou mais, irá acelerar a curva de aprendizado.

O RS e sua capacidade de inovação e indústrias que colocam seus produtos em todos os cantos do Brasil e do mundo têm enorme potencial em inovar, ajustar, adaptar-se e ser líder em design de produtos, equipamentos e funcionalidade adequados para este público.

É daqui a mais longa pesquisa de coorte populacional sobre longevidade da América Latina, que há 30 anos mapeia e estuda o estilo de vida dos longevos e virou o livro A Trilha da Longevidade Brasileira. É do RS a primeira consultoria de marketing e negócios especializada em mercado e consumo 60+ do país. Escolheu o RS para seu lar e para transformar a medicina, o professor doutor Yukio Moriguchi, 99 anos, o pai da geriatria no Brasil. É do nosso Estado o primeiro selo para produtos, embalagens, equipamentos e calçados para uso de pessoas com 60 anos ou mais, a certificação funcional. É do RS o primeiro núcleo para collabs com a indústria de produtos destinados ao bem-estar sênior e o marketing 60+, que nasceu aqui e já virou matéria nacional na FGV.

O Estado tem tudo para transformar um movimento demográfico irreversível em um diferencial estratégico único e se habilitar a liderar um mercado trilionário no país. _

Martin Henkel - CEO da SeniorLab e professor na FGV

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