sexta-feira, 31 de outubro de 2025



31 de Outubro de 2025
MARCO MATOS

Sem culpa por dizer adeus. Solte o que não te faz bem. Deixe no passado tudo aquilo que te atrasa. Abra espaço na tua vida para o que você ainda nem imagina o quanto vai te fazer bem. Nenhum de nós consegue estar verdadeiramente conectado a dezenas de coisas, atividades e pessoas ao mesmo tempo. Fazemos escolhas.

Definimos prioridades. O que é imprescindível para que a rotina siga o fluxo que precisa seguir. Encaixamos nas nossas vidas pessoas por quem temos carinho, afeto, paixão. Encontramos o que fazer a todo instante.

Por mais que a gente deseje o que é perfeito, às vezes, ao nosso redor, soa um sinal de alerta. Nem tudo faz bem o tempo inteiro. É preciso entender que as pessoas mudam. O tempo todo.

Não somos os mesmos de cinco anos atrás. Nem eu, nem você, nem quem te cerca. Será que quem você se tornou ainda tem afinidade com quem se tornou aquela pessoa que te acompanha? Vale para colega de trabalho, amigo, namorado, marido.

Quem te incentiva a seguir o teu propósito? Quem te afasta dos teus objetivos? O que te aproxima do que você quer para si? E o que te distancia disso? Dói perceber que rupturas são necessárias. Mas elas são. E não se trata de descartar pessoas que "serviram" por algum tempo. É sobre alinhar tua jornada à expectativa que você tem para ti.

O meio em que estamos inseridos determina muito, senão tudo, do que somos. Pai e mãe sempre disseram: "Me diga com quem andas e te direi quem és." Faz todo sentido.

Não jogue nas costas de uma falsa lealdade a falta de coragem de partir. O que está pesado demais não se sustenta sem adoecer.

E por que, então, em alguns momentos, a gente adoece? Porque as nossas relações adoecem. A gente se acomoda, sorri menos, vai deixando de ser quem é. Deixa de remar em direção aos próprios sonhos.

Não te culpe por dizer adeus. Por partir sem remorso. Solta. Larga de mão. Vai. Não olhe para trás. Olhe para dentro.

Veja o mundo com os teus princípios e valores. E tudo bem se errar ali na frente. Ninguém se arrepende por fazer o melhor por si mesmo. Mas quantas vezes a gente se rasga por ter entregado tudo a alguém que nem deu valor?

Não corra atrás de um "obrigado", de uma validação boba de quem talvez nem te valorize como você imagina.

Corra atrás de tranquilidade. E do teu próprio sorriso. _

MARCO MATOS

 
31 de Outubro de 2025
OPINIÃO RBS

OPINIÃO RBS

Concessões, a opção lógica

O governo gaúcho anunciou nesta semana o lançamento do edital de concessão do bloco 2 de rodovias estaduais, com leilão previsto para março do próximo ano, e apresentou os detalhes sobre o bloco 1, que em novembro passa pela fase de consultas públicas. Somados, receberão um investimento de R$ 12 bilhões. Os futuros concessionários entrarão com R$ 9 bilhões e o Estado com R$ 3 bilhões, para reduzir as tarifas para os motoristas. As melhorias incluem duplicações, terceiras faixas, obras para deixar as vias mais resistentes a intempéries, sinalização e serviços aos usuários. Ainda que o tema dos pedágios seja controverso no Rio Grande do Sul, é preciso ser realista. Não há uma saída factível para melhorar a malha rodoviária sem a participação da iniciativa privada.

O quadro das finanças gaúchas não é tão dramático como ao final da década anterior, quando nem os salários estavam em dia, mas a capacidade de investimento segue muito aquém do razoável. Os recursos disponíveis devem ser prioritariamente alocados para áreas em que a atuação do poder público é essencial, como segurança, saúde e educação. Onde for possível ter parcerias, como na infraestrutura, esse é um caminho a ser considerado. O dinheiro obtido pelos leilões, aliás, ajuda o Estado a custear projetos estruturantes de interesse coletivo.

Tanto o Piratini como a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), empresa pública que administra as vias pedagiadas do Estado, não dispõem de meios para ampliar a capacidade da malha e promover melhorias que tragam ganhos competitivos para a economia e maior segurança aos viajantes. A gestão estatal, ademais, é lenta para as mais simples contratações e compras. Diferente da iniciativa privada, que conta com capital e não é sujeita às amarras burocráticas próprias do poder público.

As concessões têm sido a opção preferencial dos Estados e da União. O próprio governo federal, hoje de orientação à esquerda, recorre a este instrumento para as estradas sem constrangimento. O planejamento inclui encerrar o ano com 10 leilões e repetir o número em 2026. As concessões do próximo ano, prevê a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), devem gerar investimentos de R$ 100 bilhões em três décadas.

O bloco 1 das rodovias que serão concedidas pelo Estado contempla Região Metropolitana, Litoral Norte e Serra. O bloco 2 tem vias no Vale do Taquari e no norte gaúcho. Ambos preveem 30 anos de concessões e pedágio free flow. Os aportes do Estado sairão do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs).

Olhando-se com pragmatismo, não deve haver dúvida na escolha entre manter a situação vigente de estradas saturadas e com conservação deficiente - o que gera custos indiretos aos cidadãos, amplia o risco de acidentes e mina a competitividade do RS - e aceitar a gestão privada. Não a qualquer custo, ressalte-se. A modelagem tem de buscar a modicidade tarifária e compromissos com obras e serviços. Ao mesmo tempo, assegurar a geração de recursos para a realização dos investimentos previstos e a remuneração do capital. Outro papel vital é o da regulação, para fiscalizar os contratos e equilibrar deveres e direitos do poder concedente, dos concessionários e dos usuários. 



31 de Outubro de 2025
ECONOMIA

RS cria 3,9 mil vagas de emprego em setembro

Economia - Caroline Garske

Resultado representa uma recuperação em relação a agosto, que teve saldo negativo. Setor de serviços puxou o desempenho. Indústria demitiu mais

O Rio Grande do Sul registrou saldo positivo de 3.890 postos de emprego formal em setembro, segundo dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) ontem.

O número foi alcançado após as 129.230 admissões e os 125.340 desligamentos que ocorreram no Estado durante o mês passado.

O resultado de setembro é considerado positivo, depois de um agosto marcado pelo recuo no mercado de trabalho do Rio Grande do Sul. No oitavo mês do ano, foi registrado o fechamento de 1.648 vagas.

Dos cinco grandes setores, a indústria foi o único que apresentou saldo negativo, com 29.488 admissões e 31.583 desligamentos, resultando em um saldo negativo de 2.095 vagas.

O setor de serviços puxou a alta, com 2.827 vagas criadas, resultado de 50.609 admissões e 47.782 desligamentos. No comércio, foram 33.610 admissões e 32.658 desligamentos, ou seja, saldo positivo de 952.

No setor da Construção, foram 9.498 admissões e 8.489 desligamentos, resultando no saldo positivo de 1.009 vagas. Já na Agropecuária, foram 6.025 admissões frente a 4.828 desligamentos, saldo de 1.197 empregos.

No país

Em todo o país, 213.002 postos de trabalho com carteira assinada foram abertos em setembro. O desempenho também foi puxado pelo setor de serviços, com 106.606 postos. A indústria registrou o segundo maior saldo (43.095)

No comércio, foram 36.280 vagas criadas, enquanto na construção foram 23.855 e, na agropecuária, 3.167. O saldo líquido de emprego formal de janeiro a setembro é positivo em 1.716.600 postos. 



31 de Outubro de 2025
POLÍTICA E PODER - Rosane de Oliveira

Rio causa saia-justa para governadores

A operação que resultou na morte de pelo menos 121 pessoas nos complexos da Penha e do Alemão criou uma saia-justa para governadores de outros Estados que não concordam com a mortandade, mas também não querem passar a ideia de que estão "defendendo bandidos" - até porque não estão.

Eduardo Leite é um desses governadores. Ele não compactua com a tese de que "bandido bom é bandido morto", mas sabe que qualquer palavra mal-empregada pode ser interpretada como aval sem ressalvas à ação da polícia ou leniência com os criminosos do Comando Vermelho.

Isso explica a decisão de Leite de não ir ao Rio e sua declaração do tipo "morde e assopra", dada ontem em Estação. Disse Leite:

- O Rio de Janeiro tem um contexto muito específico, com lugares onde a polícia tem muita dificuldade de entrar, o que não acontece no Rio Grande do Sul. O papel do Estado não é matar ou exterminar, é prender e dar consequências a essas pessoas. Agora, se há resistência à prisão ou enfrentamento à polícia, acontecem essas situações absolutamente indesejáveis.

Leite alegou que não foi ao Rio por questões de logística. Não é mentira, mas também não é toda a verdade. Mesmo que dispusesse de um jatinho, Leite certamente teria preferido manter o compromisso na escola de Estação, alvo recente de um ataque que traumatizou a comunidade.

Neste momento em que o mundo questiona a ação considerada "um sucesso" pelo governador do Rio, aparecer na foto com Cláudio Castro pode passar a ideia de alinhamento com uma visão de segurança pública resumida na expressão "tiro na cabecinha". É a visão de uma parte considerável da sociedade, que não acredita na Justiça.

Identidade dos mortos ainda é desconhecida

A versão oficial da polícia do Rio é de que todos os 117 mortos eram bandidos que reagiram à abordagem policial. Evidentemente há entre os mortos criminosos bárbaros, em quem a polícia atirou porque reagiram com fuzis e metralhadoras.

Não se conhece a identidade de todos os mortos. Qualquer coisa definitiva que se diga antes da necropsia e da conclusão da investigação é precipitada. _

Lajeado pela Paz

O Pacto Lajeado pela Paz recebeu o primeiro lugar na categoria Segurança Pública no 7º Prêmio Boas Práticas da Famurs, que foi entregue na quarta-feira, em Nova Petrópolis.

Em 2019, quando o programa baseado na construção de uma cultura de paz começou, inspirado no sucesso de Pelotas, Lajeado registrou 20 homicídios dolosos. Em 2025, foram seis até agosto. Os roubos a pedestres caíram de 69 em 2019 para apenas nove neste ano, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado. _

Piratini apresenta plano em resposta à tragédia de Estação

O governo do Estado concluiu o plano de contingência para o município de Estação, em resposta ao ataque de 8 de julho, na Escola Estadual Maria Nascimento Giacomazzi, onde um aluno de nove anos morreu e outros dois ficaram feridos.

Ontem, o governador Eduardo Leite foi ao município para entregar em mãos ao prefeito Geverson Zimmermann o documento, que agrega medidas de proteção à comunidade escolar articuladas por nove secretarias.

O plano elenca ações imediatas, que estão em curso ou já foram concluídas, como reforço do policiamento e criação de patrulha escolar, além de programas de prevenção e diálogo com jovens.

Também prevê capacitação de conselheiros tutelares, formação de profissionais da educação e apoio psicossocial às famílias atingidas.

A longo prazo, há medidas voltadas à cultura (como a contratação de um show de Natal com concerto da Ospa, a montagem de uma sala de cinema e a criação de um museu) e ao esporte (com a reforma de um ginásio), além da capacitação para oferecer primeiros socorros em emergências.

- Nosso objetivo é garantir que cada escola seja um espaço seguro, acolhedor e de esperança - disse o governador. _

Escola em reforma

A reforma do prédio da Escola Estadual Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, fechada desde 2020, já está em andamento. O local vai abrigar uma nova instituição gerida pelo município e dedicada ao ensino infantil, com oferta de 200 vagas para crianças de zero a cinco anos. A reabertura está prevista para a metade do ano que vem.

Os custos da obra, de R$ 9 milhões, estão sendo pagos pelo Fundo Luz Alliance, criado pela modelo gaúcha Gisele Bündchen em parceria com a organização BrazilFoundation. _

Nos bastidores do PT circula a informação de que o senador Paulo Paim poderá ser convidado pelo presidente Lula para assumir o Ministério da Igualdade Racial. A ministra Anielle Franco deixará o cargo para concorrer na eleição de 2026.

Aliás

A campanha eleitoral de 2026 deverá ter a segurança pública como foco em todos os níveis, porque essa é uma preocupação legítima dos brasileiros.

O risco é cair na simplificação de achar que operações letais como as do Rio são mais eficazes do que a asfixia financeira e o combate ao tráfico de armas.

Os grandes chefões do tráfico vivem no morro e nem estão entre os mortos.

inovação

A Escola Estadual Professora Maria Thereza, no bairro Mont?Serrat, renascerá nos próximos dias como Criatec - Escola Técnica em Audiovisual e Economia Criativa. O projeto será apresentado na próxima semana. O espaço surge a partir de análises que identificaram uma carência significativa de qualificação voltada às demandas do setor, especialmente em Porto Alegre.

Ao anular a lei da "escola sem partido" na Capital, o TJ analisou conjuntamente ao processo movido pelo PSOL outras duas ações similares: uma do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) e outra da Defensoria Pública.

POLÍTICA E PODER


31 de Outubro de 2025
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

"Essa operação no Rio tem cheiro eleitoral", diz jurista

Ex-secretário nacional de Justiça e ex-secretário- executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), o jurista Paulo Abrão afirmou à coluna que a operação que resultou na morte de 121 pessoas no Rio de Janeiro nesta semana é "um fracasso retumbante":

- Essa operação mais letal da história do Rio tem cheiro eleitoral. Um fracasso retumbante. Segurança não se faz com derramamento de sangue. Os sucessivos massacres nas periferias nunca mudaram a realidade de violência, que a cada ano só piora.

Segundo ele, no Brasil, tanto a direita quanto a esquerda têm uma dívida para apresentar à sociedade uma resposta satisfatória.

- A linha populista e tradicional da direita já sabemos que nunca funcionou e só piorou: intervenção federal militar, facilitação de acesso a armas, operações de guerra letais nas comunidades, aumento de penas. Desta vez, querem desviar o foco das propostas para uma abordagem antiterrorista que, além de tecnicamente absurda, empurraria o Brasil para um desastre como a Colômbia dos anos 90. Por sua vez, a resposta mais global dada pela esquerda, que foi a experiência do Pronasci/UPPs, até teve uma abordagem mais integral, chegou a bons resultados iniciais, mas não foi completa, durou pouco e a sua implementação integral foi interrompida pela própria esquerda - acrescentou.

Abrão salienta que é possível construir uma política de segurança baseada em evidências científicas e nas boas práticas comparadas, com o uso de ferramentas de inteligência, com o estrangulamento financeiro das organizações criminosas e pela via da cooperação internacional sobre as fronteiras:

- O nosso país em particular, desde a redemocratização, tem pendente uma crucial revisão profunda no sistema de polícia, que não pode mais ser protelada. Precisamos de um novo Pacto Social de Segurança, construído com articulação e coordenação dos poderes instituídos, dos governos, das organizações sociais e do campo científico. O jurista participou, na última sexta-feira, da abertura da 7ª Conferência Estadual de Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, realizada em Porto Alegre. 

A Fiergs na COP30

O Sistema Fiergs definiu sua presença na COP30, em Belém. Entre as iniciativas que serão levadas estão estudos sobre irrigação e transição energética justa. A entidade integrará o estande da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que concentra uma série de debates ligados ao desenvolvimento industrial.

- A indústria gaúcha está atenta às demandas atuais de preservação ambiental e sustentabilidade. Participar da COP30 é uma forma de contribuir com as principais discussões e ajudar a apontar caminhos e soluções para desafios importantes, como o déficit hídrico em regiões do Rio Grande do Sul e os impactos da transição energética, sem deixar de lado o desenvolvimento econômico - diz o presidente do Sistema Fiergs, Claudio Bier, que estará presente em Belém.

A Fiergs também levará à COP30 outros assuntos relevantes para o desenvolvimento econômico sustentável, como reuso de efluentes para abastecimento industrial, fomento à logística de baixo carbono, o observatório da Agroindústria do Estado e o tema do zoneamento ambiental da silvicultura (ZAS). _

Composteira gigante deve chegar a Belém no dia 5

RS e gases de efeito estufa

RS e gases de efeito estufa 2

O inventário é desenvolvido pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), por meio da Assessoria do Clima, em parceria com o Iclei - Governos Locais pela Sustentabilidade. _

BOA NOTÍCIA

O Curso de Acesso Afirmativo à Carreira da Magistratura, promovido pela Escola da Magistratura da Ajuris, foi o vencedor da categoria CNJ - Equidade Racial na 22ª edição do Prêmio Innovare, que reconhece as melhores práticas no sistema de Justiça no país. O projeto é coordenado pelas juízas Flávia Marciano Monteiro e Patrícia Antunes Laydner e oferece preparação completa e gratuita para candidatos negros e indígenas para concursos da magistratura, com mentoria feita por um grupo de juízes. A primeira turma está concluindo suas atividades.

INFORME ESPECIAL

quinta-feira, 30 de outubro de 2025


30 de Outubro de 2025
CARPINEJAR

Vitória

Você poderia supor que era a Guerra da Ucrânia - drones arremessando bombas, 200 disparos por minuto, centenas de vítimas, 81 pessoas rendidas e presas, barricadas com veículos virados, 120 linhas de coletivo com itinerários afetados, motoristas desesperados andando de ré, universidades com aulas canceladas, serviço público suspenso, cidade parada e esfumaçada -, mas a carnificina fazia parte de uma tarde modorrenta do Rio de Janeiro, resultado de uma megaoperação contra o Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte.

Esta foi a operação mais letal do país. Até o momento, causou 121 mortes oficiais. Já ultrapassou o massacre do Carandiru, em São Paulo (111 mortos). De acordo com a Defensoria Pública, o número vai extrapolar 130 óbitos.

Aliás, as dezenas de corpos expostos na rua, enfileirados, cobrindo uma quadra inteira, constituem uma imagem gêmea da fotografia impactante e icônica da pilha de cadáveres no pátio do antigo presídio paulista.

Chamada "Contenção", trata-se de uma iniciativa permanente do governo estadual de combate ao avanço do CV por territórios fluminenses.

Na terça-feira, 2,5 mil agentes das forças de segurança saíram para cumprir quase cem mandados de prisão. Quatro policiais tombaram na batalha campal - dois civis e dois militares. O tráfico revidou interditando a Linha Amarela e a Vermelha.

A novela da subida aos morros é cíclica. Há 15 anos, ocorreu uma grande repercussão da reocupação do Complexo do Alemão, com a cena clássica dos traficantes debandando em massa, abandonando seus domínios, fugindo por esgotos. O saldo do conflito urbano consistiu em 39 suspeitos abatidos e na perda de dois policiais - nem a metade do confronto desta semana.

Parecia um triunfo estatal sobre o crime organizado. Implantaram-se as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nos locais reconquistados, com a promessa de um monitoramento de proximidade - sem tiroteios, com menos armamento e maior contato com os moradores. A pacificação não resistiu nem por uma década.

Na época, o então secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, afirmou que destruía a "invencibilidade" da facção. Numa demonstração ufanista, uma bandeira do Brasil foi hasteada ao alto do teleférico.

Cantou-se a vitória excessivamente cedo. Uma ação de fora para dentro das comunidades não surtiria efeito duradouro - não suplantaria a influência dos representantes nativos. Um filme deste ano que, infelizmente, deixou as salas de cinema de forma discreta, Vitória, de Andrucha Waddington e Breno Silveira, interpretado pela nonagenária Fernanda Montenegro, descortina a insalubridade social na Cidade Maravilhosa.

O longa retrata Nina, uma aposentada. Cansada de ser alvo de balas perdidas em seu apartamento, percebendo que nenhuma autoridade tomava providências para desarmar a quadrilha no pé da favela, ela decide filmar a rotina de queima de arquivos. Conhece a burocracia das mentiras, enfrenta o boicote dos vizinhos que não desejam desafiar a lei do mais forte e, por fim, descobre tramas além do que imaginava, com a presença de infiltrados por todas as áreas.

Qualquer produção sobre o Rio dispensa o receio de spoilers. Já sabemos o que vai acontecer. Evidentemente, o drama se baseia numa história real, contada no livro Dona Vitória da Paz, sobre uma senhora de 80 anos que denunciou um esquema na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana.

A fantasia jamais supera a realidade. Há muito tempo, vive-se uma guerra civil. Só mudam o nome e os personagens. 

CARPINEJAR


30 de Outubro de 2025
OPINIÃO RBS

Caso do Rio deve ser um ponto de inflexão

Não há como deixar de ficar espantado com as cenas de guerra na cidade do Rio de Janeiro, na terça-feira, durante a operação das forças de segurança fluminenses que se tornou a mais letal da história do país. A ação com 2,5 mil agentes policiais militares e civis, para cumprir cem mandados de prisão e 150 de busca e apreensão contra o Comando Vermelho, terminou com ao menos 121 mortos. Quatro policiais tombaram na reação dos traficantes dos complexos da Penha e do Alemão.

Ofensivas pela força ocorrem há décadas nas favelas do Rio e não debelam a criminalidade e o tráfico. Facções como o Comando Vermelho, mesmo com a prisão de lideranças, mostram-se capazes de resistir às incursões armadas e de se reorganizar. Mais do que sobreviver, expandem a atuação para outros territórios, com conexões inclusive no Exterior, e se fortalecem com novos negócios ilícitos e infiltração em instituições. Nos morros, os soldados do tráfico mortos são rapidamente substituídos por outros jovens que vivem em meio à pobreza, à desesperança e à ausência do Estado. Operações como a de terça matam e prendem criminosos, mas também, como efeito colateral, vitimam inocentes e fazem com que policiais não voltem para as suas famílias.

No Rio, o mal não será arrancado pela raiz sem um plano estruturado e de longo prazo que aborde as mais diferentes faces do problema. Não basta o Estado ocupar ocasionalmente uma comunidade com polícia e, pouco depois, abandoná-la. São necessárias políticas permanentes que ofereçam cidadania, serviços sociais, oportunidades de renda e segurança. 

O Rio chegou perto com as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), criadas em 2008. Além do policiamento comunitário, prometiam atendimento nas demais áreas de atuação do Estado. Diminuíram a violência onde foram instaladas, mas no início da década seguinte colapsaram com denúncias de corrupção, abusos de poder e conflitos entre policiais e traficantes. Os velhos vícios que tornaram a segurança pública do Rio falida falaram mais alto. Ainda assim, são um modelo que pode ser revisitado, com olhar especial para prevenir os aspectos que a levaram a fracassar.

O caso do Rio também volta a escancarar que se tornou inadiável uma participação maior da União em apoio aos Estados. A PEC da Segurança, em tramitação no Congresso, merece debate mais sério. A proposta prevê maior integração entre órgãos federais e estaduais e uma coordenação nacional no combate às organizações criminosas. Se existem impasses sobre pontos do texto, que sejam discutidos e aperfeiçoados. 

O certo é que, com o fortalecimento e a sofisticação das grandes facções, que se imiscuem nas instituições e avançam sobre a economia formal, o enfrentamento efetivo depende de mais uso da inteligência policial, da colaboração de órgãos que rastreiam movimentações financeiras e da associação federativa. Politizar o tema, minando a cooperação, apenas fará com que os conglomerados do crime continuem poderosamente armados e a se expandir, enquanto a população permanecerá sob o fogo cruzado. O episódio estarrecedor desta terça-feira, portanto, deve servir como um ponto de inflexão. Ontem, Estado e governo federal anunciaram um Escritório Emergencial de Enfrentamento ao Crime Organizado. A conferir os desdobramentos práticos. _

OPINIÃO RBS

30 de Outubro de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

A nova batalha da isenção de IR até R$ 5 mil

Depois da aprovação unânime da isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil na Câmara dos Deputados, incluída a compensação do imposto mínimo, surgiu uma nova batalha no Senado, que tem votação do tema prevista para hoje. Nas contas do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), da forma como saiu da outra Casa, o projeto provocaria perda de arrecadação que estima de R$ 1 bilhão a R$ 2 bilhões.

Neste caso, personagens importam. Calheiros, relator do projeto no Senado, é adversário político direto do relator do projeto na Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que deixou sua digital no texto ao estender efeitos para quem ganha até R$ 7.350. Pode ser uma saudável preocupação fiscal? Pode, mas...

Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniu-se com Calheiros e saiu dizendo que há outras projeções de falta de compensação, como a da Instituição Fiscal Independente (IFI) - a mesma que aponta rombo de R$ 27,1 bilhões neste ano - e outra de técnicos do Senado.

Para zerar perdas, mais uma votação

- O Senado pode dar sua contribuição aprovando um projeto complementar para não colocar em risco a neutralidade fiscal - disse Haddad.

Mas o próprio ministro relativizou o cálculo porque, caso seja necessário um projeto complementar, será preciso uma nova votação na Câmara. Essa nova rodada ameaça, ao mesmo tempo, a aprovação completa neste ano, para entrar em vigor no próximo, e a relação entre governo e Congresso.

- Vamos analisar com cautela, uma vez que estamos muito próximos do equilíbrio. Vamos bater os cálculos na Fazenda - condicionou Haddad.

A menos que o rombo seja significativo, o governo tende a relativizar a necessidade de mexer no projeto. Segundo Haddad, com nova receita prevista em R$ 31 bilhões, até R$ 4 bilhões de perdas seriam "facilmente ajustáveis", porque o balanço estaria "perto da neutralidade fiscal exigida em lei". A IFI estima perda de R$ 1 bilhão, mas adverte que há "incerteza relevante quanto ao resultado final, com risco concreto de perda". _

Com corte de juro nos EUA, a bolsa teve novo recorde, com alta de 0,8%, para 148,6 mil pontos. O dólar ficou quase estável (-0,03%), em R$ 5,358, porque houve sinalização de dúvidas na diretoria do Fed sobre a decisão de dezembro.

Combate desorganizado ao crime organizado

Há quase exatos dois meses, uma operação da Polícia Federal desmontou um esquema criminoso que controlava de postos de combustíveis a usinas de etanol, alcançando infiltração até na Faria Lima, símbolo do mercado financeiro no Brasil. Nenhum tiro foi disparado.

Ontem, o Brasil acordou assombrado com dezenas de corpos enfileirados, não contabilizados na intervenção policial mais letal da história do Rio de Janeiro, que já acumulava meia centena de mortes. Depois, passou de cem.

É claro que as duas mobilizações têm objetivo e caráter diferentes. A que foi deflagrada nos complexos do Alemão e da Penha visava a retomada de territórios ocupados pelo narcotráfico, onde o poder público não entra. O caminho foi aberto a bala, provocando danos colaterais a famílias, escolas, negócios. E assim que a polícia sair, os traficantes voltam. Foi um combate desorganizado ao crime organizado. É óbvio que é preciso impedir que cidadãos sejam obrigados a prestar contas a narcotraficantes e não às instituições públicas, mas a repetição piorada dessas cenas é a prova de sua ineficiência.

Impedir que criminosos ocupem áreas e obstruam o acesso institucional é questão de soberania nacional. Fazer isso no varejo, com alto risco inclusive para quem é vítima dessa circunstância, é uma fórmula repetida há décadas, com resultados sempre piores. Essa tragédia foi grande demais para ser página virada. Precisa desembocar em um acordo mínimo entre a União e Estados que passa pelo projeto Antifacção, ainda que com ajustes. _

Enfim, redução industrial de custos com impressão 3D

Depois da fase "bacanice", a impressão 3D agora fala sério: a Stihl de São Leopoldo adotou a tecnologia na produção de itens de baixa complexidade, com boa redução de custos.

Em 2024, investiu R$ 60 mil para comprar quatro impressoras. Em cerca de três meses, já teve retorno do valor. Estima ter economizado R$ 1 milhão com a iniciativa, descontados todos os custos de aquisição, matéria-prima, energia e tempo de trabalho dos profissionais.

A empresa usa filamentos de plástico como matéria-prima para fabricar embalagens, dispositivos e ferramentas que antes eram adquiridos de fornecedores e apresentavam custo e prazo de entrega elevados. _

R$ 3 milhões para projetos sociais

O Sescoop/RS lança hoje seu edital do Fundo Social 2026, que vai destinar R$ 3 milhões a projetos sociais de cooperativas gaúchas. Busca fortalecer os pilares social e ambiental da agenda ESG, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e o sétimo princípio do cooperativismo: interesse pela comunidade.

Em três edições, o Fundo Social destinou R$ 8 milhões para projetos de responsabilidade socioambiental e cooperativismo. Entre as 17 iniciativas apoiadas neste ano, estão o Multiplicadores Lixo Zero, da Cooperconcórdia, e o Batalhão do Bem, da Unicred Ponto Capital - ambos selecionados para participar da COP30, em Belém.

Cooperativas interessadas podem se inscrever até 30 de novembro. O resultado sai em 23 de janeiro de 2026. _

Tivemos visões muito divergentes, e uma nova redução (do juro) em dezembro não é uma decisão previsível. Longe disso.

Jerome Powell - Presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) - carona pra firma

Com presença em cerca de 30 países e usada por ao redor de 400 empresas, a Deskbee, nascida no RS, lançou módulo de carona corporativa. A ideia é conectar colaboradores da mesma empresa para compartilhar trajetos ao trabalho. O BeeBynd está conectado à plataforma que se apresenta como líder no Brasil em tecnologia para gestão de espaços e trabalho híbrido. Mira deslocamento colaborativo, com menos estresse e menor impacto ambiental.

GPS DA ECONOMIA

30 de Outubro de 2025
SUA SEGURANÇA

Humberto Trezzi

Matança não é uma solução inteligente contra o crime

Qual foi a lógica da operação contra o Comando Vermelho? Já sabemos que era planejada há meses, até porque algo precisava ser feito para deter a expansão da facção, que hoje domina a maioria das comunidades das zonas norte e oeste do Rio. Mas eram necessárias tantas mortes?

Duas hipóteses sobressaem. Uma delas é que os policiais perderam o controle emocional, após terem quatro colegas assassinados, além de outros feridos. Vídeos mostram agentes reclamando que a operação "vazou" e que foram surpreendidos pela balaceira dos traficantes.

A outra hipótese é que a intenção das autoridades era matar os bandidos e não prendê-los. São mais suspeitos mortos do que presos. Essa é uma lógica de guerra, porque ações policiais devem priorizar prisões e não o extermínio.

Muitos questionam: e qual o problema de matar bandidos? Em primeiro lugar, é preciso saber se são todos criminosos. Vídeos mostram quadrilheiros em fuga em direção à mata acompanhados de mulheres e crianças. Assassinato de inocentes é crime de guerra.

Não é questão de lamentar a morte de bandido, porque esse assumiu o risco. Mas matar criminoso traz um problema de ordem prática: o bandido morto é rapidamente substituído. É uma solução burra.

Existe saída? Talvez. Assisti à criação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), postos policiais semeados nas principais comunidades do Rio. Durante anos foram um sucesso. Junto foram implantadas quadras esportivas, cursos profissionalizantes e escolas de turno integral. Como tudo, o projeto sofreu desgastes e padeceu com denúncias de corrupção. Mas é a melhor experiência já realizada no Brasil para diminuir a territorialidade do crime organizado. _

SUA SEGURANÇA

30 de Outubro de 2025
INFORME ESPECIAL -  Rodrigo Lopes

Mais um golpe na imagem do Brasil

Quando o coronel Nascimento, personagem de Tropa de Elite 2, comanda do alto de um helicóptero a ocupação de uma favela carioca, o Brasil vive o auge do discurso da "paciicação". O Rio precisava se tornar uma cidade vitrine - segura, limpa, vendável. Às vésperas dos Jogos Pan-Americanos e, depois, das Olimpíadas, a imagem internacional valia mais do que o debate interno sobre desigualdade. Mais de uma década depois, o país se prepara para receber a COP30, a conferência global do clima. O palco agora é Belém, mas o roteiro é semelhante: o Brasil quer provar ao mundo que é potência ambiental e moral, líder na transição verde e na justiça climática.

No entanto, como no filme, a lente internacional revela contradições: enquanto se promete salvar florestas, o país ainda não aprendeu a salvar seus cidadãos da violência estatal e das operações que transformam comunidades em zonas de guerra.

A fotografia da COP30 que o Brasil deseja mostrar é de um país que lidera a justiça climática, que articula soluções para o futuro. Mas essa imagem omite o passado e o presente da violência. É incompleta e incoerente. A verdadeira imagem da nação, no palco global, depende de como ela trata internamente as desigualdades sociais.

O massacre da Penha na segunda-feira, no Rio de Janeiro, é um alerta brutal de que a "terra do futuro" convive com um "passado mal resolvido".

A imagem de corpos perfilados na Penha não é apenas icônica do 28 de outubro de 2025. Traz na memória outros morticínios históricos no país. O Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa, principal cartão postal do Brasil, carrega o ônus e o bônus dessa alcunha: é a cidade brasileira mais conhecida no planeta, mas, ao mesmo tempo, palco simbólico de um Estado que mata. Vigário Geral (1993), 21 mortos; Candelária (1993), oito mortos; Jacarezinho (2021), 28 mortos. Mas não só no Rio de Janeiro. Teve também o Carandiru (São Paulo, 1992), 111 mortos. Eldorado do Carajás (Pará, 1996), 19 mortos.

Um relatório da Human Rights Watch já apontava que mais de 8 mil pessoas foram mortas pela polícia no Estado do Rio de Janeiro em uma década - e que a maioria era composta por jovens negros em favelas. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o país registra mais de 6 mil mortes por intervenção policial por ano, quase sempre de homens jovens, negros e pobres.

Quando chefes de Estado, delegados e ativistas ambientais desembarcarem no Brasil, a partir da semana que vem, para a COP30, em Belém, encontrarão uma nação bem diferente do verde das fotografias institucionais. A dureza das cenas da Penha dá concretude aos relatórios de direitos humanos de um Estado que atua com violência massiva e seletiva. _

A história da infâmia

As imagens icônicas dos corpos perfilados na Penha remetem a outros morticínios na área da segurança pública brasileira. Em 1992, a invasão do Pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo (Carandiru) para conter rebelião deixou 111 mortos. Imagens marcantes: Corpos perfilados no chão do pavilhão e fotos aéreas do presídio com sangue e lençóis brancos entraram para a história da infâmia brasileira.

Um ano depois, um grupo de extermínio formado por policias militares protagonizaram a chacina de Vigário Geral, no Rio de Janeiro. Vinte e uma pessoas morreram. Foi um ato de retaliação após morte de quatro PMs. Caixões perfilados em ginásio e fotos aéreas do enterro coletivo viraram símbolos do luto comunitário. Foi o ápice do terror policial nos anos 1990. _

"Estamos horrorizados", afirma ONU em nota

com Vitor Netto

vitor.netto@rdgaucha.com.br

O Alto Comissariado dos Direitos Humanos das Nações Unidas publicou ontem uma nota condenando a operação policial que deixou pelo menos 130 mortos no Rio de Janeiro.

"Estamos horrorizados com a operação policial em andamento nas favelas do Rio de Janeiro, que supostamente já resultou na morte de mais de 60 pessoas, incluindo 4 policiais", diz o texto, contabilizando o total até a noite de segunda-feira. _

O que diz a imprensa internacional

O argentino La Nación destaca a operação na capa, com a manchete e atualização constante do número de mortos. "Moradores do Rio de Janeiro levam corpos para uma praça para identificar-los depois de operação contra o Comando Vermelho".

O El País, em sua versão para a América, destaca o furacão Melissa, mas apresenta a operação no Rio. A manchete é "mais de 50 corpos encontrados no Rio de Janeiro após operação contra o crime organizado".

Nos jornais dos Estados Unidos, o destaque é menor do que nos latino-americanos. O New York Times noticia a operação em espaço secundário na capa de Mundo. A manchete é "Pelo menos 64 mortos no Rio de Janeiro em repressão das autoridades às quadrilhas de traficantes".

Na capital do país, o The Washington Post escreve "Operação policial em favelas do Rio deixa pelo menos 64 mortos".

Os jornais europeus seguem a mesma linha dos americanos, sem dar destaque na capa, mas noticiando a partir do número de mortos. A BBC, do Reino Unido, atualiza feed de notícias ao vivo, com o título "Analisando confrontos extremamente mortais no Rio entre a polícia e uma gangue notória".

Também britânico, o The Guardian ressalta que a operação é a mais mortal do Rio de Janeiro. A manchete é "Brasil: ao menos 64 mortos no dia mais violento do Rio em meio a operações policiais nas favelas".

O francês Le Monde é outro a destacar a operação com mais mortes na história do Rio. "Nas favelas do Rio, a operação policial mais letal da história da cidade", diz a manchete do periódico.

Na Espanha, o El Mundo destaca os cadáveres encontrados e dispostos em uma praça ontem e cita o governo Lula no título. "Rio de Janeiro amanhece com dezenas de cadáveres em uma praça enquanto o governo Lula considera militarizar a cidade", escreve o jornal.

O italiano Corriere Della Sera traz cobertura com vídeos do Rio de Janeiro. O título é "Brasil, megaoperação contra narcotraficantes no Rio: ao menos 60 mortos e mais de 100 presos".

Na Alemanha, a televisão Tagesschau descreve o episódio como uma guerra. "Uma ?guerra? contra os cartéis - bem no coração do Rio", escreve a emissora.

*Colaborou Maria Clara Centeno

INFORME ESPECIAL

quarta-feira, 29 de outubro de 2025



29 de Outubro de 2025
ARTIGOS

Alzheimer: uma parte se vai, mas o amor fica - Paulo Paim - Senador (PT-RS)

Em 2020, apresentei o Projeto de Lei nº 4.364/2020, inspirado na sugestão do médico e professor da Feevale Leandro Minozzo, para criar a Política Nacional de Enfrentamento à Doença de Alzheimer e Outras Demências. O texto foi aprovado pelo Senado em 2021, seguiu para a Câmara e, em maio de 2024, foi aprovado em definitivo. No início de junho, o presidente Lula sancionou a Lei 14.878/2024.

A nova lei garante uma política nacional de cuidado integral às pessoas com Alzheimer e outras demências, via SUS. Define diretrizes de orientação, conscientização, diagnóstico precoce, assistência especializada e apoio às famílias. Para difundir o conteúdo, lançamos uma cartilha com informações práticas elaboradas pelo Ministério da Saúde, que pode ser acessada pelo link www.senadorpaim.com.br/publicacoes.

O Alzheimer é a principal causa de demência e um dos maiores desafios da saúde pública em razão do envelhecimento da população. Estima-se que 1,2 milhão de brasileiros convivam com a doença, com 100 mil novos casos por ano. Considerando todas as formas de demência, já são cerca de 2,7 milhões de pessoas no país. Esse número pode triplicar até 2050.

O grande desafio está no diagnóstico: até 95% dos casos não são identificados, dependendo da região. Isso decorre da falta de acesso ao sistema de saúde, do estigma e do desconhecimento dos sintomas. Entre 2000 e 2019, foram registrados mais de 211 mil óbitos por Alzheimer no Brasil. Em 2023, ocorreram mais de 2,1 mil internações relacionadas à doença, com uma taxa de mortalidade de 23%.

O Alzheimer transforma a vida, apaga lembranças, mas não apaga o amor. A despedida pode vir lentamente, mas o fio invisível do afeto continua unindo famílias e amigos. É como falam os poetas: "Uma parte de mim voa, como as andorinhas de verão. Outra parte, ?sei lá?. Mas algo fica em mim como solfejos de prata, permitindo-me amar sem tempo".

Por isso, precisamos fortalecer políticas públicas, ampliar a conscientização e apoiar quem enfrenta essa dura realidade. A Lei 14.878/2024 é uma conquista, mas ainda há muito a ser feito. _

Pior solidez fiscal do Brasil hoje. Alerta 2027 - Rodrigo Lorenzoni - Deputado estadual (PP)

O mais recente levantamento do Centro de Liderança Pública acende um sinal vermelho: o Rio Grande do Sul ocupa hoje a última posição no ranking de solidez fiscal entre todos os Estados do país. Esse dado, por si só, já preocupa. Mais ainda quando lembramos que o próprio governo estadual utiliza esse ranking para destacar indicadores positivos, o que reforça sua credibilidade.

No mesmo estudo, outro dado chama atenção: também somos o último colocado em investimento público. Isso revela um Estado fragilizado em seu ajuste fiscal e incapaz de aplicar recursos com eficiência em áreas estratégicas como infraestrutura e logística.

A partir de 2027, o RS voltará a pagar a dívida com a União e terá de cumprir obrigações legais importantes, como os investimentos mínimos em saúde e educação, conforme acordos com o Ministério Público, e enfrentar o fim da parcela de irredutibilidade do magistério. Isso colocará uma pressão enorme sobre o orçamento já no limite. E não há mais espaço para aumento de tributos.

A recuperação fiscal do RS exige mais do que aumento de receita: é urgente conter despesas. O atual governo prega austeridade, mas tem o maior número de secretarias em 20 anos e eleva os gastos com reestruturações que incham a máquina e aumentam a estrutura do Estado com mais CCs e FGs. É preciso retomar um processo sério de enxugamento e gestão eficiente.

A única saída sustentável no pilar da receita é impulsionar a economia, com investimentos reais em infraestrutura. Rodovias, hidrovias e ferrovias precisam sair do papel.

Infelizmente, os recursos do Fundo de Reconstrução (Funrigs) estão sendo usados em publicidade, bolsas e consultorias. Com o prazo do fundo se encerrando em 2027, há risco de gastos apressados e pouco eficazes.

Por isso, defendo, junto com outros parlamentares, a prorrogação do prazo dos investimentos do Funrigs. O futuro exige responsabilidade agora. Planejar não é adiar - é garantir resultados duradouros. 

ARTIGOS

29 de Outubro de 2025
MÁRIO CORSO

O real Bicho Papão

Em março, Summer Bushman sofreu com o suicídio de sua filha de 10 anos. Seis meses depois, trocou sua dor pela militância - pede para que tiremos o celular dos filhos à noite. Sua menina era cheia de energia, líder de torcida, mas, por causa do aparelho ortodôntico, sofreu bullying. Os registros mostram que estava on-line momentos antes de morrer.

Além do conselho dessa mãe, sabemos que o período entre ir dormir e a madrugada é o turno mais perigoso. Dois de cada três casos de suicídio acontecem nesse horário, e três a cada quatro estavam no celular antes do ato.

Um incidente do mês passado em Esteio (RS), veio a público agora. Dois adolescentes, de 13 e 14 anos, de uma escola particular, criaram imagens pornográficas com ajuda de IA. Para tanto, usaram fotos de seis meninas. Quatro delas são colegas de turma dos dois supostos autores. A polícia cumpriu mandados nas casas dos suspeitos para descobrir se existem mais envolvidos.

Semana passada, em Santo André (SP), prenderam o influencer João Paulo Manoel, de 45 anos. Também conhecido como Capitão Hunter, produz conteúdo voltado ao universo Pokémon e tem 1 milhão de seguidores. É acusado de trocar figurinhas raras por imagens íntimas de menores.

Uma vítima já foi identificada, trata-se de uma menina de 13 anos, quando começaram a se corresponder ela tinha 11. Levou dois anos para a família dar-se conta do abuso. No caso dela, além de pedir nudes, enviou imagens inapropriadas de seu corpo.

Os três casos que trouxe fiquei sabendo na semana passada. Infelizmente, todas as semanas têm sido assim. Acreditem: hoje, o lugar mais perigoso para os jovens é a internet. Os pais podem não controlar agressões externas, mas podem controlar o acesso à rede de seus filhos.

Entre os casos, calhou de ter um pedófilo, mas a maioria dos problemas acontecem entre os pares. A crueldade é a arma dos fracos, das almas pequenas. Assim podem ser, sob certas circunstâncias, as crianças e os adolescentes, por isso o bullying deles é tão virulento. Mantenham seus filhos longe das redes, e quando não for possível, algum adulto deve supervisionar. Nessa idade, não se trata de invasão de privacidade, mas de cuidado. 

MÁRIO CORSO

29 de Outubro de 2025
OPINIÃO RBS

A escolha dos argentinos

Os argentinos foram às urnas no domingo para a eleição legislativa de meio de mandato e deram a vitória ao partido A Liberdade Avança, do presidente Javier Milei. O resultado reflete a rejeição ao populismo peronista, a busca por evitar um colapso financeiro imediato com uma derrota que inviabilizaria o governo e a manutenção da esperança de que o ultraliberal ainda seria capaz de tirar o país do ciclo infindável de crises com a sua agenda de cortes radicais de gastos públicos e reformas profundas.

Ninguém sente mais as dores da Argentina do que a própria população. Sopesados os prós e contras, a escolha do eleitor foi por dar uma nova chance ao governo. Isso a despeito da continuidade das incertezas econômicas, do ajuste fiscal recessivo e com severos impactos sociais, das denúncias de corrupção que rondam o núcleo do poder e do estilo pessoal agressivo de Milei. Restou claro que, em primeiro lugar, a eleição expressou o temor pela volta do passado recente de descontrole das contas públicas e hiperinflação legado pelo peronismo. Junto à percepção de que ainda valeria a pena o sacrifício de suportar uma série de medidas impopulares para manter a fé na estabilização do país.

O desfecho da eleição garante ao menos que a gestão do libertário não terá mais seus vetos derrubados no Congresso, o que assegura algum fôlego político para os próximos dois anos. Essa condição foi obtida pelo resultado combinado da agremiação de Milei com a do PRO, sigla liderada pelo ex-presidente Maurício Macri, aliado do governo. Juntos, passam a ter mais de um terço da Câmara e do Senado. Mas ainda será preciso compor com outras forças para garantir uma governabilidade mais sólida, que permita aprovar as reformas que promete, como a trabalhista, a previdenciária e a tributária. Para isso, Milei terá de ser menos histriônico e mais propenso ao diálogo com os partidos.

A despeito da dureza que segue na vida dos argentinos, há indicadores que mostram avanços. A inflação, que em 2023 fechou em 211%, vai encerrar 2025 ao redor dos 30%. Em 2024, houve o primeiro superávit orçamentário em mais de uma década. O PIB deve subir algo próximo de 5%. A pobreza, depois de subir, retrocedeu.

Ainda assim, Milei tem um desafio considerável à frente, que, se não for bem administrado, pode levar a Argentina a ter mais uma fracasso. O governo insiste no mesmo erro do passado de tentar segurar a inflação controlando artificialmente o câmbio. Isso incentiva importações, tira a competitividade das exportações e faz as reservas em dólar secarem. É sangue na água para os especuladores. A linha de swap de US$ 20 bilhões dos EUA é apenas um paliativo. A dificuldade é encontrar uma saída para flexibilizar o câmbio sem que os preços disparem.

Por ser identificado como de extrema direita e pela postura belicosa, Milei desperta paixões e aversões do lado de cá da fronteira. Mas deve-se levar em conta, em primeiro lugar, que é benéfico ter a nação vizinha, com um mercado do tamanho do de São Paulo, restabelecida. É, por exemplo, um dos principais destinos de bens industriais do país e do Estado e origem de um enorme contingente de turistas. Uma Argentina recomposta também fará bem ao Brasil. 

OPINIÃO RBS


29 DE OUTUBRO DE 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Custos previsíveis da negociação do tarifaço

Os Estados Unidos assinaram ontem com o Japão um acordo que envolve terras raras. É o quinto acerto com países asiáticos feito na viagem de Donald Trump ao continente. Dá uma ideia do custo que podem significar para o Brasil as negociações para alívio no tarifaço.

O abastecimento de terras raras processadas se tornou a obsessão número 1 de Trump depois que a China ameaçou parar de fornecer. O gigante asiático concentra mais da metade do processamento desses 17 minerais que exigem tecnologia para extração e preparação para uso. O Japão é outro raro país que processa.

Como o Brasil tem a segunda maior reserva identificada de terras raras no planeta, será tema incontornável, mas não o único. Outro complexo e previsível é o da regulação das big techs. Embora já tenha rompido de forma ruidosa com um deles - seu ex-assessor Elon Musk -, Trump teve na sua posse quase todos os donos dessas empresas que redefiniram a hegemonia americana.

Big techs na mira do USTR

O Brasil tem medida provisória em vigor com previsão de monitoramento de barreiras à concorrência que causaram multas milionárias às big techs na União Europeia. E está na investigação em curso do Representante de Comércio dos EUA (USTR na sigla em inglês), cujo titular, Jamieson Greer, participou da reunião de Trump com Lula e da primeira rodada técnica entre os dois países, no dia 27.

Um ponto menos delicado, mas que também pode virar custo, envolve as tarifas na entrada de produtos americanos no Brasil. Nesse capítulo, são considerados estratégicos para os americanos automóveis, máquinas e eletroeletrônicos, além do etanol, que enfrenta aqui alíquota de 18% enquanto lá era de 2,5% até o tarifaço.

Conforme a Organização Mundial do Comércio (OMC), a tarifa média aplicada pelo Brasil na importação de produtos americanos é de 5,5%. Sobre os produtos agrícolas, é quase o dobro: 9,3%. A ambição brasileira é fazer uma nova rodada técnica na próxima semana, para acelerar um acordo que poderia ser anunciado durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Washington. Vai ter muita conta para fazer. _

Estudo aponta setores com potencial lá fora

Com boa parte das vendas gaúchas ao Exterior afetada pelo tarifaço dos Estados Unidos, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) fez um estudo chamado Oportunidades de Exportação e Investimentos - RS. É destinado a apoiar os Estados nos esforços de conquista de mercados e atração de investimentos estrangeiros.

Além de confirmar que a China (26,2%) é o maior comprador, traz a informação de que o RS depende menos dos Estados Unidos (8,4%) do que a média nacional, ao redor de 12% antes do imposto de 50% que afetou várias mercadorias. É mais afetado, mas em proporção menor de comércio.

O mapa aponta 11.327 oportunidades em 169 setores, com destaque para máquinas agrícolas, ferramentas para uso manual ou em máquinas, calçados, farelos de soja, carnes de aves e celulose. Os mercados mais promissores incluem países da América do Sul, como Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, Peru, Bolívia, além de Guatemala e Angola.

Em 2024, o RS se consolidou como segundo maior exportador da Região Sul e sétimo no Brasil, com US$ 21,9 bilhões. O estudo identifica setores com boa estrutura produtiva local, mas baixa inserção internacional. Entre os que podem prospectar clientes no Exterior, cita artefatos de concreto, vidro, defensivos agrícolas e artigos de malharia/tricotagem, que combinam capacidade de oferta e potencial de geração de emprego e renda. _

US$ 77,3 bi

foi o valor de mercado (preço da ação multiplicado pela quantidade) que o Nubank alcançou ontem. Ultrapassou Petrobras, por décadas, a empresa mais valiosa do Brasil. Equivale a R$ 414,5 bilhões pelo câmbio atual. Nubank tem ações na Bolsa de Nova York (Nyse) desde dezembro de 2021. E sua cotação subiu desde que anunciou intenção de abrir um banco nos EUA, tarefa a cargo de Roberto Campos Neto, ex-presidente do BC e, desde julho, vice-presidente do conselho de administração da ainda fintech.

carro na tomada

Em parceria com a Lojas Lebes, a Esquina do Futuro vai abrir mais cinco unidades de carregamento elétrico no RS. Os novos eletropostos já estão prontos em Santa Maria (Avenida Pref. Evandro Behr, 6.745, bairro Camobi) e Lajeado (Avenida Benjamin Constant, 1.320). E serão instalados em novembro em Rolante, Caxias do Sul e Eldorado do Sul. A aliança faz parte de um projeto de R$ 10 milhões, unindo o Chuí a Torres em malha elétrica.

Quatro licenças para buscar petróleo na Bacia de Pelotas

Dos cinco processos de licenciamento ambiental em tramitação para explorar petróleo na Bacia de Pelotas, quatro avançaram após parecer favorável do Ibama. Como as autorizações são para pesquisa sísmica 3D, ainda não haverá perfuração, só estudo sofisticado do solo.

A TGS, que tem escritórios na Noruega e nos Estados Unidos, é responsável por duas licenças. A francesa Viridien vai operar as outras duas. Os planos de atividade estão sendo definidos.

Pelo cronograma inicial, todos os estudos devem ocorrer a uma distância de ao menos 96 quilômetros da costa, em profundidades que variam de 200 a 4 mil metros. Duas das quatro licenças com parecer favorável - uma da TGS e outra da Viridien - autorizam operação na parte sul da Bacia de Pelotas, em território gaúcho. A Bacia de Pelotas se estende do litoral sul catarinense até perto de Cabo Polônio, no Uruguai.

As primeiras empresas a obterem licença para pesquisa sísmica 3D na Bacia de Pelotas foram Shearwater e Searcher Seismic, que haviam informado, em junho do ano passado, ter iniciado a atividade. Após uma pausa, vão retomar na segunda quinzena de novembro - ou seja, dentro de pouco mais de 15 dias.

O Ibama afirma que ainda há outro processo de licenciamento ambiental em avaliação na Bacia de Pelotas, para a empresa SLB WesternGeco. Por necessidade de "aprofundamento por parte da equipe técnica", a concessão segue em análise. A licença, segundo o cronograma inicial, seria para pesquisa sísmica 3D em área no litoral gaúcho.

O que é pesquisa sísmica

GPS DA ECONOMIA

Depois de Ucrânia e Irã, os drones na guerra do Rio

O uso de drones pelos criminosos no enfrentamento à polícia, no Rio de Janeiro, ontem, lembra o modus operandi de guerras como na Ucrânia e no Oriente Médio.

Os veículos aéreos não tripulados (Vants), nome técnico dos drones, têm modificado a dinâmica dos conflitos armados. Sua produção é muito mais barata do que um míssil, por exemplo. Além disso, podem ser operados a quilômetros do front, não expondo o combatente ao risco. São comprados sem grandes restrições. Seu manuseio é relativamente fácil, podendo ser manobrado por qualquer pessoa com pouco treino técnico.

Assim, depois de se tornar a arma preferida das guerras contemporâneas, sendo utilizado em conflitos entre dois Estados - caso de Rússia e Ucrânia ou pelo Irã contra Israel -, são também, cada vez mais, utilizados por grupos paraestatais, sejam terroristas ou criminosos.

Há diferenças, claro, no tipo de uso dos equipamentos. A Rússia costuma jogar seus drones suicidas, os Shahed (de fabricação iraniana), contra os alvos. Não são rápidos ou de alta tecnologia, mas são baratos e suficientes para o Kremlin lançar mais de 700 em uma noite e, assim, sobrecarregar as defesas antiaéreas da Ucrânia. O Irã também os utiliza assim. Você deve lembrar daquele enxame de mais de 400 drones lançados contra Israel no conflito de 12 dias, em junho.

No caso dos traficantes, são drones comerciais, de modelos populares, leves e fáceis de pilotar. Já têm sido utilizados há anos para reconhecimento e para o lançamento de pacotes, com drogas ou celulares, em presídios. Mas, de uns tempos para cá, passaram a ser usados em confrontos: adaptados para que o dispenser (dispensador) seja capaz de lançar explosivos. Outros modelos, mais caros, como os FPV, usados em corridas, são customizados para aumentar o alcance, a velocidade em operações em que há necessidade de furtividade e manobralidade.

Há uma mudança de paradigma, e a ação desta terça-feira no Rio marca uma nova escalada do poder bélico das facções. Sem dúvida, assim como os drones desafiam forças armadas de Israel e países da Otan, sua implementação pelos bandidos desafia, cada vez mais, as organizações policiais. _

Hora dourada em Valência

Cinco garotos do programa Partiu Futuro Reconstrução, responsável pela formação teórica dos jovens aprendizes, que foram atingidos pelas enchentes no ano passado, retornaram ontem da Espanha com as mentes cheias de histórias para contar. Moradores de Porto Alegre e Canoas, eles foram selecionados pelo desempenho escolar e engajamento no projeto. Passaram oito dias em Barcelona e Valência para compartilhar experiências de reconstrução climática e social. Um dos jovens protagonizou uma cena bacana:

De dentro da Cidade das Artes e das Ciências, em Valência, Lukas Scheibler Kalkmann, 15 anos, teve sua primeira vivência com um piano clássico. Autodidata, ele aprendeu a tocar teclado assistindo a vídeos na internet.

- Estou muito feliz e emocionado com essa experiência - contou.

Ele escolheu para tocar Golden Hour, de JVKE.

O Partiu Futuro Reconstrução é um programa do governo do Rio Grande do Sul, em parceria com o Ecossistema Demà. _

Cores após a tormenta

O cinza do concreto urbano começa a ganhar novas cores em São Leopoldo com uma galeria a céu aberto no bairro Rio dos Sinos. Os artistas Silvio Pedroso e Vitória Severo pintaram dois murais nos pilares da linha elevada da Trensurb localizada no trecho, entre a ponte da avenida Mauá e Estação Rio dos Sinos. O casal trabalha com a técnica do muralismo.

O pilar onde iniciou a pintura, além de ter as marcas da enchente de 2024, é o mesmo de onde foram retiradas as primeiras pessoas em situação de rua na Operação Resgate.

- No início da operação, em janeiro, eram 379 pessoas em situação de rua em São Leopoldo, hoje são 51. Esse é um local tão significativo para nossa cidade, que estamos buscando dar uma nova imagem carregada de muito significado - afirma a secretária de Assistência Social, Simone Dutra. _

Contra o discurso de ódio

Em missão na Espanha, o deputado estadual Leonel Radde (PT) se reuniu com o diretor de Relações Exteriores da Federação Nacional de Lésbicas, Gays, Trans, Bissexuais, Intersexo e mais (FELGTBI+), Óscar Rodrigues Fernandes. A ONG representa mais de 50 associações, que, entre outros objetivos, enfrentam o discurso de ódio contra essa comunidade. Radde convidou o diretor para a 1a Conferência Internacional Antifascista, prevista para março de 2026, em Porto Alegre. _

Boa notícia

Professores e alunos do curso de Ciência da Computação da Atitus Educação, instituição de Ensino Superior gaúcha, foram selecionados pelo Tribunal Superior Eleitoral para participar do Teste Público de Segurança (TPS) das Urnas Eletrônicas - edição 2025. Eles estiveram na primeira fase do processo, a Inspeção dos Códigos-Fonte, em que especialistas de todo o Brasil analisam o funcionamento interno dos sistemas da urna eletrônica, da totalização de votos e de outros componentes críticos da infraestrutura eleitoral. Essa é uma das iniciativas mais importantes de transparência e inovação tecnológica do país. O teste público da urna é realizado a cada dois anos, sempre no anterior às eleições.

Direito de pergunta: como anda a imagem do Brasil lá fora, às vésperas da COP30, depois do conflito de ontem entre a polícia e traficantes no Rio?

INFORME ESPECIAL